David Splane, um dos mais notórios e considerados membros do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, tem estado nestes últimos dias de visita à Filial (Betel) em Portugal. Esta visita é similar às visitas periódicas dos "superintendente de zona", que de modo cíclico visitam os Beteis espalhados ao redor do mundo, de modo a fazer um relatório sobre como se está desenvolvendo a obra das Testemunhas de Jeová nesse país e se está tudo sendo cumprido de acordo com as orientações do Corpo Governante. Muitas das vezes também trazem novas orientações como foi o caso desta vez. Mas esta ocasião foi diferente na medida em que foi a primeira vez que um representante da Sede Mundial visitou Portugal num novo arranjo do Corpo Governante: uma Visita de Pastoreio à Filial. Este arranjo iniciou-se a nível mundial em Setembro de 2015.* Cortes de pessoal e serviços no Betel e Pioneiros Especiais Segundo informações priviligiadas a que tivemos acesso, tudo indica que os rumores de cortes em pessoal betelita e em pioneiros especiais será uma realidade em Portugal e países de língua oficial portuguesa. Cerca de 30% dos betelitas terá que deixar a "família de Betel" e voltar a servir nas suas congregações, sendo incentivados a retomar o serviço de pioneiros regulares. O mesmo acontecerá com os pioneiros especiais espalhados por Portugal Continental e Ilhas, mas neste caso, o número dos que terão de deixar o serviço especial será muito maior. Não nos podemos esquecer que em ambos os casos, tais pessoas haviam sido incentivadas a pôr em primeiro lugar o reino de Deus, buscando alcançar o serviço especial e de betelitas, encarando-os como uma carreira vitalícia, ficando debaixo da "asa protectora" da organização-mãe, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. A "família de Betel" foi também avisada que serviços tais como lavandaria, arrumadeiras e serviço à mesa durante as refeições iriam terminar. As refeições agora passam a ser buffet. Ao que tudo indica, a visita de David Splane teve como principal motivo trazer tais novas orientações, que implicam uma mudança estrutural na Organização religiosa em Portugal. David Splane discursou via internet, a partir do Salão de Assembleias de Carnaxide para quase 50.000 Testemunhas de Jeová espalhadas pelo território português, e países africanos de língua oficial portuguesa, através do site jw.org (por streaming). O discurso foi proferido no Domingo, dia 1 de Novembro, onde vários temas foram abordados, inclusive a reestruturação que a Organização está a fazer ao redor do mundo nas suas filiais (downsizings) e diminuição de pioneiros especiais. Jornalista Ana Leal acusada de ser má profissional e sensacionalismo O mais curioso é que logo no início do discurso, um dos temas abordados foram as reportagens que "falam mal" das Testemunhas de Jeová. É de salientar que a reportagem feita em Portugal, jamais foi mencionada de modo direto! Claramente que o objectivo em falar disto, foi acalmar os ânimos das Testemunhas de Jeová com respeito à reportagem da jornalista Ana Leal, na TVI. David Splane considerou que os jornalistas que apenas procuram um lado da história (neste caso o negativo), não são bons profissionais. Afinal, sempre existem dois lados da história e quem não procura verificar os factos, ouvindo apenas um dos lados é mau profissional. Esse jornalista apenas quer ter uma história sensacionalista. E nesse caso será uma má história, porque não falará a verdade dos factos. Esta afirmação não deixa de ser verdade, como é óbvio. A boa prática jornalística e a sua ética, exige que o assunto seja exposto de forma a que ambos os lados da história possam contar a sua versão dos factos, para que o público depois possa tirar as suas conclusões. No entanto, o que acontece quando um dos lados da história, neste caso, o lado visado com críticas e histórias negativas, RECUSA ACEITAR CONTAR A SUA VERSÃO DOS FACTOS? Será que o jornalista fica impedido de contar ou relatar os factos que apurou e dos quais se certificou ter provas? Como é óbvio isso não pode acontecer! Se fosse assim, a prática jornalística ficava seriamente comprometida. Afinal, bastaria alguém visado por más notícias remeter-se ao silêncio e a notícia não tinha "pernas para andar". Assim, o que David Splane não explicou às quase 50.000 Testemunhas de Jeová que o ouviram, é que no caso da reportagem que passou na TVI, no dia 18.10.2015, da responsabilidade da jornalista Ana Leal, é que ela desde o início da reportagem procurou a colaboração das Testemunhas de Jeová, contactando o Betel e pedindo que eles pudessem assisti-la por dar o seu testemunho. Contactou também nas congregações que visitou, Testemunhas de Jeová a nível particular que se mostrassem dispostas a mostrar a sua experiência (positiva como é óbvio), do que significa ser uma Testemunha de Jeová. Qual foi a resposta? Até ao fim da reportagem, o Betel não prestou quaisquer declarações, recusando assim o direito ao "contraditório", tão comum na prática jornalística. E mesmo as Testemunhas de Jeová contactadas a nível individual não quiseram prestar declarações. Por isso mesmo, no final da reportagem a pivôt do jornal da TVI, Judite de Sousa, disse o seguinte: "A TVI tentou ouvir a organização Testemunhas de Jeová sobre todas estas acusações, mas declinaram o convite." A própria jornalista Ana Leal, quando esteve presente no programa "Você na TV" com o Manuel Luís Goucha e a Cristina Ferreira, explicou a razão porque não foram ouvidos os representantes da Organização das Testemunhas de Jeová em Portugal. Notem o que ela disse: Conforme se pode notar, sendo isento e imparcial e OUVINDO OS DOIS LADOS DA QUESTÃO, é fácil perceber que a manipulação a que as Testemunhas de Jeová estão sujeitas às mãos da sua liderança é impressionante. Como testemunha em 1ª mão de tudo o que se passou, garanto que a jornalista Ana Leal tudo fez (até ao fim da reportagem), para que Betel contasse a sua versão dos FACTOS por ela apurados. Na sua perspicácia jornalística e com a experiência de muitas grandes reportagens no seu histórico, a jornalista Ana Leal descreveu na perfeição o objetivo do silêncio por parte dos representantes das Testemunhas de Jeová. Neste aspeto, David Splane no seu discurso, acabou por dizer com alguma sinceridade com respeito a "não fazerem nada": "...e assim nós costumamos deixar as coisas como estão, e deixamos a história morrer." Esta declaração revela as reais intenções da liderança das Testemunhas de Jeová: Não desejam comprometer-se e preferem que a reportagem caia no esquecimento. Assim, David Splane mentiu descaradamente aplicando à reportagem da Ana Leal, um critério que não se confirma tendo em vista os FACTOS ocorridos e dos quais a jornalista tem provas e comentários públicos. Ouçam as declarações proferidas por ele e comparem com as declarações francas e diretas que a jornalista Ana Leal tem proferido desde que saiu a reportagem: https://soundcloud.com/carlos-fernandes-779600921/excerto-discurso-splane-2015 Porque não revelou David Splane, que eles simplesmente se negaram a ser entrevistados desde o início da reportagem? Qual a necessidade de mentir às Testemunhas de Jeová sobre este assunto, sendo que poderiam perfeitamente ter alegado outra desculpa para não o fazer? Não será isto a chamada "guerra teocrática", em que a Organização sente que está no direito de mentir e distorcer os factos em proveito próprio e de modo a atingir os seus objetivos, neste caso, alegar que a reportagem foi sensacionalista, tendenciosa e conduzida de modo nada profissional por uma jornalista que em Portugal é das mais respeitadas enquanto jornalista de investigação? Visto que as Testemunhas de Jeová são manipuladas desta forma, neste aspeto da informação jornalística pela sua liderança, que dizer então daquilo que realmente importa, tal como doutrinas bíblicas e procedimentos organizacionais e a forma como são levadas a acreditar que tais "novas luzes" ou "ajustes teocráticos" são dirigidos por Jeová? Deixo ao vosso critério tal análise. * Segundo informações recebidas, não se tratou efetivamente da chamada "Visita de Zona", mas sim de uma Visita de Pastoreio à Filial, seja lá o que isso signifique. Por, Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Carlos Fernandes (Fb), Portugal (Lisboa
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