Meus queridos amigos, a história que vou contar é a história de alguém que acreditou ter ganho a promessa de vida eterna ao entrar na religião das Testemunhas de Jeová, mas que depois veio a perder aquilo que ninguém jamais deveria perder: o amor, o crescimento e a experiência de ser um pai para seus filhos. Espero que me acompanhem nesta viagem no tempo, à medida que contarei uma experiência pessoal e dolorosa como ex-Testemunha de Jeová que não desejo a ninguém. Nasci num lar católico no Maranhão. Meus pais educaram-me no catolicismo e permaneci assim até à idade de 18 anos, altura em que a minha sede por espiritualidade e o desejo de conhecer melhor a Deus e seus propósitos me fizeram ter contato com algumas igrejas evangélicas. Fiz entretanto o serviço militar na época. Não tardou muito que tivesse contato com as Testemunhas de Jeová e em 1980 iniciei um estudo bíblico no livro "Verdade que Conduz à Vida Eterna", abraçando rapidamente a recém-encontrada fé no batismo em água. Visto estar morando na época em São Paulo, fui batizado num congresso no estádio do Pacaembú. Sempre tive mente inquisitiva e procurava avidamente entender melhor a Palavra de Deus e como Testemunha de Jeová interessava-me profundamente pelas profecias bíblicas e seu cumprimento futuro. Naquela época, o ensino oficial das Testemunhas era que a geração que havia presenciado os acontecimentos ocorridos em 1914, estaria forçosamente viva ainda para presenciar a vinda do "fim do sistema de coisas" no Armagedom. Esta era a "verdade" da época e era ensinada com tal certeza que as Testemunhas contavam os anos, antevendo o fim dessa geração e a proximidade do fim. Ao sair ao campo, pregando a mensagem que acreditava estar certa, era confrontado com muitas pessoas que punham em causa as interpretações oficiais da Torre de Vigia, tais como a Volta invisível de Jesus, as duas esperanças diferentes para os cristãos (terrestre e celestial), o ensino de que apenas os chamados "ungidos" podem participar no Memorial, etc. Tais questionamentos, apresentados com bases bíblicas e argumentos de peso, foram minando gradualmente a confiança que havia depositado na interpretação fornecida pelo chamado "Escravo Fiel e Discreto". Afinal, seria possível que estas doutrinas ou ensinos estivessem mal interpretados por parte das Testemunhas de Jeová? – questionava-me seriamente. Certo dia, debati com um adventista o texto de Daniel 8:14 que diz: "E ele me disse: “Até terem passado 2.300 noites e manhãs. E o lugar santo certamente será restabelecido na sua condição correta.” (TNM Revisada) Percebi que o ensino da Organização sobre esta passagem é muito confuso, incoerente e sem respaldo bíblico e histórico. Ele também me confrontou com várias falsas profecias que a Torre de Vigia havia feito no passado, uma delas pouco tempo antes de eu conhecer a religião. Sim, falo do ano de 1975, onde a Torre de Vigia criou a expectativa do fim para esse ano, levando a que muitos adiassem projetos pessoais, outros vendessem seus bens para servir onde havia mais necessidade ou ainda outros comprassem bens que jamais iriam pagar! Afinal, o fim estava mesmo às portas. Tudo isso me atingiu com força e foi mais um alerta de que aquilo que eu havia passado a encarar como sendo a "Verdade", talvez não fosse realmente assim. No serviço de pregação que realizava nas casas, não poucas vezes, deparava-me com perguntas que me deixavam embaraçado. Ao buscar explicações com os anciãos no salão onde frequentava, eles me diziam que certos pontos ainda não estavam bem definidos pelo "Escravo Fiel e Discreto", referindo-se aos líderes máximos da seita, cuja sede encontra-se nos Estados Unidos. Passei a questionar seriamente alguns dos ensinos que me haviam ensinado, mas ainda assim, não conseguia libertar-me emocionalmente daquela religião. Parecia ter sofrido uma lavagem cerebral e tentava sempre desculpar a religião, achando que afinal a "luz clareia mais e mais" e no devido tempo Jeová iria corrigir as coisas. Percebi também nesse tempo, como as pessoas eram levadas a condenar tudo o que viesse de outras religiões, encarando-as como sendo de Satanás. Nem mesmo livros dessas religiões elas são permitidas possuir e caso o façam poderão ter sérios problemas na congregação, caso os anciãos venham a saber disso. Depois de muita luta interior, vim a reconhecer que a religião que havia abraçado como sendo a "religião verdadeira", não passava de uma fraude, uma falsificação. O que me deu forças para isso, foi ter lido a passagem do evangelho de João, capítulo 6. Essa passagem atingiu-me como um soco no estômago quando li especialmente a parte em que Jesus diz que apenas aquele que comer de sua carne e beber do seu sangue vai ganhar a vida eterna. Jesus aqui fazia referência àquilo que ele iria instituir algum tempo depois – o Memorial da sua morte ou também chamado de Refeição Nocturna do Senhor. Percebi que em mim não poderia haver a vida eterna prometida por Cristo, a menos que eu tomasse dos emblemas na Ceia, contrariando o ensino oficial das Testemunhas de Jeová de que apenas um pequeno número de cristãos designados como "ungidos" com esperança celestial o poderiam fazer. A vasta maioria das Testemunhas, consideradas como pertencentes à futura Grande Multidão que habitará na Terra após o Armagedom, está proibida de o fazer. Percebi que a maioria das Testemunhas de Jeová rejeita, mesmo sem saber, a dádiva da vida eterna, pois Jesus não deixou margem para dúvidas quando disse: “Digo-lhes com toda a certeza: A menos que comam a carne do Filho do Homem e bebam o seu sangue, vocês não têm vida em si mesmos. 54 Quem se alimenta da minha carne e bebe o meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia, 55 pois a minha carne é verdadeiro alimento, e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Quem se alimenta da minha carne e bebe o meu sangue permanece em união comigo, e eu em união com ele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim também aquele que se alimenta de mim viverá por causa de mim." (TNM Revisada) Para mim tornou-se claro que comer do pão e beber do vinho, nada mais eram do que um símbolo do resgate de Jesus por nós e que apenas por participarmos desse símbolo seríamos identificados por Cristo como pertencentes a ele, do mesmo modo que para os israelitas do passado serem identificados para a salvação, aquando da passagem do anjo da morte, eles tiveram que aspergir sangue sobre as ombreiras das portas como sinal. Só assim demonstravam a sua fé nas promessas de Deus e que desejavam serem salvos naquela noite. Esta passagem tornou-me resoluto em abandonar a organização que eu percebia não ter nenhuma promessa de vida eterna. Muitas outras questões me levaram à conclusão que esta religião não ensinava a verdade bíblica e que passo a enumerar resumidamente: – Segunda Vinda de Cristo de modo invisível contrariando a Bíblia; – O Falso Evangelho da Torre de Vigia sobre o entronizamento de Jesus nos céus em 1914; – A falsa data para a destruição de Jerusalém em 607 AEC; – etc. Como disse no princípio, o abandono da religião das Testemunhas de Jeová não deixou de ter um custo muito alto. Alto demais para qualquer pessoa. Abandonei oficialmente a religião em 1993, mas não tive o apoio de minha ex-esposa, ela também Testemunha de Jeová. Violando claramente mandamentos bíblicos sobre o casamento e o devido respeito para com o cabeça do casal, ela abandonou o lar levando consigo nossos 4 filhinhos. Ainda tentei visitá-los por 2 vezes, em 1996 e em 2005, mas devido à minha situação financeira não mais o consegui fazer. Meus filhos cresceram sem o pai e agora que estão maiores de idade, é como se eu não existisse. Como qualquer pai pode atestar, perder um filho dói demais. Agora imagine perder de uma vez só meus 4 filhos! E tudo porquê? Porque entrei numa religião que me prometia a vida eterna e um conhecimento verdadeiro da Palavra de Deus, mas que ao descobrir que era um embuste, virou minha família contra mim. Na verdade, eles ficaram reféns da religião devido à lavagem cerebral feita em minha esposa e que acredito eu, também feita em meus filhos desde pequenos. Sei que não sou mais que ninguém e reconheço que muitos cristãos ao longo dos séculos perderam tanto ou mais que eu. Por isso mesmo encontro consolo nas palavras de Jesus quando ele disse: "E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou terras, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna." – Mateus 19:29 (TNM Revisada) Fotos de Luis Bezerra com os filhos Nesse período difícil da minha vida entrei em depressão. Posso mesmo dizer que bati no fundo do poço. Mas Deus colocou no meu caminho pessoas que me ajudaram a erguer, tais como o Cid Miranda, William Gadelha, entre outros. Alguém que recordo com saudade e que me apoiou também espiritualmente e que foi decisivo em não perder a fé no Criador e nas suas promessas, foi Raymond Franz, um homem profundamente cristão. Para quem não sabe, Raymond Franz foi membro do Corpo Governante durante 9 anos, até que numa verdadeira caça às bruxas, foi expulso da Sede Mundial nos EUA, junto com outros betelitas, acusados de estudarem a Bíblia às escondidas e de questionarem várias das doutrinas oficiais da religião, tais como a data de 1914, a separação entre classes de cristãos e a data de 607 AEC para a queda de Jerusalém pelos babilónios. Nesse momento de dor e desespero, recebi a ajuda destes homens de fé, que através de conversas pessoais, por telefone e no caso de Raymond Franz por carta, me infundiram coragem para me reerguer novamente. Raymond fez-me ver que a minha relação com Deus e Jesus era o mais importante, não o procurar obter o favor divino através de uma organização humana. Tenho desde então tomado a peito esse conselho, deixando também nas mãos de Deus e Seu Filho, qualquer desejo de vingança contra aqueles que me roubaram o que de mais precioso eu tinha. O meu testemunho fica como prova de que esta religião mascarada de cristã, esconde um lado muito escuro e sombrio e muitas das vidas por ela tocadas poderão nunca mais refazer-se totalmente. Seja pelo ostracismo praticado contra quem sai, seja pela perda de um ente querido na morte pela recusa de tratamento médico necessário, seja pelo engano em acreditar em falsas promessas e guiar sua vida baseado nelas, tudo isso pode resultar em muita dor e lágrimas, como foi comigo. Desejo do fundo do coração que isso não aconteça com você. Mas se já tiver acontecido, acredite que o amor de nosso Senhor Jesus Cristo repousa sobre si, pois ele também sofreu na pele o ódio provocado pela religião de seus dias. Que ele esteja consigo, assim como tem estado comigo todos estes anos! Graças ao Pai celestial, pude refazer a minha vida, agora com uma mulher amorosa e apoiadora que me deu 3 lindos filhos, fazendo-me lembrar da provação de Jó, que após ter perdido seus 10 filhos no temporal provocado por Satanás, Deus o recompensou pela sua fidelidade com outros tantos filhos e filhas. Luis com sua nova família Espero que todos aqueles que passaram ou passam por momentos difíceis provocados pelo seu desligamento da Torre de Vigia, percebam que a vida não terminou. Ela apenas começou! Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Luiz Alberto Araújo Bezerra (Fb)| do Brasil
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Testemunhos,Aqui você terá acesso a testemunhos de vários irmãos em Jesus, filhos do Senhor Jeová Deus, os quais têm vindo a libertar-se da religião... Categorias,
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