Homens sem Fibra
“O espírito mostrado ― em discursos, atitudes e ações ― pelos que depositam fé num sistema humano não é o celestial espírito de Deus; reflete uma fonte diferente, humana. Eles podem ser rápidos em punir qualquer desvio das normas ou dogmas da organização. Mas, se notarem erros sérios cometidos por sua própria organização religiosa, ou se reconhecerem falácias cruciais nos seus ensinos, não têm força íntima nem coragem para falar e defender o que é certo, nem para tomar o lado da verdade contra a injustiça. Em vez de produzir pessoas de integridade, sua confiança implícita e subserviência quase total a um sistema organizacional ― e o medo de perder sua aprovação ― converte-os em homens sem fibra. Se todos os do povo de Jeová dos tempos pré-cristãos tivessem sido assim, não teriam existido profetas de cujas vidas e palavras pudéssemos derivar força e confiança ao enfrentar provas de nossa fé em Deus, em vez de em fontes humanas.” – Em Busca da Liberdade Cristã Davi e a questão da lealdade organizacional “Davi viu-se subitamente em situação de completo desfavor diante daquilo que constituía a estrutura organizacional da nação de Israel, tendo à frente seu cabeça visível, ‘teocraticamente designado’, o rei Saul. Era visto como inimigo por este líder organizacional ungido, foi forçado a viver como “desassociado” ou “excomungado”. Davi chegou a esconder-se por algum tempo em Gate, entre os filisteus pagãos, povo que no final causou a morte de Saul, e também colocou seus pais sob a proteção do rei de Moabe. Se Jonatã tivesse vivido segundo o conceito da Torre de Vigia, de absoluta obrigação de sustentar e acatar todas as ações e práticas organizacionais, ele teria imediatamente cortado toda a associação com Davi. Muito pelo contrário, embora sabendo que a mais alta autoridade da organização nacional considerava aquele homem como inimigo, ele continuou a encontrar-se com Davi e a agir em seu favor, até mesmo falando em defesa deste homem condenado e exilado, perante a autoridade organizacional ungida, teocraticamente designada. Fez isso por crer que Davi era abençoado por Jeová, apesar da rejeição organizacional que sofria. A lealdade de Jonatã não dependia da organização e nem era controlada pela aceitação e aprovação desta. Tinha uma base bem mais elevada.” – Em Busca da Liberdade Cristã Sobre voltar à Organização “Várias pessoas me perguntam se eu voltaria algum dia á organização. A resposta é não. As crenças fundamentais da organização estão seriamente erradas e alterações genéricas nunca modificarão esse fundamento. Primeiramente, o espírito que tem sido desenvolvido através da ênfase intensa e constante no assunto da organização é muito doentio e desvia as atenções do Filho de Deus e do Espírito Santo de Deus, faz as pessoas concentrarem-se principalmente no elemento humano, para seu próprio prejuízo espiritual. A usurpação para um sistema humano de direitos e privilégios que corretamente só pertencem ao Filho de Deus é talvez de todos os erros cometidos, o mais sério. Em segundo lugar, privam o indivíduo de um senso verdadeiro de um relacionamento pessoal com Deus e Cristo, usurpam o exercício correto da consciência individual como consequência da imposição de infindáveis regras e regulamentos que têm uma origem inteiramente humana. Isto leva a uma situação como aquela descrita em Mateus 15:9, com semelhanças preocupantes com a situação dos fariseus do primeiro século. Eles não podem fazer as necessárias mudanças fundamentais sem que isso implique o fim da organização que eles são. O cristianismo é, ou devia ser uma irmandade, não uma sociedade estruturada e sujeita a uma administração centralizada.” – Em Busca da Liberdade Cristã Automatização da Fé “Infelizmente, a Testemunha mediana jamais foi ajudada a desenvolver uma boa compreensão das Escrituras. Como membros da organização, eram pouco incentivados a usar a energia mental, a não ser para aceitar e, efetivamente fixar na memória, qualquer informação suprida pela organização, submetendo-se quase automaticamente às orientações dela. O questionamento, um dos instrumentos mais poderosos da mente, era retratado de modo negativo como evidência de falta de fé, sinal de desrespeito ao canal de comunicação aprovado por Deus.” – Em busca da liberdade Cristã Busca por outro sistema religioso “Uma coisa, porém, parece evidente. É que o mero abandono dum sistema religioso, na convicção de que contém um alto grau de falsidade, não dá, em si, garantia da liberdade. Em muitos casos, simplesmente ver o erro não basta. A menos que se possa ver por que se acreditou naquele erro, e o que era falso no método de argumentação que levou a acreditar, não se consegue grande progresso, não se estabelece nenhuma base para a liberdade cristã duradoura. Alguém pode facilmente abandonar um sistema que se mostrou errado e, depois, rapidamente se deixar levar por outro que igualmente propaga o erro, erro que pode até ser doutrinariamente bem diferente, e ainda assim muitas vezes fundamentado no mesmo tipo de argumentação e raciocínio falsos empregados pelo sistema anterior”. – Em busca da liberdade Cristã A imagem da Organização “…A imagem da organização tem assumido uma forma tão exagerada que tem obscurecido a grandeza do próprio Filho de Deus, tem encoberto a visão de muitos, impedindo-os de apreciar a relação cordial da qual ele os convida a partilhar, tem distorcido a percepção da sua personalidade compassiva. Não é de surpreender então que muitas pessoas, quando expulsas da organização, sintam uma sensação de solidão, de estar à deriva, debatendo-se, por não estarem mais ligadas a alguma estrutura de autoridade visível, por não terem mais suas vidas canalizadas para sua rotina rígida de atividades programadas, por não sentirem as pressões restritivas de suas normas e regulamentos.” – Em busca da liberdade Cristã Comparação com outras religiões “Com base em quase 60 anos de associação e relacionamento com os membros em lugares de todo o mundo, pessoalmente não duvido que se tais estatísticas estivessem disponíveis, elas mostrariam que não há, entre os adeptos da organização Torre de Vigia e os de muitas outras denominações religiosas, grande diferença no percentual de casamentos desfeitos, divórcios, transgressões juvenis ou conduta pecaminosa de qualquer espécie. Em poucos casos, especialmente em certas religiões que dão grande ênfase a fortes laços de família, a diferença pode de fato mostrar-se desfavorável às Testemunhas de Jeová.” – Em busca da liberdade Cristã Sobre a desassociação “A provável reação da organização a isto seria que as Testemunhas de Jeová são superiores no sentido de que tomam ação contra os transgressores e desassociam os que consideram impenitentes, mantendo assim uma “organização limpa”. Não se pode deixar de apreciar a preocupação de agir quando a transgressão se manifesta. Como vimos num capítulo anterior, porém, seu registro de desassociar pessoas é consideravelmente mais notável que seu registro de ajudar os transgressores a se corrigirem e se restabelecerem, que é a missão do verdadeiro pastor das ovelhas.” – Em busca da liberdade Cristã Sobre a liberdade cristã “LIBERDADE, como a fé, o amor e a verdade, é parte essencial do verdadeiro cristianismo. Onde a liberdade prevalece, a fé, o amor e a verdade prosperam. Quando se limita ou suprime a liberdade, esses são inevitavelmente prejudicados. — 2 Coríntios 3:17. A liberdade que o Filho de Deus nos proporcionou tem como real objetivo que possamos expressar nossa fé e nosso amor na mais plena medida, livres das restrições impostas pelos homens, não por Deus. Quaisquer restrições que se tentem contra essa liberdade resultam no sacrifício da verdade, pois os que buscam impô-las fazem isso por meio do erro, não por meio da verdade.” – Em busca da liberdade Cristã Registos de pecados e crimes “Na sede mundial em Brooklyn, como tive conhecimento porque ali trabalhei, no Departamento de Serviço, há arquivos inteiros cheios de registros de casos de transgressão, alguns menos sérios, muitos deles graves, entre os membros das Testemunhas. Abrangem toda uma gama de transgressões, que vão de fornicação, adultério, homossexualismo, incesto e abuso sexual de crianças até fraude, roubo, espancamento de esposas e assassinato. Registros comparáveis a estes dos E.U.A podem ser encontrados nos escritórios de filial da organização em todo o mundo.” – Em busca da liberdade Cristã Fechar os olhos aos erros da Organização “Outra declaração popular que “pegou” entre alguns superintendentes viajantes e anciãos é: “Se a organização nos mandar saltar, nossa única pergunta deve ser ‘A que altura?’” Da mesma forma, quando alguém questiona a veracidade e o apoio bíblico de certos ensinos, o clichê que alguns destes homens usam em resposta é: “Prefiro estar errado com a organização a estar certo sozinho.” Esta renúncia a todo o discernimento pessoal mostra não apenas o tipo de pessoas que são tidas como “qualificadas” para responsabilidades na organização. O fato de estes chavões incrivelmente vazios e estas exigências de obediência cega e irracional não serem firmemente repudiados pela grande maioria dos ouvintes, revela também o grau em que a organização e seu Corpo Governante são agora vistos como equivalentes ao sacerdócio do antigo Israel. Essas declarações, para todos os fins, repetem as palavras do Velho Pacto: “Não te deves desviar da palavra que te transmitirão, nem para a direita, nem para a esquerda.” A organização e seu Corpo Governante se erguem na mesma posição em que ficava o sacerdócio aarônico. É como se o Messias libertador ainda não tivesse vindo.” – Em busca da liberdade Cristã Homens de Organização “Quanto mais a fé da pessoa se fixa num sistema humano, seja qual for, menos espiritual se torna. Há homens que são muito “religiosos” e todavia não são essencialmente espirituais. São “homens de organização”, não homens de fé. Suas vidas podem estar cheias de atividades que lhe trazem aprovação e apoio da organização, e o poder que esse apoio provê. Se perderem o apoio da organização, sua aparente força desaparece com ele.” – Em busca da liberdade Cristã O preço da consciência “O preço pago por crer-se firmemente que “não é seguro nem direito agir contrário à consciência” não tem sido pequeno para homens e mulheres que conheço. Alguns se vêem subitamente apartados das relações familiares em conseqüência duma ação oficial da religião — sem contato com pais, filhos e filhas, irmãos e irmãs, até mesmo com avós ou netos. Não podem mais desfrutar da livre associação com os amigos de muitos anos, por quem sentem profunda afeição; tal associação colocaria esses amigos em perigo de sofrer a mesma ação oficial.” – Crise de Consciência
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