Como vim a ser uma Testemunha de Jeová Era Outono de 1994. Eu tinha 14 anos de idade e voltava de um passeio quando, na praça do bairro em que eu morava no Rio de Janeiro, uma Testemunha de Jeová idosa me abordou e me falou sobre o Novo Mundo que estava por vir. A mensagem era cativante e me fez querer saber mais sobre o que seria esse paraíso na terra do qual aquele senhor estava falando. Foi então que ele se ofereceu para me visitar em minha casa e continuarmos esse assunto com mais tempo. Senti que isso era uma resposta às minhas orações, pois eu era um jovem que frequentava uma Igreja Cristã mas que tinha muitas dúvidas e muitos questionamentos sobre várias questões que eu havia lido na Bíblia, mas que não havia encontrado respostas satisfatórias em minha própria Igreja. E por isso havia orado muitas vezes pedindo a Deus que me desse entendimento das Escrituras Sagradas. Eu havia lido anteriormente num periódico da Igreja que as Testemunhas de Jeová são uma seita. Por essa razão, perguntei ao senhor TJ que me abordou, como ele responderia a essa acusação. De pronto ele negou essa acusação e puxou de sua bolsa uma revista A Sentinela com o tema de capa: “Testemunhas de Jeová, Seita ou Ministros de Deus?” a qual abordava justamente esse assunto, e me ofereceu. Eu aceitei prontamente e marcamos para que ele me visitasse dali há três dias, onde falaríamos mais a respeito do paraíso na terra e sobre meu questionamento a respeito de serem ou não uma seita. No dia e hora marcados, veio à minha casa esse senhor TJ e mais um companheiro também TJ que não estava com ele por ocasião da primeira abordagem. Nessa ocasião eles me trouxeram um livro intitulado “Poderá viver para sempre no paraíso na Terra”. O livro era simplesmente muito interessante e, ao olhar o índice, parecia que ele continha as respostas para todas as minhas dúvidas. Era um livro muito bem escrito e lindamente ilustrado com gravuras vívidas que pareciam “falar” comigo a cada vez que eu o folheava. Achei simplesmente maravilhoso e começamos a estudá-lo imediatamente, seguindo-se um plano progressivo de aulas que ocorria uma vez por semana. Meu pai era evangélico, mas não tentou interromper meus estudos com as Testemunhas de Jeová. Ele achava que isso não faria mal algum já que, aparentemente, tratava-se de um estudo da Bíblia, como as Testemunhas de Jeová haviam prometido. A essa altura eu já havia lido a revista A Sentinela que tinha recebido no primeiro encontro e já havia sido convencido pelos argumentos ali colocados de que as Testemunhas de Jeová não eram uma seita. Entre uma visita e outra desse meu “instrutor”, eu mesmo fazia intensas pesquisas bíblicas nesse livro de estudo e cada vez mais fui-me convencendo de que havia encontrado um grande tesouro, algo que parecia dar sentido à minha vida e que me fazia sentir parte de algo especial, único. Foi então que tomei a decisão, com poucas semanas de estudo com as Testemunhas de Jeová, de me desligar da igreja que eu frequentava com meu pai. A partir daí me tornei um frequentador assíduo das reuniões no Salão do Reino e em alguns meses, me tornei um publicador não batizado. Meu zelo era tão intenso que minha média de horas no serviço de campo logo passou a ser notada e comecei a receber elogios dos anciãos. Em seguida me matriculei na Escola do Ministério Teocrático e comecei a receber designações para fazer pequenos discursos de 5 minutos na Congregação local das Testemunhas de Jeová. Com mais alguns meses de estudo fui aprovado para o batismo e simbolizei minha dedicação pelo batismo no Congresso de Distrito de 1995. "Progresso" dentro do movimento TJ Passado um ano do meu batismo, ingressei nas fileiras dos pioneiros de tempo integral, com a designação de gastar 90 horas mensais no ministério de campo, o que significava fazer três horas em média de pregação todos os dias. Não era nada fácil, pois eu tinha que conciliar estudo secular, o trabalho secular e o trabalho ministerial. Mas consegui me manter no serviço por dois anos, vindo a cursar a Escola do Serviço de Pioneiro, até que fui obrigado a sair do serviço de pioneiro regular devido a ter mudado de emprego secular e, em meu novo emprego, estava ficando praticamente inviável cumprir com o requisito de horas na pregação. Mas continuei muito ativo no Serviço de Campo, angariando boa reputação na Congregação. Aos 19 anos, meu empenho e dedicação foi reconhecido e fui designado Servo Ministerial. Eu mal pude-me conter de alegria quando fui informado dessa designação. Eu me sentia o jovem mais sortudo do mundo, ao fazer parte da “única religião verdadeira” e ainda poder ser usado na Congregação, num cargo que trazia certo prestígio entre os jovens e me dava senso de realização. Logo comecei a desempenhar funções importantes dentro da Congregação. Fui Servo de Contas, Dirigente de Estudo de Livro de Congregação e comecei a receber designações de discursos e outras designações até mesmo em Assembleias e Congressos. Minha vida girava em torno do movimento TJ. O movimento era o centro da minha vida, tudo o mais era secundário. Eu me sentia muito feliz e realizado, aguardando ansiosamente o Armagedom que destruiria o mundo inteiro e somente as Testemunhas de Jeová sobreviveriam para implantarem o Paraíso. Descobertas que abalaram minha fé no movimento TJ Em 2004, quando eu estava com vinte e quatro anos, apenas um ano antes de poder ser designado ancião congregacional, acidentalmente descobri coisas que me trouxeram grande perturbação e abalaram profundamente “as certezas” que eu tinha quanto à Organização das Testemunhas de Jeová ser a única religião verdadeira. Naquela ocasião eu trabalhava como Técnico em Informática realizando manutenção de computadores, inclusive atendendo clientes ao domicílio e em empresas da região. A Internet estava começando a se desenvolver aqui no Brasil. Embora ainda não existisse banda larga, a Internet discada já estava se popularizando e eu recebia muitas chamadas para instalar modems e configurar acessos à Internet. Foi numa dessas visitas técnicas ao domicílio que, acidentalmente, tive acesso a conteúdo crítico à Organização das Testemunhas de Jeová e uma pequena “pulga atrás da orelha” começou a me perturbar desde então. Eu havia acabado de configurar a Internet no computador de um cliente e quis realizar um teste para verificar se estava tudo realmente funcionando. Eu tinha lido em dias anteriores nas publicações da Torre de Vigia sobre um site em Inglês que a Torre de Vigia havia colocado no ar. Eu não havia memorizado o endereço eletrônico do site, por isso recorri a um site de buscas e digitei as palavras “Testemunhas de Jeová”, imaginando que o site de buscas me levaria direto para o site oficial da Organização das Testemunhas de Jeová, cujo nome eu não estava me lembrando naquele momento. Mas, para minha surpresa, o site que apareceu era um site com várias denúncias contra a Organização das Testemunhas de Jeová. Um verdadeiro DOSSIÊ muito bem escrito e fartamente documentado. (Atualmente o endereço desse site é: http://testemunha.orgfree.com/). Eu nunca havia acessado sites desse tipo antes, pois o Corpo Governante desincentivava veementemente esse tipo de acesso, alegando que eram sites apóstatas ao serviço do Diabo. Mas uma vez que o site estava estampado na minha frente, foi impossível não perceber de cara que o mesmo continha informações aparentemente bem fundamentadas, pois, o autor se preocupou em citar muitas publicações da Torre de Vigia e referenciá-las, inclusive com número de página e tudo. Também havia muitos fac-símiles de publicações, os quais não deixavam dúvidas de que o que estava sendo dito não era nenhuma invenção. Depois de ler algumas colocações escritas nesse site, fechei a internet e me despedi do cliente informando-o de que estava tudo funcionando. Fui embora para minha casa e as dúvidas começaram a “martelar na minha cabeça”. Eu havia lido rapidamente no site sobre o envolvimento de Russell com o esoterismo e o ocultismo. Vi fotos do túmulo de Russell e do monumento maçônico em sua homenagem. Também vi fac-símile de antigas capas de A Sentinela e de livros escritos por Russell que confirmavam o envolvimento dele com a maçonaria e com o ocultismo astrológico, entre outras coisas embaraçosas e comecei a me questionar sobre como ele poderia ser o escolhido de Deus para restaurar o Cristianismo nos tempos modernos, como crêem as Testemunhas de Jeová, visto que as próprias Testemunhas de Jeová pregavam que os líderes que se envolviam com essas coisas eram falsos líderes religiosos. Resolvi tirar tudo isso a limpo e voltei a acessar o site mencionado com mais tempo a fim de pegar as referências citadas e depois consultar diretamente nas publicações da Torre de Vigia que haviam em minha casa e na biblioteca do Salão do Reino. Foi aí que, além das coisas já citadas, li também sobre o envolvimento do Corpo Governante com a ONU, uma clara violação da neutralidade que as Testemunhas de Jeová alegam ter, além de muitos outros casos chocantes envolvendo a recusa das vacinas e de transplantes de órgãos, envolvimento com o Nazismo, Anti-semitismo, adulterações na Tradução do Novo Mundo, Falsas Profecias, entre outras coisas chocantes e inimagináveis para uma Testemunha de Jeová. Foi então que ficou claro para mim que a organização das Testemunhas de Jeová não era a religião verdadeira que eu havia sido levado a crer. Ficou claro também que essa religião não passava no teste que eu sempre aplicava às outras religiões quando queria convencer alguém de que a religião dele era falsa e a minha verdadeira. Nesses casos eu fazia uso do texto de Mateus 7:17 sobre a árvore boa que não produz fruto ruim. Eu havia sido treinado pelas Testemunhas de Jeová de que a árvore boa é a religião verdadeira (a Organização Torre de Vigia) enquanto que a árvore com fruto ruim são todas as outras religiões, pois estão cheias de enganos e envolvimentos com o mundo, segundo o Corpo Governante. Mas quando passei a aplicar esse mesmo método comparativo com respeito à Organização das Testemunhas de Jeová depois das coisas que descobri, ficou claro para mim que essa organização era uma árvore tão ou mais podre do que as outras religiões que eu costumava acusar e dizer que eram falsas. Conversa com os anciãos da congregação e cartas para Betel Eu havia parado de frequentar as reuniões no Salão do Reino e um dos anciãos logo me procurou para saber o que estava acontecendo comigo. Contei parte do que havia descoberto e como isso estava-me afetando. Ele perguntou se eu gostaria de conversar com outros anciãos à respeito e eu concordei. Marcámos um horário no Salão do Reino e ele e mais um outro ancião se reuniram comigo no intuito de me animar e tirar as minhas dúvidas com respeito a tudo o que eu havia descoberto. Mas o que pude perceber é que os anciãos não tinham a menor ideia das coisas que eu havia descoberto. Foi tudo tão novo para eles como havia sido para mim. Porém, como eu havia levado para a reunião cópias dos documentos que comprovavam que tudo o que eu havia descoberto era verdade, eles me incentivaram a escrever para os anciãos em Betel em busca de esclarecimentos. Eu estava muito triste com tudo o que havia descoberto. Era como se um encanto tivesse sido quebrado de forma irremediável. Foi então que decidi seguir o conselho dos anciãos locais e escrevi para os anciãos em Betel como uma última chance para a Organização refutar as acusações que constavam no site. Eu ainda tinha uma pequena esperança de que tudo era apenas um “pesadelo” e que logo eu iria “acordar” quando chegasse a resposta de Betel. Peguei todas as provas que eu havia impresso, os fac-símiles e outros documentos que comprovavam as acusações no site e enviei, juntamente com uma longa carta pedindo explicações, aos anciãos em Betel. Mas, para minha surpresa, os anciãos de Betel nem sequer tentaram refutar as acusações, pois eles não tinham como refutar informações que estavam impressas nas próprias publicações da Torre de Vigia. Eles se limitaram a insinuar que eu estava enfraquecido na fé e por isso estava dando atenção aquelas coisas. Fiquei profundamente chateado com aquela vaga resposta. Em seguida informei aos anciãos que a resposta de Betel havia chegado, mas que não tinha esclarecido nada. Apenas, indiretamente, pelo silêncio, ratificava tudo o que eu havia descoberto. Foi então que resolvi escrever mais uma vez para Betel e, dessa vez, exigi que analisassem cada questionamento meu e me respondessem de acordo, refutando ou reconhecendo os erros apontados. Porém, dessa vez não houve mais respostas de Betel. Meu pedido de Dissociação Após esperar três meses por uma resposta que não veio, resolvi escrever uma carta de Dissociação ao corpo de anciãos da congregação local onde comuniquei oficialmente que, dali em diante, eu não me identificaria mais como Testemunha de Jeová. Logo após a comunicação que os anciãos fizeram na Congregação sobre a minha dissociação, entrou em ação a prática que as Testemunhas de Jeová impõem com respeito aos que se afastam do movimento: o ostracismo aos ex-membros. Todos se afastaram de mim, inclusive meus amigos desde a adolescência que haviam crescido comigo dentro do movimento e que diziam ser meus irmãos. De início foi muito difícil. Mas eu havia decidido não colocar uma Organização religiosa no lugar que só pertence a Jesus Cristo, o único mediador entre nós e Jeová Deus. E, desde então, Deus tem me sustentado com seu amor e sua doce graça. Marinaldo Portela
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