Eu era pioneiro e fui "convidado" a servir em Betel por 2 meses. Recusar tal oferta seria extremamente mal visto pelos anciãos, fechando futuras portas. Santa papelada! Tinha de responder sobre tudo, até se tinha parentes doidos! É engraçado mas é verdade. Tive de fazer e pagar (claro) o INSS como trabalhador autônomo (é obrigatório). E lá fui eu! Já na rodoviária de Tatuí conheci outro pioneiro, "Phil Collins" meio careca que também fora convidado e nos tornamos amigos, apesar dele querer ficar em Betel e eu querer fazer a escola de Treinamento Ministerial que formava pioneiros especiais (com o compromisso de ficar dois anos sem namorar). A questão mais importante para mim foi o choque de visão, entre quem estava fora no mundo real e os internos, incrivelmente alienados de quase tudo e esta visão não é de quem "estava fraco na fé”, pois eu tinha e muita! Em geral o betelita é um ser com muito orgulho de estar lá e tudo de importante e que deve ser estudado esta lá e lá é um pedaço do que será em toda terra (isto foi-me dito inúmeras vezes). Ótimo, se tudo fosse realmente lindo! Fui recebido com muitos outros convidados. Fizemos um tour para conhecer o lugar, até à hora do almoço. Aí começou meu primeiro problema, pois por incrível que pareça tínhamos de ficar em pé no meio do refeitório enorme, esperando que após a oração algum ancião de Betel,que fica nas cabeceiras das mesas, nos desse um sinal que tinha algum lugar sobrando! Não tínhamos um lugar para nós, isso levava a um desconforto de todos voluntários. Éramos cerca de 20 em pé. Dava até dó do último, pois a refeição é rápida e se chegar muito atrasado se lascou! Se tem sorvete pior ainda, pois o povo vem em massa e tem poucos lugares (sem falar as irmãs gulosas que vêm com potes e faz a limpa com a gana de um refugiado)! Pink Squad Alias com o tempo você pega ódio do sinal (uma ou outra música do cancioneiro em MID bem alto), para acordar, tomar o café (depois desse sinal não pode entrar no refeitório), ir para o trabalho, parar, almoçar, voltar... entenderam né. Não posso reclamar das refeições pois eram boas, embora com bastante influência norte-americana. Nunca tinha comido no café da manhã ovos, lingüiça Josefina com geléia, aquelas panquecas fofas, etc. Nosso quarto era grande só para voluntários e tinha um nível acima nele. Era um alojamento na realidade. Como todos vínhamos de fora tivemos as mesmas impressões. E mais algumas... como o Pink Squad que logo chamou à atenção e acabou dando problemas. Alguém já ouviu falar do Pink Squad de Betel? Era como os betelitas chamavam um certo grupo de irmãos que sempre estavam juntos, e logo chamou nossa atenção. Antes quero deixar claro que não sou homofôbico e tenho respeito pela sexualidade de qualquer pessoa. Mas eu e os de meu quarto não éramos assim muito tolerantes naquela época. E esse grupo de irmãos se destacava na multidão pelos trejeitos, uns menos outros bem mais, como um que era do correio. Parecia a Vera Verão em miniatura. Todos do quarto começaram a comentar e a fazer piada e criticar o assunto abertamente em seus setores de serviço, principalmente na obra de construção civil e reforma da entrada principal, onde 85% de nós estávamos (serviço pesado de servente e coisas do tipo. Jamais imaginei que iria ficar feliz de lavar banheiro, pois me mandaram para limpeza... ufa!). A questão tomou proporções maiores e o mais velho do Pink Squad, veio ao nosso quarto e pediu para que um de nós conversasse com ele no refeitório após o almoço. E sobrou para mim. Isso foi de manhã, logo que acordámos. Depois do almoço ficamos no refeitório e ele começou a contar sua história e a de vários do tal grupo. No Novo Mundo não gostarão de faxineiros... Foi uma lição para mim, porque vi que eles estavam sofrendo duplamente, por não poderem ser quem eram e por serem motivo de zombaria em Betel. A diferença é que era à boca pequena, mas com a nossa chegada começámos a falar abertamente e isso iria lhes causar problemas. Todas as histórias que me contou são tristes e até trágicas. Muitos só tinham lá para ficar. À noite voltei e relatei ao bando tudo que ele me falou e acordamos de maneirar com isso. Isso aconteceu na primeira semana, mas tinham outras coisas que nos perturbariam mais adiante. A própria convivência com os betelitas estava começando a se desgastar, pois éramos tratados como irmão de segunda e ficávamos ofendidos com comentários de que a serviço em Betel era o mais importante que tinha para Jeová. É claro que nós que tínhamos de trabalhar de verdade no mundo lá fora e ainda ser pioneiros, estávamos ficando cada vez mais bronqueados, e toda noite quando nos reuníamos o assunto crescia. Estava virando uma bomba-relógio. Eu como disse, estava na limpeza. Meu encarregado era um tal de Maurício, mocinho cabeça de vento bem alienado que estava mais interessado em impressionar as irmãs que visitavam Betel. Era bem ruinzinho de conhecimento bíblico, mas até que era legal (pena que emprestou minha câmera com varias fotos e a esqueceu com umas irmãzinhas que o visitavam , e não sabe de onde elas são). Eu saía com um carrinho de limpeza e era encarregado de cuidar de boa parte do bloco novo em frente a uma fonte, onde tem a nova biblioteca, consultório do dentista, laboratório clínico, apartamentos, muitos corredores, uma enorme sauna, um salão de ginástica com vista panorâmica e muitos aparelhos. Mas não podia ser usado por voluntários claro. Assim como a piscina. Nesse trabalho pude ter contatos com muitos betelitas em hora de expediente. É incrível como tem gente arrogante e mal educada lá. Subindo pelas paredes. Betelitas em perigo Lembra aquelas fotos de betelitas sorrindo e amáveis... Bem, tem, mais é em pequeno número. Dou destaque para o laboratório que quando eu entrava para pegar o lixo me sentia como eu próprio: eu dava bom dia, boa tarde e raramente alguém me respondia e friamente. Lá tinha uma morena técnica em patologia que era uma das duas únicas solteiras em Betel. Isso a tornava especialmente chata, pelo laboratório e pela solteirice (nível médio lá é PhD). A questão do casamento lá é de deixar betelitas solteiros em desespero, primeiro de medo, pois um casamento pode acabar com a carreira em Betel. É muito difícil ser um casal de Betel. A maioria é mandada para o circuito ou como pioneiros especiais, meio revoltados e sem preparo (isso explica muita coisa). Segundo, por que estão todos desesperados por mulher. Tem irmãos que estão envelhecendo lá em agonia e depressão por esse motivo. Conseguir um casamento é o paraíso distante. Sem brincadeira… é de dar dó. Qualquer um que esteja por anos em Betel e tem por algum motivo de sair está numa fria. Eles não estão preparados para sobreviver aqui fora. São como um passarinho que saiu da gaiola. Eles são "comidos" em instantes, e muitos sabem disso. É um pouco difícil ordenar as lembranças, mas sempre me pergunto se eu já não tinha evidência suficiente para tomar uma posição, mas por fé a gente acaba insistindo. "Status" - O bonito é ser feio Lá em Betel começamos a perceber que havia também uma escala de importância. Você pode até ser ancião, mas betelita é maior, você pode ser betelita ancião, mas bom é o ancião de Betel (os únicos que podem sentar na cabeceira da mesa). Todos têm a sua mesa e cada um sua cadeira certa. Dependendo de qual ancião de Betel é a sua mesa, esse também reflete seu status. Algumas mesas são mesmo um must... Machado, Kikuta, não me lembro de todos os nomes tinha um (acho que alemão) missionário já meio velho e bem grosseirão, que falava muito alto e era cheio de dar erguida em gente nova. Tinha as irmãs gêmeas, acho que eram francesas, (quando eu disse que só tinha 2 solteiras em Betel naquela época, não contei as gêmeas, pois os betelitas também não contavam com elas, ambas na casa dos 80 ou 90). Esses antigos missionários, são muito assediados mesmo em Betel. Para ser franco, eles não pareciam ter muito sossego. Muitos querem tirar fotos com eles e tinha irmãos que pediam até autógrafo. Mas pelo menos esses bem idosos não davam muita bola para a badalação. Mas todos queriam ser seus amigos para ter um "status". Outra coisa que pesa em importância lá é a congregação a que se dá apoio. Quanto mais longe é sua congregação, menos importante você é. Agora se você é da própria congregação de Betel… ah! Então você é o tal, pois lá estão só os poderosos. Outra demonstração de status é você ter uma cerimônia no salão de Betel. Somente famílias muito influentes com os poderosos de lá conseguem. Tudo isso fomos observando juntos e comentando à noite. Percebemos também outra coisa: que dá status aprender inglês e participar dos estudos nesse idioma. Muitos irmãozinhos só têm assinaturas em inglês e penam em participar nessas reuniões. Acabam até aprendendo, aos trancos e barrancos, mas o fator motivador é somente o status. Bons de garfo, ruins de perna Aos domingos ao sair no campo com eles, era bem claro que a pregação de porta-em-porta não era seu forte. Parecia que eram todos anêmicos, loucos para ir embora. Mas na casa de irmãos eles tinham todo o vigor do mundo! Comiam, falavam, contavam experiências que só eles souberam de missionários em visita a Betel (isso também conta para o status com os de fora) e comiam de novo. Eu era outro tipo de alienígena, pois tinha pressa em voltar ao campo, estava louco para usar a "espada". Minha pasta tinha pelo menos quatro traduções diferentes, mais a Interlinear ou a Diaglote (pior que é sério). A tranqüilidade dos betelitas me dava nervos! Pois a tranqüilidade de Betel não refletia a urgência com que se pregava para os de fora. Betel sempre tem planos para o futuro, expansão, novas máquinas etc. O motivo de estarmos lá era bem esse: tinha um trabalho pesado a ser feito, meus companheiros de quarto chegavam que era um caco só, cimento, areia no cabelo, esfolados. Disso eu estava poupado. E pelo visto havia um motivo para não me colocarem lá. Já tinha avisado meu encarregado da limpeza, que quem é enviado para lá é para ser observado com intenção de ficar permanente. "Deus me livre", disse alto e claro e vomitei meus pensamentos. Ele me disse que se eu tinha alguma qualificação profissional, pois eu estava realmente para ser observado. Eu era Técnico em enfermagem e tinha alguns anos de experiência em hemodiálise, e isso estava na ficha enorme que tive de responder antes de vir. E o ambulatório que fica no prédio antigo, estava sobrecarregado com os idosos que aumentavam, alguns bem debilitados. Aparências e Valores Aliás, com respeito aos prédios velhos, isso também é motivo de status, e muito do que pode dar status gera disputas. Soube de várias histórias de irmãs que atormentavam maridos e ancião de Betel, encarregados de distribuir apartamentos. Tinha irmãs novas que fingiam problemas, fraqueza em subir o trecho dos novos blocos até o central, dores nas pernas, tudo para conseguir um apartamento vizinho de alguém importante. Isso gera piadinhas que correm por lá de irmãs que à anos querem subir de status e ficam de olho nos que estão bem próximos de se mudar para o bloquinho central, um pouco acima da portaria (onde fica um pequeno cemitério onde estão antigos missionários e betelitas). É também onde o povo de Cesário Lange, conta para os filhos que se enterra bébés abortados pelas betelitas. Soube disso no campo da região. Betel atrai lendas para o povo local. Mas continuando na questão de status, eu também senti isso. Quando após uns 20 dias visitei meu salão, fui recebido como nunca até então, fui paparicado, todos queriam falar comigo. O ancião presidente, um senhor muito severo, sério e grosso, de quem eu tinha pavor e queria ficar longe se não fosse a filha (mas isso é outra história), ficou boa parte da reunião com as mãos em meu ombro. Sério! Como pioneiro nunca fui tratado assim. O Alexandre, também dessa comunidade, foi meu grande parceiro como pioneiro. Chegamos a tal ponto de dedicação (na realidade estupidez) de sair a pregar com tratado especial de madrugada, para pegar o povo que estava nos pontos de ônibus para trabalhar e à tarde dormia, isso uma diversas vezes. Nunca deram a menor bola. Agora eu estava até folgado e sendo super bem tratado. A "Sabedoria" dos da dianteira Esse ancião era muito usado no circuito e tinha muito status e gostava disso. Ele me chamou para a sala B e me disse mais ou menos assim: "Reginaldo você agora pode ter uma visão mais ampla da organização de Jeová. Você vai ter agora alvos mais elevados. Você será reconhecido por isso. Quando vou a congressos, as pessoas apontam e dizem "Olha! Lá vai o J. Silva"" (Que ridículo, pensei) E ele todo orgulhoso de si, me contava que seria assim comigo. Meu sorriso amarelo escondia o nojo! Não tive na ocasião coragem ou segurança para rejeitar o que ele me dizia no momento. Ele era um tipo que inspirava medo em todas TJ que não eram da sua "elite", incluindo anciãos. Nunca esqueci isso, pois mostra muito como é a mentalidade de alguns da dianteira. Quando ele morreu, cutuquei meu amigo "Profeta" que sabia dessa história e piadista que éramos satirizamos: "Olha! Lá vai o J. Silva." Depois de voltar da visita em minha congregação, fiquei bem receoso com as expectativas que os anciãos estavam tendo para mim. Já em Betel, apesar de todos voluntários estarem putos da vida, cada um também aproveitava a temporada do jeito que podia. Certa vez eu fui à meia-noite e meia no primeiro andar do bloco central. Lá tem uma banheira por corredor, e eu nunca tinha estado numa. Fiquei até o primeiro toque da manhã. Saí arrumado e cozido. Essa foi a primeira fez que não dormi no quarto. A segunda foi quando fui à noite com os betelitas em Cesário Lange no restaurante de um irmão que ia fazer uma festinha. Ia ficando tarde e os irmãos nada de ir embora, por fim dormimos na casa dele. Para o pessoal de meu quarto era só piada de novamente chegar de manhã em pleno Betel, mas eu estava aprendendo com a “nata” TJ. Minha consciência limpa e meu desapontamento O que eu aproveitei mesmo, bitolado como eu era, foi a biblioteca de Betel. Quase toda noite fui lá. É digno de nota que eu era praticamente um dos poucos a freqüentar ali, apesar de ter mais de 1020 betelitas na ocasião, se não me engano. Essa biblioteca é enorme (tendo em vista serem apenas livros com temas religiosos). E tem lá muitos que os anciãos não gostariam que você tivesse em casa. Lá não tem só material da Torre. Tem inúmeros livros de referências e comentários bíblicos de eruditos, traduções diversas, tem cópias da Septuaginta, de códices hebraicos, quase tudo em outros idiomas. Mas eu ficava lá, babando e tentando entender (nota: Isso me faz agora lembrar do comentário de Raymond Franz que disse no livro Crise de Consciência que na sede em Brooklin, o departamento de redação era visto por outras TJ do local como um local onde se bebia de Babilônia todo tempo, em vista das consultas constantes de livros de outras denominações). Copiei quase inteiro o Ks em meu caderno, apesar da advertência de não fazer isso bem grande na contra capa. Apesar de zeloso, eu não respeitava as regras que para mim não faziam muito sentido. Omissão de informação e segredinhos nunca me pareceram coisas honestas. Minha consciência não se abalava por quebrar regras estranhas e suspeitas, mesmo sendo fiel a Deus. Devido ao fato de todos voluntários estarem desgostosos e se sentindo humilhados e inferiores, começamos a ir cada vez menos nas reuniões de preparação da Sentinela e nas segundas à noite no refeitório e nas preleções que sempre tinham. Alguns viam a reunião pela TV (que era chamada por nós de Bezerro de Ouro) no circuito interno. Aliás quando tinha reunião é só isso que pegava, a globo só é liberada de novo, quando acabava a reunião e depois acho que às 10 ou 11 não pegava mais, as luzes também se desligavam, só ficando o essencial nos corredores semi-escuros de todo o Betel. É engraçado como vêm algumas recordações. Lembrei de uma vez voltando da biblioteca (lá ficava sempre uma pequena luz) encontrei uma irmã com um monte de comida nos braços apoiadas no peito não lembro o que era (Nota: Eram pães de forma, muitos pães grandes), mas ficavam numa mesa na entrada do refeitório para a seia de quem quisesse. Ela tinha feito a rapa total e ficou toda sem graça, sumindo rapidamente pelo escuro. Levava enorme vantagem quem tem frigobar no apartamento. É sonho de consumo de muitos e também motivo de status. As Marias sorveteiras que o digam. Elas sempre têm sorvetes para dar às suas visitas. Antes de você conseguir repetir uma vez, elas já tinham levado tudo em seus potes. Nota: Sugiro oferecer sorvetes em alguma manifestação pública em frente a Betel. Anciãos uma rocha de refrigério... Caindo na sua cabeça A noite em Betel é fantástica, e acaba inspirando a fé, por não ter grandes cidades por perto, você tem uma visão clara da via-láctea e é muito bonito. Poucas semanas antes de acabar meu período, recebi a visita de um ancião, que fazia pouco tempo que tinha sido designado, por quem eu tinha amizade desde quando ele era servo. Ele já era meio idoso, negão tipo armário, cujo passado de sargentão da PM era de arrepiar, neguinho literalmente. Eu confiava nele e relatei minha pouca vontade de ficar em Betel e tentar a escola de treinamento ministerial. Porém confidenciei a ele que estava interessado em uma determinada irmãzinha e que isso era para mim conflituoso, devido ao compromisso obrigatório de ficarmos dois anos sem poder namorar. Ele com seu jeitinho, sargento de ser disse que eu estava sendo cogitado para ser designado ancião, mas que todos esperavam que eu não fosse besta de recusar um convite de Betel e que eles já tinham mandado minhas referências. Disse também que eu estava fechando portas na organização e deveria pensar direito. Na verdade eles já tinham planejado minha vida antes de eu ser convidado como voluntário. Ele foi embora, sua postura tinha mudado comigo e comecei a ficar com uma pulga atrás da orelha. Já sabia do risco de ter problemas com anciãos e isso estava começando a me cheirar a encrenca de novo. Naquela época eu ainda era confiante em me abrir com as pessoas e no caso de anciãos, isso é uma péssima ideia. Betel é ilusão Em meus últimos dias, com essa pressão a mais, eu estava com nojo de betelita, e já estava dando patada até em meu encarregado e criticando tudo que tinha visto até então. O pessoal da limpeza começou a ficar cabreiro comigo. Falei que os betelitas estavam dando mau testemunho a nós voluntários e que sairíamos de lá com uma péssima visão de Betel e os de fora saberiam de quão fracos eles eram. Por incrível que pareça, após eu ficar puto de vez, eu fui muito bem tratado. Fui realmente chamado para conversar com o encarregado do ambulatório, onde conheci um idoso missionário, irmão Fischer, de cadeira de rodas, que soube ter morrido pouco tempo depois. Realmente o objetivo de minha presença era um convite para minha permanência definitiva. Disse tudo o que pensava e minha frustração com o que vi em Betel, declarando minha clara recusa para o rapaz espantado. No meu último dia, o pessoal da limpeza fez uma festinha "surpresa” (faziam para todos que iam embora). Nos despedimos e meu encarregado prometeu enviar minhas fotos assim que achasse as irmãs com quem ele deixou (deve estar procurando até hoje). Um representante de Betel veio até ao nosso grupo que iria embora e fez um discurso sobre nosso trabalho... blá blá blá e falou que soube dos problemas ocorridos connosco e de que sabia da má impressão que "alguns" tiveram, mas que esperava de nós maturidade espiritual em não desanimar outros e que Betel sabia e reconhecia a importância do trabalho dos pioneiros. "Ah!!! me senti com a alma lavada!" Todo orgulhoso de ser pioneiro. Saia de cabeça erguida, fazendo banana para aqueles betelitas. Que enorme otário eu era... Estava na maior encrenca e não sabia. Ou acham que eles deixam barato? Nota de atualização: É claro que pegou mal os voluntários terem saído de Betel com tantas queixas de tratamento diferenciado. Ficamos vistos como com tendências rebeldes. Ingênuos não sabíamos até então como este tipo de coisa anda rápido para as mãos dos anciãos locais, piorando ainda mais, contrariar o desejo deles de ter um membro da congregação em Betel. O lugar no ambulatório que me foi oferecido, ficou para uma amiga de minha própria congregação que tinha há muito tempo este sonho, mas por ser mulher e solteira é mais difícil de ser aceita. Por fim, uma outra amiga com a qual estudamos juntos, mas de outra congregação, também foi para o ambulatório de Betel. Esta última, chamada Joalbe, parece que ficou pouco tempo, se casou e saiu. A primeira, chamada Patrícia parece que ainda continua por lá. Eu com minha volta à rotina de pioneiro vivi o conflito de, com vinte e poucos anos, iria continuar tentando o curso da Escola de Treinamento Ministerial que, como falei antes, naquela época se exigia além de ser solteiro, o comprometimento de ficar 2 anos sem namoro. Difícil, né? Optei por namorar. Relato de Reginaldo Medina Publicado originalmente aqui: http://exjeovaceticos.foro.bz/t44-relato-de-minha-breve-passagem-por-betel?highlight=betel
0 Comments
|
Testemunhos,Aqui você terá acesso a testemunhos de vários irmãos em Jesus, filhos do Senhor Jeová Deus, os quais têm vindo a libertar-se da religião... Categorias,
All
|