Carta de um pai ex-Testemunha de Jeová para seu filho Testemunha de Jeová

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Meu querido filho:

Estou-lhe escrevendo para expressar meu amor por você e o orgulho que sinto pelo homem que você se tornou. Você precisa saber que eu aceito-te e amo-te muito só por quem você é e eu estou imensamente orgulhoso das escolhas sábias que você fez em relação à sua educação e sua carreira.

Enquanto escrevo esta carta sincera, oro para que você a leia completamente e lhe dê a devida consideração. Agora você é um homem adulto com uma mente própria para decidir o que deseja fazer com o resto da vida, independentemente do que qualquer outra pessoa possa pensar ou dizer. Você tem em suas mãos o completo controle sobre as escolhas que você faz deste ponto em diante e ninguém tem o direito de exercer qualquer autoridade sobre você, a menos que você de bom grado dê a elas esse direito. Se for realmente sua decisão dar a outros tal autoridade sobre você, eu respeitarei sua decisão. Mas eu preciso estar satisfeito de que tal seja realmente sua decisão.

Meu querido filho, se eu lhe perguntasse que evidência você viu com seus próprios olhos, que a religião que foi escolhida para você e que você abraçou sob coerção é realmente a verdade, como lhe foi dito, você não poderia mostrar-me nem uma pequena evidência. Eu sei disso e sei que você sabe disso. No entanto, posso mostrar evidências sólidas e irrefutáveis ​​de que isso não é a verdade. Você foi enganado, assim como eu fui enganado pela maior parte da minha vida. A diferença é que me permiti ser enganado, como explicarei mais adiante. É a sua fé no que você foi coagido a acreditar forte o suficiente, inabalável o suficiente para se arriscar a considerar a evidência que eu quero lhe mostrar?

A evidência de que falo não é de fontes apóstatas, mas sim das publicações da Torre de Vigia e da Bíblia. Veja, foi-nos ensinado cuidadosamente umas boas novas falsas. As boas novas que aprendemos e pregamos como Testemunhas de Jeová não são as boas novas que Jesus e os cristãos do primeiro século pregaram. A interpretação das Escrituras pela Torre de Vigia foi completamente exposta e desacreditada por seus próprios escritos publicados, por suas ações documentadas e por suas políticas organizacionais. Jesus disse aos falsos mestres religiosos de sua época: “Por vossas palavras sereis condenados.” (Mat. 12:37) Essas palavras de Jesus foram cumpridas no caso da Sociedade Torre de Vigia. A luz expôs a escuridão da religião em que fui criado e na qual te criei.

As Testemunhas de Jeová aprendem que é responsabilidade dada por Deus de expor o erro religioso e a hipocrisia onde quer que seja encontrado. Na verdade, a salvação eterna depende de alguém fazer isso, de acordo com a interpretação de Ezequiel 3: 17-21 pela Torre de Vigia. No entanto, qualquer Testemunha de Jeová que aponte os ensinamentos errados da Torre de Vigia é banida, desassociada como apóstata e ostracizada. A Torre de Vigia tem uma longa história de desassociação de cristãos sinceros que apontam os ensinamentos defeituosos da Torre de Vigia, e então mudando e abraçando o ponto de vista daquele que foi desassociado. Por exemplo, em 1980, Edward Dunlap, secretário e professor da Escola de Gileade da Torre de Vigia, sugeriu numa conversa particular com dois membros do corpo governante que lhe parecia que o corpo governante era o escravo fiel e discreto. Por expressar privadamente esse ponto de vista, que contradizia o ensino da Torre de Vigia naquela época, Dunlap foi desassociado como apóstata. Como você bem sabe, o corpo governante das Testemunhas de Jeová declarou-se como sendo o escravo fiel e discreto, o que é exatamente a razão pela qual Ed Dunlap foi desassociado, por sugerir isso numa conversa particular.

A minha primeira percepção de que a Sociedade Torre de Vigia não estava ensinando a verdade da Bíblia foi em 1982, e foi uma experiência emocionalmente traumática para mim, cujo grau seria revelado a mim por um terapeuta cerca de 20 anos depois. Sabendo o que resultaria do questionamento dos ensinamentos da Torre de Vigia, tomei uma decisão consciente de simplesmente ficar inativo como TJ, ou de enfiar a cabeça na areia, por assim dizer. Naquela época, eu não tinha como saber os efeitos psicológicos prejudiciais que tal decisão teria sobre o resto da minha vida. Entretanto, agora que aprendi os efeitos psicológicos prejudiciais de escolher acreditar e proclamar como algo verdadeiro o que eu sabia que não era verdade, não posso viver comigo mesmo se não o advertir sobre o que aprendi da maneira mais difícil. Posso ajudá-lo a evitar os erros que descobri apenas depois de ter desperdiçado os melhores anos da minha vida. Se, depois de considerar esta carta, você decidir tomar a mesma decisão que eu fiz para permanecer numa religião falsa, eu vou respeitar para sempre a sua decisão, e se você desejar, nunca mais entrarei em contato com você. Deixe-me começar compartilhando uma visão geral das profecias fracassadas da Torre de Vigia.

Começando em 1879, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados começou a pregar que a segunda vinda de Cristo havia ocorrido de forma invisível em 1874; que Cristo começou a governar no céu em 1878; e que o reino de Deus destruiria todos os governos humanos e todas as religiões em 1914, resultando no restabelecimento das condições do paraíso na Terra. O fundador e primeiro presidente da Torre de Vigia, Charles Taze Russell, morreu em 1916, sabendo que sua profecia de 1914 falhara miseravelmente.

Em 1918, o segundo presidente da Torre de Vigia, Joseph F. Rutherford, começou a pregar: “Milhões que Agora Vivem Jamais Morrerão”. Segundo Rutherford, o fim que não ocorreu em 1914 ocorreria em 1925, e homens fiéis da antiguidade, incluindo Abraão, Isaque e Jacó ressuscitariam e começariam a governar como príncipes do reino de Deus na terra. A profecia de 1925 de Rutherford fracassou tão miseravelmente quanto a profecia de Russell em 1914.

Não intimidado pela realidade, Rutherford ordenou a construção de uma mansão em San Diego – ostensivamente para abrigar Abraão, Isaque, Jacó e outros ressuscitados – e nomeou-a Beth Sarim, que significa “casa dos príncipes”. Rutherford fez pleno uso da mansão, bem como de dois automóveis de 16 cilindros [cadillacs] durante toda a Grande Depressão e até sua morte em 1942.

Em relação a esta mansão ostentosa (construída e paga com doações de fundos da Torre de Vigia), a página 76 do livro Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus diz: “Naquela época, acreditava-se que os homens fiéis da antiguidade […] seriam ressuscitados…”. Falha em mencionar que acreditou-se porque foi proclamado como uma certeza por Rutherford nas publicações da Torre de Vigia. Em vez de responsabilizar Rutherford por tal profecia fracassada, a Torre de Vigia de 15 de novembro de 1955 afirmou que “Jeová fez com que fosse pregada desde 1918 a surpreendente mensagem pública: 'Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão'.” Pode imaginar a Torre de Vigia culpando Deus pela profecia fracassada de Rutherford?

O provérbio que “aqueles que esquecem o passado estão fadados a repeti-lo” parece apropriado em vista das esperanças sobre a vinda do fim em 1975, que foram construídas nos corações das Testemunhas de Jeová, que sinceramente viam a Sociedade Torre de Vigia como representantes na terra, escolhidos a dedo por Jesus. As profecias falhadas da Torre de Vigia referentes a 1914 e 1925 foram proclamadas com a mesma certeza que as seguintes declarações publicadas em 1969, quando eu tinha 17 anos:

* “*“Se é jovem, também precisa encarar o fato de que jamais se tornará velho no atual sistema de coisas. Por que não? Porque toda evidência em cumprimento da profecia bíblica indica que este corrupto sistema de coisas deverá terminar dentro de poucos anos. Acerca da geração que observou o início dos 'últimos dias' em 1914, Jesus predisse: “esta geração de modo algum passará até que todas estas coisas ocorram”. (Mat. 24:34)

“Por conseguinte, como jovem, jamais cumprirá qualquer carreira que este sistema ofereça. Se está no ginásio e pensa em obter instrução universitária, isso significará pelo menos quatro, talvez até seis ou oito anos mais a fim de formar-se numa carreira especializada. Mas, onde estará este sistema de coisas naquele tempo? Já estará caminhando bem para o seu fim, se já não tiver desaparecido!”

“É por isso que os pais que baseiam suas vidas na Palavra profética de Deus acham muito mais prático direcionar seus filhos para negócios que não requerem longos períodos de escolaridade adicional. E negócios como carpintaria, canalização e outros, serão úteis não apenas agora, mas talvez ainda mais no trabalho de reconstrução que acontecerá na nova ordem de Deus." (Despertai!, 22 de maio de 1969, pág.15)

Eu tinha 17 anos quando a profecia da Torre de Vigia foi publicada. Enquanto escrevo isto, tenho 67 anos de idade. Foi-me prometido que eu nunca envelheceria neste sistema de coisas, mas eu tenho envelhecido.

Aproximando-se de 1975, a Sentinela de 1º de abril de 1972 publicou um artigo intitulado “Eles saberão que havia um profeta entre eles”, que dizia: “Então, Jeová tem um profeta para ajudá-los, para adverti-los sobre os perigos e para declarar as coisas por vir? Essas questões podem ser respondidas afirmativamente. Quem é esse profeta?... Esse profeta não era um homem, mas um corpo de homens e mulheres. Foi o pequeno grupo de seguidores de Jesus Cristo, conhecido naquela época como Estudantes Internacionais da Bíblia. Hoje eles são conhecidos como testemunhas cristãs de Jeová.” Contudo, as Testemunhas de Jeová não podem apontar para uma única profecia da Torre de Vigia que já se tornou realidade.

O que a Bíblia diz sobre profetas cujas profecias não se cumprem?

“Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei… terá que ser morto. …Se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir…aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele.” (Deuteronômio 18: 20-22)

Em vez de admitir que tais profecias falharam, as Testemunhas de Jeová dizem que a luz simplesmente ficou mais brilhante. Mas o registro mostra que as Testemunhas de Jeová são sempre as últimas a receber a chamada "nova luz".

Exemplo #1: O fundador da Torre de Vigia, Charles Taze Russell, desprezava a religião organizada e pregava que tudo o que alguém precisava para servir a Deus era a Bíblia e Jesus Cristo. Após a morte de Russell, a chamada “nova luz” levou Joseph Rutherford a perceber os benefícios financeiros das religiões, e ele começou a dar maior ênfase à organização, alegando que essa era a única religião verdadeira.

Exemplo #2: A Despertai! de 8 de janeiro de 1947 destacou o artigo “Você Também Está Excomungado?” Ele denunciou a doutrina de excomunhão da hierarquia católica, dizendo que “não encontra apoio nessas Escrituras”, que “é completamente estranho aos ensinos da Bíblia”, e que isso era de origem pagã. Afirmou que “à medida que as pretensões da Hierarquia aumentavam, a arma de excomunhão tornou-se o instrumento pelo qual o clero alcançou uma combinação de poder eclesiástico e tirania secular que não encontra paralelo na história”.

No entanto, apenas cinco anos depois, uma “nova luz” levou a Torre de Vigia a abraçar uma forma mais severa de excomunhão chamada desassociação. A excomunhão limitava a comunhão espiritual com membros da família e outros, enquanto a desassociação na verdade, rompe os laços familiares, já que a Torre de Vigia exige o ostracismo dos membros da família que deixam a religião por razões conscienciosas, como ensinos e práticas não-bíblicas da Torre de Vigia.

Exemplo #3: O artigo de estudo, “Seu Refúgio - Uma Mentira!” Na Sentinela de 1 de junho de 1991, parágrafos 1, 10, e 11, denunciou como religiões apóstatas as que foram credenciadas às Nações Unidas como organizações não-governamentais ( ONG). Contudo, antes do final de 1991, a Torre de Vigia também havia-se credenciado à ONU como uma ONG. As ONGs eram obrigadas a servir como agentes de publicidade para a ONU, publicando artigos todos os anos, delineando as metas e conquistas da ONU. A Torre de Vigia ofereceu-se para servir nessa função e, nos dez anos seguintes, publicou artigos todos os anos que, para muitos leitores, pareciam favoráveis ​​à ONU. A Torre de Vigia reaplicou a cada ano para servir como uma ONG, apesar do fato de ter denunciado como outras religiões apóstatas que o fizeram. Isso é o que é chamado de duplo critério. (Quando o jornal The Guardian expôs a aliança hipócrita em outubro de 2001, a Torre de Vigia imediatamente retirou sua participação na ONU e tentou encobri-lo. Veja a página do Facebook, “Jehovah’s Witnesses & the United Nations”). [ver aqui uma explicação em português]

Exemplo #4: A Torre de Vigia sempre se gabou de que não há classes de clérigos entre as Testemunhas de Jeová. Meu pai testemunhou regularmente os prisioneiros na prisão de Tarrant County em Fort Worth. Em uma ocasião, um novo recluso se aproximou do meu pai e perguntou se ele era um clérigo. Sabendo o que o homem queria dizer, meu pai respondeu que sim. O servo ministerial que acompanhava meu pai relatou essa conversa aos anciãos locais, e meu pai recebeu uma repreensão escrita da sede mundial da Torre de Vigia dizendo que, ao identificar-se como um clérigo, estava-se tornando parte da cristandade. Apenas no ano passado, em um processo judicial envolvendo o tratamento de abuso sexual infantil denunciado pela Torre de Vigia dentro de suas congregações, a Torre de Vigia tentou alegar o privilégio clerical enquanto mantinha que os anciãos da Testemunha de Jeová não são clérigos. Quando ficou claro que seus advogados não haviam convencido a corte, a Torre de Vigia declarou publicamente que os anciãos das Testemunhas de Jeová são, na verdade, uma classe clerical. A tática legal falhou, no entanto, porque não havia confidencialidade, já que os anciãos das Testemunhas de Jeová haviam tornado os fatos das alegações de abuso sexual conhecidos por muitas outras pessoas.

Você vê o que quero dizer sobre a Torre de Vigia sendo a última a receber a chamada “nova luz?” A Torre de Vigia tem uma longa história de criticar outras religiões por fazer certas coisas, e depois se virar e fazer a mesma coisa enquanto afirmava ser uma “nova luz”.

Outro exemplo gritante de um padrão duplo pode ser visto na Despertai! de Junho de 2013. A seguinte citação é do artigo “Como acabar com o tratamento silencioso”:

“PORQUE ACONTECE

Manipulação. Alguns usam o tratamento silencioso como meio de conseguirem o que querem. Por exemplo, imagine que marido e mulher planejam uma viagem e a esposa gostaria de levar seus pais. O marido objeta: “Você está casada comigo, não com seus pais”, diz ele. Ele dá então a sua esposa o tratamento silencioso, ostracizando-a na esperança de que ela desista e ceda aos seus desejos.”

Compare isso com esta citação do artigo “Permita que a disciplina de Jeová molde você” na mesma revista:

“Roberto ficou desassociado por quase 16 anos. Nesse período, seus pais e irmãos seguiram firme e lealmente a orientação da Palavra de Deus de parar de ter convivência com transgressores, nem mesmo os cumprimentando. Roberto foi readmitido há alguns anos e está progredindo bem espiritualmente. Quando lhe perguntaram o que o motivou a voltar para Jeová e seu povo depois de tanto tempo, ele respondeu que o modo como sua família agiu o influenciou muito. “Se minha família tivesse tido nem que fosse um mínimo de contato comigo, por exemplo, apenas para ver como eu estava, isso teria me deixado satisfeito. Não teria contribuído para que meu desejo de estar com eles me motivasse a voltar para Deus.”

Você consegue discernir o critério duplo apresentado nesses dois artigos? No primeiro artigo, o ostracismo é apresentado como manipulação. No segundo artigo, o ostracismo é apresentado como uma coisa amorosa. O ostracismo com base numa grosseira má interpretação das Escrituras nunca é uma coisa amorosa! Qualquer organização que ordene o ostracismo de entes queridos que não fizeram nada mais do que deixar uma religião de alto controle por razões conscienciosas é desprezível e má! A Torre de Vigia é particularmente maléfica, porque se apresenta como uma religião benevolente, enquanto esconde seu lado maligno dos de fora. Leia.

O artigo “É errado mudar de religião?” Na Despertai! de julho de 2009, fez a seguinte declaração: “Ninguém deve ser obrigado a adorar a Deus de uma forma que ache inaceitável nem a escolher entre a religião e a família”. Qualquer não-TJ que ler esse excelente artigo pensaria que era muito razoável. Mas os não-TJ não conhecem toda a história.

Quando li esse artigo pela primeira vez, senti que uma mudança na política da Torre de Vigia em relação ao tratamento dos dissociados era iminente, e encorajei sua mãe a lê-lo. Veja, eu me lembro quando, antes de 1981, as Testemunhas de Jeová podiam socializar com aqueles que simplesmente renunciaram como Testemunhas de Jeová por razões de consciência. Meu pai tinha vários amigos que anteriormente eram Testemunhas de Jeová, mas que haviam deixado a Torre de Vigia devido a diferenças doutrinárias. Em 1981, a Torre de Vigia determinou que os dissociados fossem tratados da mesma forma que aqueles desassociados por delitos. Depois de ler o artigo de julho de 2009, sua mãe disse-me que a citação aplicava-se àqueles mudando de religiões para se tornarem uma Testemunha de Jeová, mas não o contrário. Fiquei chocado que ela diria isso, e eu disse a ela que tinha que aplicar as duas coisas ou então seria um critério duplo. E assim é até hoje. A Torre de Vigia não diz aos seus leitores que a declaração acima não se aplica quando uma Testemunha de Jeová deixa a religião da Torre de Vigia. O advogado da Torre de Vigia chegou a dizer à Suprema Corte do Canadá que a desassociação apenas restringe a comunhão espiritual, mas não limita as interações sociais. Qualquer TJ assistindo isso na internet sabe que é mentira! [ver aqui]

A Torre de Vigia é conhecida por imprimir e publicar certas previsões, e quando essas previsões falham, a Torre de Vigia toma medidas para encobrir suas previsões fracassadas. Por exemplo, o parágrafo 10 na página 20 do primeiro artigo de estudo de 1 de janeiro de 1989, a Torre de Vigia afirmava: “[O apóstolo Paulo] também estava lançando as bases para um trabalho que seria completado em nosso século XX”. Quando se tornou óbvio que o século 20 terminaria antes do Armagedom ter ocorrido, a Torre de Vigia revisou o artigo de 1989 da Sentinela para ler: “[O apóstolo Paulo] também estava lançando os alicerces para um trabalho que seria completado em nossos dias”. Quão desprezível é que a Torre de Vigia tentaria alterar o registro do que havia impresso e publicado mundialmente como verdade vinda do próprio Deus!

Você sabia que a Torre de Vigia admitiu em papel que Jeová não é realmente o nome de Deus? A página 23 do prefácio da Tradução Interlinear do Reino das Escrituras Gregas fez a seguinte declaração: “Embora inclinados em ver a pronúncia Yahweh como a forma mais correta, conservamos a forma Jeová por causa da familiaridade das pessoas com ela desde o século XIV.” (New World Bible Translation Committee, 9 de fevereiro de 1950, Nova York, NY, edição de 1969).

Se Yahweh realmente é “a forma mais correta”, segue-se que Jeová não é realmente o nome de Deus. Eu compartilhei esta citação com muitas Testemunhas de Jeová ao longo dos anos, e eles ficam sempre chocados em vê-la. Mas, aqui está o verdadeiro choque: edições posteriores deste livro mudaram a citação original para: “Enquanto muitos estão inclinados a ver a forma Yahweh como a maneira mais correta…” Mudando uma citação para esconder o que tinha sido originalmente impresso e publicado pela Comissão de Tradução do Novo Mundo da Bíblia é um nível de desonestidade que deve chocar e ofender todos os amantes da verdade!

Aliás, as pessoas estavam familiarizadas com a forma de Jeová desde o século 14, porque foi quando essa forma foi criada pelo monge católico Raimundo Martini. (Procure o nome no CD-ROM da Torre de Vigia ou pesquise no Google.) Assim, o nome Jeová nem existia antes do século XIV.

Então, por que a Torre de Vigia dá tanta ênfase a esse nome? Será porque seus seguidores foram nomeados Testemunhas de Jeová por Joseph Rutherford em 1931? Submeto-lhe que os nomes Torre de Vigia e Jeová são intercambiáveis, que Jeová é apenas a Torre de Vigia e vice-versa. Eu ofereço o seguinte como prova:

Ao deixar a religião da Torre de Vigia, não se deixa a crença em Deus, ou em Cristo Jesus, ou na Bíblia como a Palavra de Deus. Contudo, as Testemunhas de Jeová dirão que alguém deixou a Jeová. E, ao convidar os que retornam à religião da Torre de Vigia, as Testemunhas de Jeová dizem: “Retorne a Jeová”. Assim, por suas próprias palavras, as Testemunhas de Jeová provam que Jeová significa apenas a Torre de Vigia.

Muitos crentes sinceros em Deus e em Jesus Cristo deixaram a Torre de Vigia por causa de muitos ensinamentos e práticas que conflitam com a Bíblia. Por exemplo, considere o seguinte:

Procure a palavra “santuário” no livro “Estudo Perspicaz das Escrituras” e observe a definição “habitação divina”. Nos dias de Jesus, o povo judeu adorava no templo em Jerusalém, e esse templo prefigurava o arranjo espiritual para adorar a Deus hoje. Dentro do templo estava o santuário do templo contendo duas câmaras, o Santo e o Santíssimo, que representavam o próprio céu onde Deus reside. As duas câmaras estavam separadas por uma cortina.

Enquanto as pessoas podiam-se mover pelo templo, somente os sacerdotes levitas podiam entrar na câmara sagrada do santuário do templo, e somente com o propósito de oferecer sacrifícios em nome do povo. Por exemplo, procure em Lucas 1:9, 21 na Tradução Interlinear Grega das Escrituras Gregas, observando a tradução literal da palavra grega traduzida para lá como “santuário”. Você verá o termo “habitação divina”.

Agora veja Apocalipse 7:15, que discute a grande multidão, e observe a tradução literal da palavra grega traduzida lá como “templo”. Novamente, você verá o termo “habitação divina”. Então, de acordo com a Palavra de Deus, a grande multidão adora a Deus dia e noite no santuário do templo ou na habitação divina do templo espiritual de Deus. Assim, a grande multidão é uma classe sacerdotal de cristãos que servem a Deus sob Jesus Cristo, juntamente com os figurativos 144.000, mencionados nos versículos 4-8 desse capítulo.

Aliás, a Torre de Vigia costumava dizer que a grande multidão servia no pátio externo, nem mesmo no templo. Recentemente, eles admitiram que a grande multidão está no templo, mas não dizem que estão no santuário do templo, que é onde a Bíblia os coloca. Por que a Torre de Vigia está demorando tanto para admitir o que a Bíblia diz?

Qual o significado de estar servindo a Deus na câmara sagrada do santuário do templo?

Para encontrar a resposta para essa pergunta, procure a palavra ‘templo’ no mesmo volume do “Estudo Perspicaz das Escrituras”. No terceiro parágrafo, sob o subtítulo “O Grande Templo Espiritual de Jeová”, declara: “Coerentemente, o Santo (santuário do templo) representa a sua condição quais filhos de Deus ungidos pelo espírito, com vida celestial em vista, e eles ganharão essa recompensa celestial quando seus corpos carnais forem deixados de lado na morte”. Assim, de acordo com as publicações da Bíblia e da Torre de Vigia, a grande multidão é uma classe sacerdotal de cristãos que são ungidos com a vida celestial em vista.

Mas isso não é o que a Torre de Vigia ensina, não é? Nós fomos ensinados que apenas 144.000 são ungidos com a vida celestial em vista. Claramente, à luz das Escrituras, isso não é verdade!

Você sabia que, antes de 1935, a Torre de Vigia ensinava que todos os cristãos eram ungidos com a vida celestial? De onde surgiu o conceito de duas classes de cristãos com esperanças separadas? Quem surgiu com a ideia de que apenas 144.000 cristãos vão para o céu? Foi ideia de Joseph Rutherford, o mesmo presidente da Torre de Vigia que profetizou que o Armagedom ocorreria em 1925 e que, mesmo quando essa previsão falhou, instigou a construção da vasta mansão, Beth Sarim, que ainda fica em San Diego.

Pouco antes de sua morte, Rutherford admitiu a um pequeno grupo de confidentes, incluindo Nathan Knorr, Fred Franz e Hayden Covington, que ele tinha-se feito um asno. Agora, está bem claro que sua teologia anti-bíblica fez um asno das Testemunhas de Jeová também.

Filho, você foi enganado e eu tenho uma enorme responsabilidade por isso, já que escolhi permanecer numa religião que eu sabia que não estava ensinando a verdade bíblica. Você nunca demonstrou interesse em coisas espirituais ou em discutir tópicos bíblicos. Isso não é uma crítica, apenas uma afirmação de fato. Ninguém estava interessado em discutir coisas espirituais ou a Bíblia, exceto no Salão do Reino, onde é uma discussão muito controlada, em que a Torre de Vigia fornece todas as perguntas, bem como as respostas aprovadas a essas perguntas. O Salão do Reino não é um lugar para fazer perguntas independentes, mas é simplesmente um lugar onde a doutrinação acontece. As pessoas simplesmente repetem as respostas que receberam. Até que você se interessar por uma garota que estava batizada, não tinha qualquer desejo de ser batizado. Eu sabia que você não tinha ideia daquilo em que se estava envolvendo. Uma vez que seja batizado, é tarde demais. A seita da Torre de Vigia é como o Hotel Califórnia: você pode fazer check out em qualquer momento que quiser (tornar-se inativo), mas nunca poderá sair (dissociar-se) sem consequências terríveis. Ninguém pode questionar o dogma da Torre de Vigia. Eu prefiro ter perguntas que não posso responder do que respostas que não posso questionar!

Em seu livro, Going Clear: Cientologia, Hollywood e a Prisão da Crença, Lawrence Wright, autor do prémio Pulitzer, escreveu: “As pessoas têm o direito de acreditarem no que quiserem. Mas é uma questão diferente usar as proteções concedidas a uma religião pela Primeira Emenda para falsificar a história, propagar falsificações e encobrir os abusos dos direitos humanos.” Como a minha carta deixou claro, a Torre de Vigia é tão culpada quanto a estas ofensas como é a Cientologia Você assistiu à série A & E de Leah Remini sobre as consequências de deixar a Igreja da Cientologia? Não se pode assistir sem ver as muitas semelhanças entre a Cientologia e as Testemunhas de Jeová.

Muitas vezes me lembro de uma Escritura de Jeremias que diz: “Você ouvirá uma palavra atrás de você dizendo: Este é o caminho. Ande nela.” Eu ouvi essa palavra em minha vida quando eu tinha 30 anos de idade, mas desconsiderei isso, temendo o que resultaria se eu seguisse sua direção. Eu vivi para lamentar essa decisão. No entanto, quando eu finalmente escutei e segui essa palavra – que para mim significava sair da seita da Torre de Vigia e deixar toda a loucura para trás – minha vida tem sido uma experiência incrível após a outra. Minha vida desde que me mudei para New Braunfels foi incrível, e eu conheci tantas pessoas maravilhosas e fiz tantos novos amigos que pareciam estar apenas esperando por mim para chegar aqui. Eu não perdi uma coisa que não tenha sido substituída muitas vezes. Estou mais feliz do que nunca em minha vida. A mesma coisa aconteceu com sua irmã e ela é mais feliz do que nunca.

Dê uma olhada ao seu redor, filho. Veja as vidas das Testemunhas de Jeová que você conhece pessoalmente. Eles não são um povo feliz. Há muito julgamento e constante reviravolta e drama em suas vidas relacionadas a ser apenas uma Testemunha de Jeová, não de fora da organização, como no caso da perseguição, mas de parceiros Testemunhas de Jeová dentro da organização! Você sabe que isso é verdade, e isso deveria-lhe dizer alguma coisa! Eu sei que você não é capaz de ser o seu eu genuíno, desde que permaneça entre as Testemunhas de Jeová em Abilene. E não importa o quanto você faça por Jeová (Torre de Vigia), isso nunca será suficiente. Se você ainda não percebeu isso – e eu estou apostando que você percebeu – todas as Testemunhas de Jeová que você conhece estão vivendo uma vida dupla. O rosto que eles mostram quando frequentam o Salão do Reino não é quem eles realmente são. Eu sabia disso quando ainda era uma Testemunha de Jeová, mas não tinha como saber tudo o que acontecia debaixo do meu nariz. Não há como dizer tudo o que gostaria de contar nesta carta. Se você pudesse vir visitar sua irmã e eu, poderíamos ter uma longa conversa e você poderia ver por si mesmo o que significa ser completamente livre para abraçar seu eu genuíno e ser amado incondicionalmente sem ser julgado a cada passo.

Você sabe que pode-me ligar a qualquer momento se quiser conversar sobre qualquer coisa que eu tenha escrito aqui ou sobre qualquer outra coisa.

Com todo o meu amor,
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Seu pai
Roger Kirkpatrick-drummer

Texto original:
https://www.facebook.com/rogerkirkpatrick.drummer/posts/10157236278771550