Inúmeras têm sido as vezes em que representantes da Organização das Testemunhas de Jeová têm vindo a público acusar os chamados "apóstatas" de espalharem mentiras e dizerem meias-verdades, que tendem a incriminar ou a "lançar vitupério sobre Jeová e a sua Organização". Entre as muitas calúnias que as Testemunhas de Jeová apontam como sendo "mentira de apóstatas", é a acusação de que ao longo dos anos a Organização tem tornado as congregações um "paraíso de pedófilos", devido às políticas organizacionais que protegem um suposto abusador quando acusado em detrimento da vítima. Desde a exigência de 2 testemunhas para confirmar cada abuso, até ao confronto pessoal da vítima e abusador, passando pela recusa de denunciar e colaborar com as autoridades na investigação de tais casos, a Organização implementou verdadeiras barreiras processuais que acabam por impedir que se faça justiça e o criminoso seja punido. Isto tem levado a que supostos abusadores ou até mesmo abusadores referenciados pelos anciãos mas perdoados pelas Comissões Judicativas, continuem a perpetuar o seu ciclo destrutivo de abusos a crianças e adolescentes inocentes e ingénuos. Em vez de tomar uma postura decisiva em mudar os processos devido aos sucessivos escândalos judiciais que nos últimos tempos têm abalado a reputação da Organização, onde até mesmo milhões de dólares têm vindo a ser pagos às vítimas de abuso sexual, o Corpo Governante tem tomado uma postura defensiva sempre alegando que tudo fazem para proteger as vítimas de abuso e que é totalmente mentira que a Organização encubra tais abusos ou os proteja de algum modo do conhecimento público (autoridades). Foi isso que há poucos meses Stephen Lett, membro do Corpo Governante disse quando declarou na tv.jw.org que aqueles que afirmam que a Organização é permissiva no caso de abusos sexuais a menores são apóstatas mentirosos. Revejam a sua declaração. No mês de Julho de 2015, Anthony Morris voltou a reforçar a idéia de que a Organização das Testemunhas de Jeová mantinha há já muitos anos uma posição firme contra o abuso sexual de menores ao dizer, entre várias coisas: Ver vídeo aqui "Como organização religiosa, nossa determinação é manter uma firme posição contra essa conduta. Estamos decididos a proteger as crianças de qualquer tipo de abuso." "Nossa posição como organização é que toda a possível vítima ou seus pais nunca devem ser desincentivados de relatar o acontecido às autoridades competentes." "É evidente que por décadas, proteger as crianças de abuso tem sido prioridade desta organização. Temos orgulho de nossa reputação neste respeito". É perfeitamente natural que, para uma Testemunha de Jeová que é leal à Organização religiosa que considera como sendo o "porta-voz de Deus na Terra", estas declarações sirvam como prova ou evidência por si mesmas de que é realmente um facto de que a Organização tem estado na vanguarda da protecção das suas crianças nas congregações. Mas se repararmos bem nas declarações, elas são em si mesmas vazias e sem substância, pois a única prova do que é afirmado são publicações editadas pela Torre de Vigia que abordam o assunto do abuso sexual de menores e muitas vezes apontando armas a pretensos inimigos como sendo os verdadeiros culpados dos abusos sexuais de menores, tais como os homossexuais, mas nunca demonstrando que tais abusadores existem entre as Testemunhas de Jeová. Foi assim com respeito a este vídeo (já discutido aqui). Mas na prática, aquilo que tem vindo a público é que a Organização das Testemunhas de Jeová tem encoberto e dificultado o processo de acusação de supostos abusadores. Isto não é mentira de "apóstatas" como iremos ver de seguida! Na Comissão Real Australiana que investiga abusos sexuais de menores em instituições religiosas e seculares, várias vítimas de abusos sexuais dentro das congregações das Testemunhas de Jeová vieram perante esta contar seus casos. De todos esses, alguns poucos foram escolhidos e apresentados como exemplo, tendo sido convocados os anciãos que estiveram envolvidos nesses processos, assim como representantes da Filial e inclusive uma perita em abuso sexual contratada pela Organização para apresentar as suas conclusões positivas sobre a forma como a Organização lidava com tais problemas. A Dra. Applewhite demonstrou ser uma fraca defensora da política organizacional com respeito a lidar com abusos sexuais de menores, tendo sido exposto ao longo do seu inquérito que as suas conclusões apenas se baseavam na literatura da Organização sobre o assunto e não sobre o processo que efetivamente era posto em curso por esta, aquando da inquirição de uma denúncia de abuso sexual. Mais uma vez a posição da Organização neste respeito saiu fragilizada. Para culminar todos os depoimentos, o membro do Corpo Governante Geoffrey Jackson foi intimado a comparecer perante a Comissão, o que acabou por fazer apenas por vídeo-conferência (conforme analisado aqui). Entre as várias afirmações que fez, vamos destacar a que interessa para o tópico deste artigo. Conforme vimos acima, as declarações anteriores da Organização através dos representantes da Organização, incluindo membros do Corpo Governante, foram de que não existem problemas de abuso sexual dentro da Organização religiosa das Testemunhas de Jeová, porque esta tem uma postura firme e diferente das demais religiões com respeito a este assunto. Afinal os "apóstatas" é que inventaram tais acusações, distorcendo a verdade e criando a idéia de que a Organização não tem lidado bem com este assunto, até mesmo encobrindo tais casos. No entanto ao ser interrogado, Geoffrey Jackson sob juramento prestou declarações no sentido oposto, tendo que humildemente admitir que tais problemas existem dentro da Organização e que a forma dela lidar com tais assuntos precisa ser melhorada. Mas afirmou ainda mais... vejam o vídeo! Notaram que quando o Conselheiro Sénior da Comissão, Angus Stewart lhe perguntou: "Então você discordaria com todo aquele que afirma que os esforços de realçar e lidar com abuso sexual de crianças na Igreja das Testemunhas de Jeová está envolvido em mentiras apóstatas." Geoffrey Jackson teve que admitir: "Eu penso que é uma pergunta abrangente, porque algumas vezes aqueles que fazem essas acusações fazem muitas outras acusações também. Mas deixe-me garantir... a pessoa que faz as acusações não é o principal, o principal é se existe base para as acusações." "E se existe modo de melhorar de alguma maneira, o Corpo Governante está sempre interessado em ver como podemos refinar as nossas políticas." Embora não tenha usado uma resposta direta do estilo Sim/Não, Geoffrey Jackson teve que aceitar que tais acusações dirigidas à forma como a Organização lida com os abusos sexuais de menores não são mentiras de apóstatas, mas têm real base para serem feitas. Ele até mesmo expressou o interesse de que as políticas poderiam melhorar. Este excerto, vem por isso anular as falsas acusações lançadas durante anos e anos contra os chamados "apóstatas", que de modo persistente têm apontado falhas nos processos da Organização em lidar com casos de abuso sexual de menores. Mais uma vez, esta Comissão Australiana demonstrou as fragilidades nos argumentos usados pelo Corpo Governante, acima mencionados. A questão que se levanta então é: Afinal quem andou a mentir todos estes anos? Foram os "apóstatas" ou o Corpo Governante? Vocês decidem! Por, Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Carlos Fernandes (Fb), Portugal (Lisboa Esta notícia foi originalmente publicada aqui.
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