Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2015. Prezado corpo de anciãos da congregação Vicente de Carvalho Esta carta é um comunicado de dissociação. Não quero mais de ser identificado como Testemunha de Jeová. Continuo servindo ao Soberano Senhor Jeová, em união com Cristo Jesus. O que me levou a essa decisão pode ser basicamente explicado pelo seguinte texto bíblico, que causou um grande impacto em minha vida: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32) Mas talvez se perguntem: As Testemunhas de Jeová já não têm a Verdade? Minha resposta é: “Não”. A Verdade a qual o texto acima se refere é o Senhor Jesus Cristo . Ele mesmo disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida” (João 14:6). Três palavras poderosas e imensas. Existe uma grande diferença entre ter verdades e ser a Verdade. Só Jesus é A VERDADE. O que algumas religiões têm, em maior ou menor grau, são ensinamentos verdadeiros. Por exemplo, as seguintes religiões ensinam a verdade sobre não existir Trindade, Inferno de fogo e a alma imortal, sobre o nome de Deus ser Jeová, sobre haver um futuro paraíso na Terra (essa lista é parcial): Estudantes da Bíblia Cristadelfianos Igreja de Deus (7° Dia) Adventistas Históricos Adventistas Bereanos Testemunhas de Jeová Sendo assim, que direito as Testemunhas de Jeová têm de dizer que elas, e apenas elas, têm a verdade? Talvez os senhores respondam: “O fato de que nós temos mais verdades. Afinal, conforme diz a Bíblia, a verdade é como a luz que brilha mais e mais.” Mas será que esse texto realmente diz isso, que a verdade é progressiva? O que realmente o Proverbista quis dizer com as palavras “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”? ( Provérbios 4:18 ) Basta ver o contexto: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” (Provérbios 4:19) Sim, amigos, esse texto nada tem que ver com verdades progressivamente reveladas a uma organização, mas apenas contrasta o proceder, ou caminho, dos justos, com o caminho dos ímpios. Quem vive de maneira justa caminha em direção à aurora, à mais vida. Quem vive de maneira ímpia segue no caminho contrário, em direção à escuridão, onde se tropeça e, por fim, morre. Nada mais. Entendo hoje, amigos, que esse texto tem sido usado como uma forma de controle, para justificar e impor todo tipo de “nova luz”, ou entendimento. Mesmo que a interpretação desse texto por parte das Testemunhas de Jeová estivesse correta, não é isso que se verifica na prática. Não existe uma luz progressiva. Vejam, por exemplo, o seguinte ensino sobre a ressurreição dos habitantes de Sodoma e Gomorra: ● SERÃO ressuscitados: A Sentinela, julho de 1879 p. 8; ● NÃO SERÃO ressuscitados: A Sentinela, 1/6/1952 p. 338; ● SERÃO ressuscitados: A Sentinela, 1/8/1965 p. 479; ● NÃO SERÃO ressuscitados: A Sentinela, 1/6/1988 p. 31; ● SERÃO ressuscitados: Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (edição de 1982) ● NÃO SERÃO ressuscitados: Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra (edição de 1989). O mesmo pode-se dizer do ensino sobre “esta geração” (Obs.: referências dos anos 1897-1978 são das edições em inglês): ● 1897: são pessoas vivendo contemporaneamente ao fim do mundo (Estudos das Escrituras, Volume 4, pp. 60203); ● 1927: são os ungidos (A Sentinela, 15/2/1927 p. 62); ● 1951: são aqueles nascidos antes ou durante 1914 (A Sentinela, 1/7/1951 p. 404); ● 1968: são “os que tinham idade suficiente para entender”. Idade sugerida: 15 anos (Despertai!, 8/10/1968 p. 13); ● 1978: exclui-se os bebês nascidos em 1914 (A Sentinela, 1/10/1978 p. 31); ● 1984: inclui-se os bebês nascidos em 1914 (A Sentinela, 15/11/1984 p. 5); ● 1995: são as “pessoas que veem o sinal, mas não se corrigem” (A Sentinela, 1/11/1995 p. 19. Nesse ano, Despertai! não faz mais referência a 1914 na contracapa. A frase “esta revista promove confiança na promessa do Criador de estabelecer uma nova ordem pacífica e segura antes que desapareça a geração que viu os acontecimentos de 1914” é mudada para “esta revista gera confiança na promessa do Criador de estabelecer um novo mundo pacífico e seguro, prestes a substituir o atual mundo perverso e anárquico.” (Despertai! de 8/11/1995, p. 4); ● 2008: são os ungidos! (retorno ao ensino de 1927. (A Sentinela, 15/2/2008 p. 24); ● 2010: são os ungidos de 1914 cujas vidas coincidem com a dos ungidos que verão o fim, mas não são duas gerações, é apenas uma! (A Sentinela, 15/4/2010 p. 10). Reprodução da capa de A Sentinela sobre a geração que não passaria. As pessoas são identificadas, bem como as datas em que faleceram. Todas essas mudanças, amigos, não indicam uma progressiva e divinamente revelada “nova luz”, mas simplesmente um pisca-pisca de interpretações humanas.
Uma vez que fica estabelecido que não existe o conceito de “nova luz”, perguntamos: Que direito as Testemunhas de Jeová têm de afirmar que Jesus designou o “escravo fiel e discreto” em 1919 para ser o único “canal de Deus” na Terra? A resposta franca e óbvia é: nenhum. Toda afirmação nesse sentido é puramente especulativa e arrogante, tão sujeita a mudanças quanto os exemplos acima sobre Sodoma e Gomorra e a geração que verá o fim. E, de fato, é exatamente isso que se verifica: “Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo?" (Mateus 24:45) 1881: é qualquer membro do corpo de Cristo, os ungidos ( A Sentinela, novembro de 1881 p. 291); 1920: é Charles Taze Russell (A Sentinela, 1/4/1920 pp. 99104); 1930: é o restante. A Sentinela é o canal de Deus (A Sentinela, 1/8/1930); 1932-2012: são todos os ungidos que compõem uma “classe”. Mas o Corpo Governante representa essa classe; 2013: surgiu em 1919. Jesus escolheu Rutherford e outros Estudantes da Bíblia que tomavam a liderança para ser o “escravo fiel”: “Em 1919, um período de reavivamento espiritual, Jesus selecionou dentre eles irmãos ungidos capazes para ser o escravo fiel e discreto e os designou sobre seus domésticos” (A Sentinela, 15/7/2013 p. 23). O que se conclui com essa variedade de explicações? O que já disse antes. São apenas interpretações humanas, sem qualquer intervenção divina. Embora eu creia pessoalmente que o Irmão Russell, enquanto vivo, certamente se encaixou no papel do “escravo fiel”, acho triste que a atual interpretação peculiar sobre quem é o escravo tenha assumido a forma de uma doutrina usada para controlar milhões de Testemunhas de Jeová. Ainda sobre o assunto do escravo, queiram notar que a Sociedade Torre de Vigia raramente menciona o relato paralelo de Lucas 12:48. Ali é mencionado uma outra possibilidade, a de um escravo que “não entendeu” e “fez coisas que merecem golpes”: “Mas aquele que não entendeu e assim fez coisas que merecem golpes será espancado com poucos. Deveras de todo aquele a quem muito foi dado muito se reclamará dele; e a quem encarregaram de muito deste reclamarão mais do que o usual.” Como assim o escravo “não entendeu”? Se o escravo da parábola é quem as Testemunhas de Jeová dizem ser, ou seja, o canal escolhido por Deus, aqueles que recebem entendimento, etc., como é possível tal escravo não entender? Se o conhecimento é dado ou revelado, seria impossível ele não entender. Muito menos ser punido com golpes por isso. Como sabem, fui tradutor e intérprete no Betel do Brasil, e isso me permitiu conhecer pessoalmente a muitos membros do Corpo Governante. Perguntei especificamente sobre esse detalhe para Gerrit Lösch. Ele desconversou e me disse que a parábola de Mateus 24 não é a mesma de Lucas 12. Disse que em Mateus 24:45 “o escravo” é identificado com o artigo definido grego, e em Lucas 12 a palavra é outra. Mas o que acham? Não é a mesma parábola? Leiam novamente e cheguem à sua conclusão. A minha é: o chamado “escravo fiel e discreto” das Testemunhas de Jeová não sabe quem ele mesmo é. Pelo menos com certeza não sabia quem ele era até 2013. E, se mudar de novo, é prova que continua não sabendo. Portanto, amigos, finalmente volto ao meu tema do início da carta. Existe uma enorme diferença entre ter verdades e ser A VERDADE. As Testemunhas de Jeová, como outras religiões, têm verdades. Mas elas usam essas verdades para se imporem como o único canal de Deus, a única religião verdadeira da face da Terra. Por outro lado, o Senhor Jesus é “a verdade, e o caminho e a vida.” Três palavras imensas e poderosas. Jesus sabe quem pertence a ele. Ele faz um convite a todos os que quiserem ouvir. Quem aceitar esse convite, pegar sua cruz e o seguir continuamente, receberá a recompensa máxima: GLÓRIA, HONRA E IMORTALIDADE. Essas são as boas novas originais pregadas pela Igreja Primitiva: “Ele nos salvou e nos chamou com uma chamada santa não por causa das nossas obras mas por causa do seu propósito e da sua bondade imerecida. Esta nos foi concedida em Cristo Jesus antes dos tempos antigos mas agora se tornou claramente evidente pela manifestação do nosso Salvador Cristo Jesus. Ele aboliu a morte e por meio das boas novas lançou luz sobre a vida imperecível. Dessas boas novas fui designado pregador apóstolo e instrutor.” (2 Timóteo 1:911) Amigos, em hipótese alguma podemos mudar a mensagem sobre as boas novas: “Estou admirado de que vocês estejam se afastando tão depressa Daquele que os chamou com a bondade imerecida de Cristo, para seguirem outro tipo de boas novas. 7 Não que haja outras boas novas, mas há alguns que estão perturbando vocês e querendo distorcer as boas novas a respeito do Cristo. 8 No entanto, mesmo que um de nós ou um anjo do céu lhes declare como boas novas algo além das boas novas que lhes declaramos, que ele seja amaldiçoado. 9 Como acabamos de dizer, digo agora novamente: Quem quer que esteja lhes declarando como boas novas algo além daquilo que vocês aceitaram, seja amaldiçoado.” (Gálatas 1:6-8) Hoje estou associado com um grupo que prega as mesmas boas novas pregadas pelos cristãos primitivos. São os Estudantes da Bíblia originais, grupo que não aceitou a dominação de Rutherford e suas doutrinas falsas (como a de que o fim viria em 1925) e se separou da Torre de Vigia, que, em vez de ser “o canal de Deus”, era, e ainda é, uma mera casa publicadora. Sou ancião designado por voto e cuido voluntariamente, entre outras coisas, da tradução de livros, tratados e revistas, como O Arauto (The Herald) e A Aurora (The Dawn), publicadas ininterruptamente desde 1918 e 1932, respectivamente. Sobre os Estudantes da Bíblia: Congregações de Estudantes da Bíblia em todo o mundo têm juntas desfrutado da liberdade que há em Cristo desde a década de 1870. Não temos nenhuma organização além de nossas congregações pequenas, que são estruturadas independentemente umas das outras, e ainda assim cooperam entre si na busca e promoção da verdade de Deus. Nossas reuniões seguem o padrão da igreja primitiva e consistem de louvor, testemunho, oração e estudo diligente da Bíblia para que, através destes, possamos aprender a verdade da Palavra de Deus. Não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo. Não afirmamos nada além do que está escrito na Palavra de Deus. Não criamos leis, formulamos credos, nem privamos ovelha alguma de sua plena liberdade em Cristo; mas simplesmente em cada assunto citamos a Palavra do Senhor, através dos Apóstolos e dos profetas. Não nos gabamos de nada, nem alegamos coisa alguma a respeito de nós mesmos. Estamos contentes em voluntariamente servir ao Senhor e a seu rebanho do melhor modo que pudermos — não exigindo dízimos, “honra dos homens”, confissão de autoridade, nem qualquer compensação; não, esperamos apenas receber o amor do Senhor e o amor de todos aqueles que são seus filhos e têm o seu Espírito. No que diz respeito a formar ou desejar formar uma nova seita, ignoramos todos os sistemas sectários e sua autoridade reivindicada; reconhecemos apenas a “um só Senhor, uma só fé e um só batismo” das Escrituras, e acolhemos como irmãos qualquer pessoa que confesse ter fé na “redenção através do sangue de Cristo”. Reconhecemos que a verdadeira igreja é composta de todos os que professam terem se consagrado completamente ao Senhor, à Sua vontade e a Seu serviço — onde quer que esses se encontrem. Efésios 4:36; 2 Timóteo 2:15; Colossenses 1:14, Hebreus 12:23. Amigos, não pensem que sinto ódio de vocês. Não confundam minha exposição dos erros de sua organização com sentimentos torpes em relação a vocês, quais indivíduos. Meu objetivo é que vocês, assim como eu, consigam enxergar apenas a seguinte Verdade, e que esta única luz penetre em seus olhos e corações: “O brilho da iluminação das gloriosas boas novas a respeito do Cristo, que é a imagem de Deus. Pois não estamos pregando a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor, e a nós mesmos como vossos escravos pela causa de Jesus. Porque é Deus quem disse: “Da escuridão brilhe a luz”, e ele tem brilhado sobre os nossos corações, para iluminá-los com o glorioso conhecimento de Deus pelo rosto de Cristo.” (2 Coríntios 4:46) Cordialmente, André Ricardo Cardoso Couceiro www.estudantesdabiblialivres.com/ www.youtube.com/channel/UCw17VoPLT4Il2VOksJJQoVw
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