Lisboa, 24 de Fevereiro de 2018 Prezado corpo de anciãos da congregação XXXXXXX das Testemunhas de Jeová Venho por este meio manifestar o meu desejo inequívoco de desligar-me oficialmente da religião das Testemunhas de Jeová e não ser mais considerado como estando vinculado à Associação das Testemunhas de Jeová. Tomei esta decisão em virtude de estar consciente de que, após ser convocado para uma Comissão Judicativa, em virtude da minha discordância em relação a muitos dos ensinos da organização Torre de Vigia e de a ter expressado publicamente de vários modos, este seria o passo correto a dar. Não que me sinta obrigado a fazê-lo, mas porque quero deixar clara a minha posição perante a congregação e a comunidade. Como ex-ancião, reconheço que a maioria dos anciãos nas congregações se esforçam de coração em fazer o melhor que podem e sabem em prol dos irmãos, embora também reconheça que muitas vezes o fazem de modo mecânico e legalista. Isto acontece em virtude da burocracia e regras impostas pela organização Torre de Vigia, onde é dado pouco espaço para o verdadeiro amor cristão e compaixão misericordiosa como o nosso pastor excelente, o Senhor Jesus Cristo deu o exemplo. (Ler o artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/uma-mensagem-a-todos-os-anciaos-e-servos-ministeriais) O processo que me conduziu a esta postura em relação à religião em que praticamente nasci e fui criado, deveu-se acima de tudo a uma questão de consciência. Nada tenho ou tive contra irmãos individualmente e muitas são as pessoas que me conheceram enquanto Testemunha de Jeová ativa que podem atestá-lo. Sempre me esforcei em ser amoroso, compassivo e nunca deixei que privilégios ou cargos de responsabilidade me tornassem orgulhoso ou agisse como “amo da fé” de ninguém. Sempre dediquei ao máximo a minha energia e capacidades por aquilo que acreditava ser a “verdade”. O processo pelo qual passei e que acredito, tem sido similar a muitos milhares de outros que acabam nestas circunstâncias (conheço pessoalmente muitos assim), resultou de uma profunda insatisfação em relação a certos ensinos e procedimentos organizacionais que me levaram a pesquisar a fundo as nossas doutrinas e sua história, encarando de forma objetiva aquilo que realmente esta religião é e aquilo que afirma ser. Levei anos de intenso estudo e pesquisa (ainda enquanto ancião), para entender e achar coerência em certos ensinos que, como se diz em português, me “deixavam com a pulga atrás da orelha”. Adquiri uma generosa biblioteca bíblica, que junto com as publicações da Torre de Vigia serviu para mergulhar a fundo na ‘Palavra de Deus’. Ao fazer isso e comparar os ensinos da Torre de Vigia com aquilo que a Bíblia realmente diz encontrei várias discrepâncias e interpretações duvidosas, a mais recente sendo as várias mudanças com respeito à “geração sobreposta”. Ler este artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/membro-do-corpo-governante-explica-doutrina-da-geracao-sobreposta-mateus-2434) Acredito que os irmãos, todos vocês, já tiveram a mesma sensação de que certos ensinos parecem ser ‘forçados’ e adaptados a bel-prazer do Corpo Governante. Mas infelizmente, para quem acredita que esta é a “religião verdadeira”, simplesmente se esforça por abafar tais sentimentos inquietantes ou dúvidas e segue em frente. Afinal, pensamos nós, “Jeová irá revelar mais informações por meio do Escravo”. Mas como Jeová poderá revelar algo a alguém que não é inspirado por Ele e simplesmente tenta entender a Bíblia, assim como qualquer outro na humanidade? (Ler este artigo: https://www.facebook.com/notes/desperta/o-corpo-governante-admite-que-erra-e-que-n%C3%A3o-%C3%A9-perfeito/520043348193707/) É claro que para quem ama realmente a Jeová e Seu Filho e deseja ter um relacionamento achegado com eles, não pode deixar de continuar a desejar saber e obter conhecimento bíblico sobre se aquilo que aprendemos na religião onde estamos está em harmonia com a Sua Palavra. Como disse a própria organização: "Uma vez que não queremos que a nossa adoração seja em vão, é importante que cada um de nós examine a sua religião. (...) precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. (...) se amarmos a verdade, não precisamos temer tal exame." – Verdade que Conduz à Vida Eterna, página 13 Poderemos nós estar sendo enganados por pessoas, que apesar de poderem ser bem-intencionadas, estão elas mesmas iludidas por uma falsa convicção. Sim, podemos! E que convicção é esta? É a ideia de terem um papel especial no propósito de Deus, conduzindo outros a segui-las como “profetas” de maneira enganosa. Acredito que existe nestes casos um “complexo de messias”. Muitos dos líderes de seitas e grupos destrutivos enquadram-se neste tipo de problema psiquiátrico, levando outros a acreditar que somente eles possuem a chave do conhecimento e da salvação. Infelizmente, em muitos casos isso tem resultado em morte, dor e lágrimas (ex. Jonestown, Ramo Davidiano, Heaven’s Gate, entre outros). (Ler este artigo: https://www.facebook.com/notes/desperta/o-que-%C3%A9-um-falso-profeta-segundo-a-b%C3%ADblia-e-como-identific%C3%A1-lo-parte-i/507077362823639/) Tenho a firme convicção de que as Testemunhas de Jeová enquadram-se neste tipo de seitas ou grupos destrutivos, onde a demanda pela obediência cega e incondicional aos desmandos de líderes religiosos e suas interpretações, resultam em escolhas pessoais prejudiciais, chegando ao ponto de resultar em escolhas de vida ou morte, como na questão do sangue. (Ler o artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/serao-as-testemunhas-de-jeova-uma-seita-destrutiva) Na realidade, o que adianta conhecer a Bíblia de trás para a frente, quando muitas das interpretações que os líderes escolhem para seus ensinos estão distorcidos, descontextualizados e até mesmo muitas vezes estão em oposição àquilo que ela explicitamente diz. Veja-se o caso da interpretação que a Torre de Vigia faz sobre a mediação de Jesus Cristo. Quando a Bíblia afirma categoricamente que Jesus é o mediador de TODA a humanidade (1 Timóteo 2:5), o Corpo Governante afirma que ele somente é mediador de uma elite pequena de cristãos: os ungidos ou 144.000, colocando-se eles mesmos como mediadores entre nós e Jesus Cristo. Isto é simplesmente uma aberração teológica, para não dizer uma blasfémia contra Cristo! (Ler artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/quem-e-o-mediador-das-testemunhas-de-jeova) A Torre de Vigia que tanto tem criticado as outras religiões, especialmente a Igreja Católica, pela criação de dogmas extra-bíblicos e que estão em oposição aos ensinos claros da Bíblia, tem caído no erro de fazer exatamente o mesmo, de modo a ir ao encontro de uma ideologia de poder e supremacia, de modo a legitimar a sua autoridade eclesiástica perante a comunidade religiosa. Afinal, qual deve ser a bitola para a nossa fé? Aquilo que a Bíblia diz ou aquilo que é interpretado de modo particular por alguém que se tem mostrado inconstante e incoerente na forma como interpreta assuntos bíblicos? Basta contar quantas mudanças de ensinos já ocorreram na história das Testemunhas de Jeová! Largas centenas e continuarão a mudar, à medida que suas falsas profecias não se cumprirem ou tiverem necessidade de mudar por motivos puramente estratégicos, como no caso da questão do sangue, etc. (Ler artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/category/significado-proverbios-418) E a questão não é apenas neste ensino, que eu considero fulcral e que põe em causa a salvação individual de quem afirma ser cristão. Se Jesus não é o nosso mediador e se não estamos inseridos no Novo Pacto, qual a justificação que temos diante de Deus para sermos salvos? A mediação de Jesus é a base para a salvação! A Bíblia é clara quando mostra que aqueles que estão fora do Novo Pacto não têm a perspetiva da salvação em Cristo. Na Bíblia, não existe meio-termo. Ou se está dentro do Novo Pacto e nos beneficiamos desse arranjo ou estamos fora e não podemos receber os benefícios dele. Não existem humanos que possam preencher o lugar de Cristo neste aspeto! As seguintes passagens mostram claramente o que acabo de mencionar: "Mas vós sois “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial, para que divulgueis as excelências” daquele que vos chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Porque vós, outrora, não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; vós éreis aqueles a quem não se mostrara misericórdia, mas agora sois os a quem se mostrou misericórdia." – 1 Pedro 2:9, 10 "Mediante ele temos o livramento por meio de resgate, por intermédio do sangue desse, sim, o perdão de [nossas] falhas, segundo as riquezas de sua benignidade imerecida." – Efésios 1:7 "Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que passou pelos céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos à [nossa] confissão [dele]. Pois temos por sumo sacerdote, não alguém que não se possa compadecer das nossas fraquezas, mas alguém que foi provado em todos os sentidos como nós mesmos, porém, sem pecado. Aproximemo-nos, portanto, com franqueza no falar, do trono de benignidade imerecida, para obtermos misericórdia e acharmos benignidade imerecida para ajuda no tempo certo." – Hebreus 4:14-16 "Não é que de nós mesmos estejamos adequadamente habilitados para considerar qualquer coisa como procedente de nós mesmos, mas, estarmos adequadamente habilitados procede de Deus, quem deveras nos habilitou adequadamente para sermos ministros dum novo pacto, não dum código escrito, mas de espírito; pois o código escrito condena à morte, mas o espírito vivifica." – 2 Coríntios 3:5, 6 "De quanto mais severa punição, achais, será contado digno aquele que tiver pisado o Filho de Deus e que tiver considerado de pouco valor o sangue do pacto com que foi santificado, e que tiver ultrajado com desdém o espírito de benignidade imerecida? Pois, conhecemos aquele que disse: “Minha é a vingança; eu recompensarei”; e, novamente: “Jeová julgará o seu povo.” Coisa terrível é cair nas mãos do Deus vivente." – Hebreus 10:29-31 Apenas estas passagens bíblicas mostram que é de séria responsabilidade aceitar e estar dentro do Novo Pacto estabelecido por Deus e mediado por Jesus. A esperança de salvação depende disso! Outros ensinos têm condicionado a vida e futuro de gerações de Testemunhas de Jeová, tais como a proibição do serviço cívico que tantos jovens levou à prisão desnecessariamente. Jovens passaram anos na cadeia por causa de mais uma falsa interpretação do Corpo Governante! Alguém ouviu um pedido de desculpas por parte destes homens não-inspirados, mas que atuam como autoproclamados “porta-vozes” de Deus? Que dizer também de ensinos do passado em que vacinas, transplantes e até mesmo frações de sangue que hoje são permitidas, foram no passado proibidas. E não adianta dizer que o contexto histórico era outro, pois tais proibições foram impostas por uma organização que afirmou ser o “porta-voz” de Jeová e seu “profeta” na terra. Tudo com suposta autoridade divina e com base bíblica! Os irmãos que na época que obedeceram inquestionavelmente ao ponto de perder suas vidas, acreditavam estar fazendo a vontade de Deus. Mas era mesmo a vontade de Deus ou a vontade de homens que a seu bel-prazer faziam o papel de “deuses” na terra, indo além daquilo que Deus havia decretado? Deixo apenas alguns exemplos de citações das publicações da época que provam isso: Vacinas: "O público não está em geral consciente de como a produção de soros, anti-toxinas e vacinas é uma grande indústria, ou de como o Alto Comércio controla toda esta indústria.... os conselhos de saúde esforçam-se para começar uma epidemia de varíola, difteria, ou [febre] tifóide para que possam ceifar uma colheita dourada ao inocularem uma comunidade que não pensa, com o exacto propósito de dispor desta porcaria manufacturada." — The Golden Age [A Idade do Ouro], 3 de Janeiro de 1923, página 214. Transplantes: "Será que há alguma objeção bíblica a que se doe o corpo para uso na pesquisa médica ou que se aceitem órgãos para transplante de tal fonte? — W. L., EUA. [...] Quando há um órgão doente ou defeituoso, o modo usual de a saúde ser restaurada é por receber substâncias nutritivas. O corpo utiliza o alimento ingerido para consertar ou curar o órgão, substituindo gradualmente as células. Quando os homens de ciência concluem que este processo normal não mais dará certo e sugerem a remoção do órgão e a substituição do mesmo de forma direta por um órgão de outro humano, isto é simplesmente um atalho. Aqueles que se submetem a tais operações vivem às custas de carne de outro humano. Isso é canibalesco. Não obstante, ao permitir que o homem comesse carne animal, Jeová Deus não deu permissão para os humanos tentarem perpetuar suas vidas por receberem canibalisticamente em seus corpos a carne humana, quer mastigada, quer na forma de órgãos inteiros ou partes do corpo, retirados de outros.” — A Sentinela de 1° de junho de 1968 páginas 349 e 350. (Ler este artigo: https://www.facebook.com/notes/desperta/as-testemunhas-de-jeov%C3%A1-e-o-charlatanismo-em-assuntos-m%C3%A9dicos/452865578244818/ Frações e uso do sangue como terapia transfusional Para mim, este foi o ponto de viragem na forma como passei a ver esta organização religiosa, ao perceber o ziguezague doutrinal com respeito ao uso do sangue e a forma criminosa como a Torre de Vigia tem levado milhões de pessoas a acreditarem que Deus condena à destruição eterna quem aceitar certos componentes do sangue, enquanto permite a vida eterna a quem aceitar apenas os componentes de sangue permitidos pela organização Torre de Vigia. Como se uma separação artificial do sangue fosse aprovada ou desaprovada por Jeová! Vejamos apenas este exemplo de ziguezague doutrinal com respeito às frações de sangue. Hoje em dia, quase tudo isto é coisa do passado e apesar de milhares de pessoas terem morrido e sofrido por políticas e doutrinas organizacionais, a Torre de Vigia nunca teve a coragem e humildade de pedir perdão às vítimas, assim como não tem tido coragem de pedir perdão às vítimas de abuso sexual nas congregações que têm vindo a público pedir justiça, porque na época seus casos foram encobertos e foram pressionadas a não revelarem seus casos às autoridades porque isso iria manchar a organização e o nome de Jeová. Que vergonha meus irmãos, pertencer a uma organização que tem este passado, onde o rasto de sangue e sofrimento tem sido enorme. Segundo estatísticas, só em relação a mortes causadas pela interpretação do sangue pela Torre de Vigia, já morreram mais de 50.000 pessoas desde que esta doutrina foi imposta à comunidade. Estas mortes superam em muito os suicídios coletivos já ocorridos em outras seitas destrutivas. Quanta culpa de sangue! As Testemunhas de Jeová continuam a ser levadas para o matadouro em sentido simbólico e apresentadas a Jeová como um sacrifício no altar a um deus pagão, coisa que certamente nem mesmo subiu ao coração do Nosso Pai Celestial (Jeremias 7:31). Basta ver a forma amorosa e compassiva como Jesus lidou com pessoas que violavam a lei mosaica em seus dias, desde os marginalizados pela sociedade, aos doentes e às pessoas pecadoras. Jesus até mesmo e de modo aberto mostrou que a vida e saúde das pessoas era mais importante que obedecer à “letra da lei”. Ele próprio citou as Escrituras quando disse: “Misericórdia quero e não sacrifício” (Mateus 9:10-13; 12:1-7). Jesus aplicou aquilo que ainda hoje é uma tradição rabínica, chamado de pikuach nefesh. O conceito rabínico judaico pikuach nefesh, é um conceito milenar que defende o valor ou santidade da vida humana acima de qualquer tradição ou doutrina religiosa. Segundo este conceito, uma vida deve ser preservada a todo o custo, sendo por isso a obrigação de um judeu salvar a sua vida ou a de outrem, mesmo que para isso tenha que violar uma lei ou mandamento religioso. Por exemplo, se existe alguém em perigo de vida, aplicar o pikuach nefesh, significa por exemplo, violar o Sábado para que essa vida seja salva, talvez viajando de carro nesse dia para levar a vítima ou doente ao hospital. Significa também, por exemplo, um judeu comer comida que não seja kosher, caso a sua saúde ou vida dependa disso. É importante perceber que para os judeus, a Lei Mosaica continua a ter um papel importante em suas vidas. Isso inclui a forma como esta proíbe o consumo de carne com seu sangue. Por isso, os judeus ortodoxos molham a carne em água, salgam-na e então a drenam, a fim de tirar todo o sangue. Neste aspeto são muito mais rigorosos que as Testemunhas de Jeová e têm um regime alimentar cuidado e seleto (kosher). É pertinente perceber que mesmo continuando a seguir os mandamentos da Lei Mosaica com respeito ao sangue, os judeus estão autorizados a receber transfusões de sangue. Não existem por isso, grupos religiosos judaicos que proíbam transfusões de sangue. Assim, preservar a vida prevalece sobre a Lei mosaica: um princípio conhecido como pikuach nefesh. Do mesmo modo, os muçulmanos estão também proibidos de beber ou comer sangue e derivados (haram), mas são-lhes permitidas as transfusões como um procedimento para salvar suas vidas. Como é óbvio, o uso do sangue quando uma pessoa corre risco de vida seria pikuach nefesh, ou seja, colocar a vida da pessoa acima de uma lei ou mandamento religioso. Embora, os judeus não encarem o uso do sangue na medicina do mesmo modo que as Testemunhas de Jeová, ainda assim, caso vidas estivessem em jogo, percebe-se claramente qual a decisão que tomariam à luz deste conceito bíblico. Basta ler as Escrituras Gregas Cristãs e notar o modo compassivo como Jesus usou este princípio. Não deveria de ser este o modelo de todo aquele que afirma ser cristão? Assim, morrer no altar da Torre de Vigia por uma doutrina que já mudou ao longo dos tempos e que continuará a mudar… para quê? Para satisfazer o ego de homens que vivem num mundo quase perfeito, onde nada lhes falta e onde todas as mordomias e luxos deste mundo lhes estão disponíveis? É incrível como a endoutrinação trabalha na mente das pessoas e as leva a fazer aquilo que um ser humano jamais faria no seu estado normal. Morrer e matar em nome de Deus se torna algo banal e até mesmo louvável! (Ler o artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/transfusoes-de-sangue-porque-as-testemunhas-de-jeova-estao-erradas-em-rejeita-las) Os peritos em seitas e grupos destrutivos explicam muito bem este processo, designando-o de “influência indevida” ou pelo termo mais comum “controle mental”, onde o processo crítico é reduzido ao mínimo e as pessoas ficam cativas de um pensamento sectário, onde tudo o que o líder ensina e diz é como se fosse o próprio Deus a dizê-lo. Ele torna-se o “porta-voz” e uma espécie de encarnação da divindade. (Ler o artigo: https://www.facebook.com/notes/desperta/influência-indevida-uma-ameaça-significativa/520739778124064/ Poderia apresentar aqui muitíssimas mais razões que me levaram a descartar esta religião como a “única religião verdadeira”. Como já disse, esta decisão levou anos a ser tomada, debaixo de oração e muita pesquisa. Muita mesmo! Sei que os irmãos me passarão a encarar como “apóstata”, um “doente mental”, um “filho de Satanás” e uma “gangrena”, simplesmente porque passei a discordar abertamente dos ditames farisaicos e doutrinas erradas de uma elite de homens que funcionam como um papado coletivo, bem ao estilo da Igreja Católica a quem tanto criticaram no passado. Mas felizmente sei que a minha consciência está limpa aos olhos de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo. Como disse Paulo: “Para mim, pouco importa ser examinado por vocês ou por um tribunal humano. Na verdade, nem eu examino a mim mesmo. Pois não estou ciente de nada contra mim mesmo. Mas isso não prova que eu seja justo; quem me examina é Jeová.” – 1 Coríntios 4:3, 4 Quero que saibam que não desejo mal a ninguém. Nunca o desejei. Amo a todos os irmãos! É esse mesmo amor que me levou a expor o que sabia sobre esta seita destrutiva e que me levará a continuar expondo factos que provam como as pessoas são manipuladas por seus líderes máximos, nesta e em outras seitas destrutivas. Como disse Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante e autor de dois belíssimos livros que revelam o lado oculto da Torre de Vigia e seus líderes, todos nós somos “vítimas de vítimas” neste ciclo pernicioso de proselitismo, que nos transforma em meras peças num jogo, cujos contornos e regras não chegamos a conhecer totalmente. O conceito “organização” tornou-se o ‘bezerro de ouro’ para as Testemunhas de Jeová, ao passo que olham para ela como símbolo de salvação e obediência inquestionável, a “arca simbólica” que os salvará através do Armagedom. Nada mais que idolatria, similar ao que ocorre em outros grupos religiosos quando consideram que suas religiões, seus ícones e seus santos os salvarão, esquecendo que esse papel apenas pertence ao Cristo. A própria organização há alguns anos escreveu: “Não podemos participar em nenhuma versão moderna de idolatria – seja em forma de gestos adorativos diante de uma imagem ou um símbolo, seja por imputar salvação a uma pessoa ou a uma organização (1 Coríntios 10:14; 1 João 5:21).” – A Sentinela, 01/11/1990 “Não pense nisto como se limitando aos que frequentam lugares de adoração ou se empenham em alguma forma de serviço ou prática religiosa. Se uma pessoa rende serviço em obediência a alguém ou a alguma organização, quer voluntária quer compulsoriamente, considerando como algo em posição superior de domínio e com grande autoridade, então se pode dizer biblicamente que tal pessoa é adoradora.” – A Sentinela, 01/03/1962, pág. 141. Temos sido marionetes na mão de homens imperfeitos que atuam como “deuses” na terra, mandando e desmandando na vida de milhões de pessoas e cuja obediência incondicional deve ser mantida a todo o custo sob pena da “morte social”, já que a lei não permite a pena máxima: a morte física. Recorrendo à prática do ostracismo de ex-membros, à semelhança de outras seitas destrutivas, a organização usa de bullying psicológico com as pessoas que saem da religião, de modo a forçá-las a quebrar emocionalmente e a “voltarem para Jeová” (leia-se organização). A Torre de Vigia faz assim chantagem emocional, violando várias convenções internacionais sobre liberdade religiosa e direitos humanos, provocando danos emocionais e psicológicos, tanto nas vítimas do ostracismo como na família dos ex-membros. Todos sofrem apenas porque os líderes da religião interpretaram e distorceram textos bíblicos de modo a proteger a “santa organização” daqueles que poderiam ameaçá-la de algum modo. Isto causa assim a separação de famílias antes unidas e amorosas, rompendo casamentos e laços sanguíneos, apenas pela única razão dos ex-membros não mais pertencerem à religião e serem submissos a ela. Violam com isso inúmeros princípios bíblicos e especialmente a natureza do próprio cristianismo que é na sua essência compassivo e perdoador (Mateus 5:44-48). (Ler artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/desassociacao-sera-que-as-testemunhas-de-jeova-a-praticam-de-acordo-com-a-biblia) É por isso de grande hipocrisia a própria organização escrever textos como este em suas publicações: “Ninguém deve ser obrigado a adorar a Deus de uma forma que ache inaceitável nem a escolher entre a religião e a família.” – Despertai! Julho de 2009, pág. 29 A mesma organização que incentiva e orienta familiares a ostracizarem quem decide sair dela por questões de consciência e divergência religiosa, hipocritamente publica artigos para o público que dão exatamente a imagem errada do que acontece nela. Tenho pena das crianças e adolescentes, que como eu foram batizados numa idade em que a formação emocional e mental não lhes permitiu adequadamente darem o passo do batismo, quando as consequências de tal passo vão muito além de uma alegada dedicação incondicional a Deus. Trata-se de uma incondicional e perpétua dedicação a uma corporação religiosa que tudo fará para os manter cativos, mesmo sob ameaça do ostracismo, de modo a evitar que mais tarde, quando conhecerem realmente o passado e presente da religião, possam sair sem qualquer penalização. Não admira o incentivo para o batismo de crianças cada vez mais novas e imaturas. É simplesmente vergonhoso o que se está a passar numa religião que tão fortemente criticou no passado o batismo de bebés e crianças! Tanto elas como seus pais serão mais vítimas a ajuntar a milhares de outras que esta seita já causou. (Ler o artigo: http://www.desperta.net/reflexotildees/torre-de-vigia-promove-o-batismo-de-criancas-em-novo-estudo-da-revista-sentinela Gostava de mencionar, para finalizar, que não mais desejo ser contactado por qualquer representante da Torre de Vigia, seja ancião, superintendente de circuito ou outro com o objetivo de voltar à organização. Aviso desde já que caso surja tagarelice ou calúnias a meu respeito acionarei os meios legais para responsabilizar a quem de direito. Desejo sinceramente que os irmãos que lerem esta carta reflitam bem no vosso papel enquanto peças de uma engrenagem pesada, dura e inflexível que tantas vidas tem trucidado. Não se esqueçam que as pragas que no futuro caírem sobre todas as religiões que desagradam a Deus e o representam de forma errada, recairá também sobre aqueles que serviram como instrumentos principais destas (Apocalipse 18:4). Oro para que o Pai Celestial, por meio de Seu Filho, vos ajude a “despertar” da manipulação que sofreram ao longo da vossa permanência nesta religião e que vos ajude a encontrar a verdadeira liberdade que somente está em Cristo Jesus, nosso Senhor. No meu caso, estou convicto das mesmas palavras do apóstolo Paulo: “Pois estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem governos, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” – Romanos 8:39, 39 Com amor cristão, António Madaleno* A minha história nas Testemunhas de Jeová pode ser lida aqui: https://www.facebook.com/notes/desperta/dissidente-da-religi%C3%A3o-n%C3%A3o-de-deus/421869194677790/ *pseudónimo usado no ativismo: Carlos Fernandes
8 Comments
Celia Valido
1/3/2018 11:59:32
Agora de forma oficial: Bem vindo, primo!!!! A tua carta é o reflexo da tua pessoa: assertivo, ponderado e fiel a ti mesmo, em qualquer circunstância. Imagino como deves estar mais leve, ao assinar com o teu nome. Espero que a mesma luz caia sobre muitos outros...
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Osmanito
1/3/2018 12:13:44
Primorosa carta de dissociação. Pontos aplicados com maestria. Espero que muitos possam ler, meditar e tomar uma ação similar à sua. Parabéns pelo trabalho de libertação que estás a executar.
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Deolinda Batalim
5/3/2018 21:10:08
Parabéns. Acredito que foi um caminho doloroso e solitário aquele que percorreu em oração e busca pela palavra Imagino que sei como se sentiu porque tive um percurso algo semelhante mas não nas TJ. Deus o abençoe
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13/3/2018 11:45:04
Excelentes ponderações. Como é bom saber que ainda existem muitos cristãos cultos e que usam suas faculdades mentais para defender a fé cristã. Isto é tão importante em nossos dias, já que tem se tornado moda fazer críticas debochadas ao texto bíblico. Parabéns Antônio Madaleno.
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Carlos Campos
13/3/2018 22:18:58
Desde q iniciei minhas peskisas à respeito da "organização de Jeová", poukíssimas vzs li algo tão abrangente e lúcido sobre o assunto!
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João "Agnostic"
16/3/2018 16:01:28
Olá, rapaz. :-)
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antonio sousa
31/3/2020 18:24:28
Ser Testemunha de Jeová não é fácil , mas nunca vi um bom cozinheiro sem queimadelas. REGRESSE SR. MADALENO. Você sabe que que aquela gente é pura. Quanto eu gostava de ser uma testemunha de Jeová para toda a vida. A justiça de Deus é como as ondas do mar , funciona sempre . Empenhe-se por ela . Deus perdoa.
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lilian trindade da silva rocha
2/9/2021 02:37:57
Estou dissociada há 23 anos, mas tenho vontade de voltar, é dificil ficar afastado da familia, não falo de Deus, porque tenho uma intimidade com Jeová atravez de oração e leitura da Biblia. Mas realmente nao sei o que fazer, não sei qual a religiao seria mais correta a seguir. se alguem puder tirar essa duvida, agradeço
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