Esta pergunta pode parecer um pouco estranha para a maioria das pessoas. Afinal, o uso da barba é uma opção pessoal e à partida depende do gosto pessoal da pessoa. Conforme a maioria dos leitores sabem, existe no entanto um parecer negativo por parte da Sociedade Torre de Vigia em relação ao uso da barba por parte dos varões. O uso da barba por parte dos homens Testemunhas de Jeová é por isso muitíssimo reduzido e restringido a uns poucos países, especialmente no norte da Europa. Mesmo aí, existe algum estigma no seu uso. Qualquer varão TJ que use barba, a não ser por um motivo muito forte, tal como uma cicatriz na cara, um problema de pele e pouco mais, ele jamais será visto com bons olhos na congregação e muito dificilmente terá quaisquer “privilégios na congregação”. Precisamos por isso perguntar-nos:
Para isso, iremos analisar a História da Barba, o valor da barba para o povo de Deus no passado e seu significado. Iremos também ver o propósito divino por detrás da barba no homem. O seguinte texto é retirado daqui e ajuda a perceber melhor se é errado ou não um cristão usar barba. Embora seja longo, vale a pena ler e ponderar. Iremos depois analisar as possíveis razões para a proibição por parte da Torre de Vigia do uso da barba nos varões Testemunhas. O Significado Bíblico e Histórico da Barba Autor: Pr. John Weaver I. A História da Barba Antes de apresentarmos as passagens bíblicas, desejo indicar que podemos estudar e analisar a história olhando simplesmente para o aparecimento e desaparecimento da barba. A verdade histórica é importante. Ela não é igual à verdade bíblica, porém toda a história é a história de Deus, pois Ele é o Deus da história. A história revela a falta e a ignorância, ou o conhecimento e a importância, que a verdade bíblica exerce sobre uma civilização. Você pode olhar para uma civilização e observar que quando a Palavra de Deus tem a supremacia, certas coisas transparecem; da mesma forma, quando a razão humana tem a supremacia, outras coisas transparecem. Uma informação histórica interessante é que o Egito era o único país na antiguidade que proibia que um homem deixasse sua barba crescer. Os egípcios não gostavam dos pelos faciais, barbeavam-se e forçavam seus escravos a também se barbearem. Qualquer erudito bíblico reconhece que o Egito é um tipo do mundo. O Egito é um tipo de tudo aquilo que é contrário a Deus, à Sua Lei e ao Seu povo. O Egito era em grande parte uma nação de homens sem barba. Todavia, quando você olha para a arte egípcia e para as esculturas que eles deixaram, pode observar que os faraós (especialmente) usavam um cavanhaque pontudo que saia direto de seus queixos. Entretanto, se você olhar com atenção, descobrirá que havia uma linha que ia até a parte de trás das orelhas. Você sabe o porquê disto? A resposta é que aquilo era um cordão que segurava uma barba postiça. Os homens e mulheres tinham uma aparência similar no Egito. Por exemplo, a rainha Hatshepstut se vestia como um homem e é mostrada com uma barba postiça. A barba postiça era usada em comemorações ou quando o faraó aparecia diante do público. Havia também um significado religioso aqui: a barba era considerada um atributo dos deuses pelos egípcios. Assim, o faraó expressava seu status de um deus vivo quando se apresentava usando uma barba postiça presa por um cordão. Além disso, fora de um contexto religioso, a barba na arte egípcia indica a nacionalidade estrangeira de um indivíduo. Os inimigos do antigo Egito são sempre retratados com barba. Dado o desdém dos antigos egípcios pelos estrangeiros, isso pode explicar parte da popularidade da prática de se barbear. Outra informação interessante: se você observar na mitologia grega e romana, sempre que vir uma gravura de um falso deus, usualmente ele tem a face lisa. Quase todos os deuses falsos são representados com faces lisas. O Concílio de Cartago, que foi um concílio na igreja primitiva, em aproximadamente 200 dC, se reuniu para discutir e tentar solucionar muitos problemas na igreja. Um dos problemas que eles discutiram foi o uso de trajes imodestos na igreja. Veja, eles já tinham naquele tempo problemas com os trajes imodestos, do mesmo modo como temos hoje. Agora, eles não estavam discutindo minissaias, shorts, decotes, camisetas e blusas regatas, que são sensuais e considerados vulgares até mesmo nos dias de hoje. Aqui está uma citação do Concílio de Cartago sobre o traje imodesto: "Qualquer homem que vier à igreja com cabelos longos e a face barbeada e lisa, será excluído da comunhão, pois esse homem está vestido de forma imodesta." [Crocker & Brewster, Nova York, 1832 pág. 154]. Se um homem comparecesse à reunião da igreja com cabelos compridos e a face barbeada e lisa, ele era considerado vestido de forma imodesta. Tertuliano, um dos pais da igreja primitiva escreveu um tratado sobre a barba. Ele disse que o propósito da barba era "reduzir a lascívia". O Quarto Concílio de Cartago, em 398, decretou: "O clérigo não deixará seu cabelo crescer, nem removerá sua barba." Muitos dos antigos acreditavam e ensinavam que Deus deu ao homem a barba para distingui-lo da mulher, de modo que era errado antagonizar a natureza e rapar a barba. Entre os cristãos primitivos, Clemente de Alexandria provavelmente escreveu mais sobre os males da remoção da barba do que todos os outros autores cristãos primitivos juntos. Como os judeus, Clemente chamava a barba de "adorno natural do homem" e dizia que "nunca era permissível" raspá-la. (The Fathers of the Church, 218). "Os fios da barba estão contados", Clemente adverte aos seus leitores: "Procurar beleza na face lisa e sem pelos é pura efeminação, se feito por um homem." (The Fathers of the Church, 215). "Deus planejou que a mulher tenha a pele suave e lisa, orgulhando-se nas mechas naturais de seus cabelos, como um cavalo com sua crista", escreveu Clemente. "Mas ao homem, Ele adornou como o leão, com uma barba..." (The Fathers of the Church, 214). "Esta, então, é a marca do homem, a barba. Por ela, ele é reconhecido como um homem. Ela é mais antiga do que Eva. É o símbolo da natureza superior... Portanto, é uma atitude ímpia profanar o símbolo da masculinidade, os pelos." — Clemente de Alexandria (vol 2, pág. 276). Quando as hordas dos povos bárbaros invadiram e conquistaram Roma, os homens tinham cabelos compridos e faces barbeadas e lisas. Foi por volta deste tempo que a igreja foi romanizada. Ritos e rituais pagãos começaram a se infiltrar na igreja e esta literalmente cessou de ser uma igreja cristã e tornou-se amalgamada com todos os pagãos. Junto com a multidão de outras contemporizações, naquele tempo praticamente todas as barbas foram raspadas. Os homens passaram a manter a face lisa e os cabelos compridos. Este foi o efeito da paganização que ocorreu na igreja. Consequentemente, as gravuras e esculturas de Cristo O mostram com cabelos compridos. Obviamente, nosso Senhor não usava cabelos compridos. Como podemos saber? Primeiro, durante o tempo em que viveu na Terra, o estilo de César, ou o corte de César, estava em voga. Veja qualquer gravura dos primeiros Césares e você descobrirá que eles usavam os cabelos curtos, na altura das orelhas. Em segundo lugar, e mais importante ainda, existe a pergunta em 1 Coríntios 11:14: "Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?" A palavra grega para vergonha é atimia, que se refere àquilo que é "vil, vergonhoso, desonroso, ignomioso, que produz desgraça e reprovação". Como o Senhor Jesus era, e ainda é, o Filho de Deus imaculado, e como somos instruídos em Isaías 42:21: "O SENHOR se agradava dele por amor da sua justiça; engrandeceu-o pela lei, e o fez glorioso." Se a Lei de Deus diz que cabelos compridos são desonrosos para o homem, posso assegurar a vocês que Cristo nunca poderia usar cabelos compridos. Cristo é mostrado com barba nas obras de arte, pois as Escrituras dizem claramente que Ele tinha barba. Alguma vez você já pensou na flagrante inconsistência das pessoas que literalmente adoram ao Senhor Jesus, que tinha barba, mas depois dizem que é errado para um discípulo de Cristo usar barba? Foi no século 16 que o Grande Despertar ocorreu e veio a ser conhecido como a Reforma. Em 1517, Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittemberg, na Alemanha, e começou a pregar que "o justo viverá pela fé". É muito observável que sempre que a Palavra de Deus ajudou a cativar os pensamentos os pensamentos dos homens, especialmente durante a Reforma, os homens usaram cabelos curtos e deixavam a barba crescer. Não é interessante? Por outro lado, sempre que o humanismo prevaleceu ou a supremacia foi atribuída à razão humana, os homens usaram cabelos longos e a face lisa. Veja as gravuras dos homens durante o tempo conhecido como Renascença. Além disso, observe a aparência dos homens na França durante o período conhecido como Iluminismo. Aqueles homens eram ateístas, agnósticos, infiéis e deístas que colocavam a razão humana acima da Palavra de Deus. Durante a Guerra Civil Americana, os homens tementes a Deus usavam barba. Veja as gravuras de Stonewall Jackson, Jeb Stuart, James Longstreet, Robert E. Lee e diversos outros. Na verdade, é instrutivo ver as fotografias antigas dos veteranos confederados e observar que 90% deles usavam barba. O uso de barba continuou até a Primeira Guerra Mundial. A barba somente começou a cair em desuso depois da infiltração do liberalismo alemão na sociedade deste país e então a surgiu novamente a moda dos cabelos compridos e da face barbeada e lisa. Houve alguns poucos homens que falaram contra as faces lisas durante a história. Em 1528, William Tyndale, falou contra aqueles que se barbeavam. Ele mostrava que a prática de se barbear "foi copiada dos pagãos" e proclamava que "a nação barbeada coloca Cristo para fora da sala" (Oxford English Dictionary XV). William Shakespeare, em sua peça Muito Barulho Por Nada, Ato 2, Cena 1, diz: "Aquele que tem barba é mais do que um jovem, e aquele que não tem barba é menos do que um homem." Em 1859, um inglês chamado James Ward escreveu Defence of the Beard (A Defesa da Barba), um panfleto que listava 18 razões por que um homem "deveria deixar a barba crescer, a não ser que fosse indiferente ao fato de ofender a Deus e ao bom gosto". (Encyclopedia of Religion and Ethics, 442). Um ano mais tarde, uma obra mais extensa foi publicada, intitulada Shaving a Breach of the Sabbath and a Hindrance to the Spread of the Gospel (Fazer a Barba — uma Violação ao Dia de Descanso e uma Obstrução à Propagação do Evangelho). Neste livro, o autor defendia a barba comprida com base no fato que ela era "uma proteção para o peito, fornecida por Deus". "Estivesse ela em qualquer outra posição", o escritor raciocinava, "seu benefício e propósito poderiam ser duvidados". (Encyclopedia of Religion and Ethics, 442). "A Remoção da Barba e o Uso Comum da Navalha: uma Moda Não Natural, Irracional, Não-Masculina e Ofensiva a Deus Entre os Cristãos", do livro Shaving — a Break of the Sabbath and a Hindrance to the Spread of the Gospel — livro do século 19, título citado em My Bearded Friend, de Keith Stewart. Uma das citações mais engraçadas que encontrei sobre a barba veio de Tom Robbins. Ele disse: "Dos sete anões, somente Dunga tinha uma face lisa, de modo que isso deve nos dizer alguma coisa sobre o costume de se barbear." — Tom Robbins, Skinny Legs and All (1990). Os povos em que os homens desenvolvem barbas comumente as valorizam muito. Ela é o sinal da masculinidade plena; o homem muito jovem ou o eunuco não possuem barba e a mulher com pelos faciais era considerada bruxa. Adão, Deus e os profetas eram tradicionalmente retratados com barbas, como também os reis, nobres e dignatários. Os povos semitas, descendentes de Sem, como os hebreus, sempre tiveram a barba em alta estima. Ouça isto: "Entre eles é mais injurioso alguém ter sua barba rapada, do que é para nós ser chicoteado publicamente, ou marcado com ferro quente. Muitos homens naquele país prefeririam a morte a passar por essa punição. As esposas beijam as barbas de seus maridos e as crianças beijam a barba de seus pais quando os saúdam. Os homens beijam a barba um dos outros reciprocamente, quando se cumprimentam nas ruas ou quando chegam de uma viagem. Eles dizem que a barba é a perfeição da face humana, que esta ficaria mais desfigurada pela barba rapada, do que com a perda do nariz. Eles admiram e invejam aqueles que têm as barbas mais bonitas. 'A simples visão desta barba persuadiria qualquer um que aquele a quem ela pertence é um homem honesto.' Se alguém que possui uma bela barba pratica um ato reprovável, eles dizem: 'Que desgosto para aquela barba! O quanto aquela barba deve sofrer!' Se querem corrigir os erros de alguém, eles dizem: 'Que vergonha para a sua barba!' Se fazem um juramento para afirmar ou negar alguma coisa, eles dizem: 'Eu o conjuro pela sua barba a me conceder isto.' Ou então: 'Eu o conjuro pela sua barba, é isto assim?' Eles também dizem, ao agradecer um grande favor: 'Que Deus preserve sua barba abençoada! Que Deus derrame bênçãos sobre sua barba!' Em comparações, eles dizem: 'Isto é mais valioso do que a sua barba.'" [Meurs des Arahes par M. D. Arvieux, cap. 7.]. Esses relatos podem contribuir para ilustrar várias passagens das Escrituras. Primeiro, considere a desonra feita por Davi à sua própria barba, deixando a saliva escorrer por ela. Veja 1 Samuel 21:13: "Por isso se contrafez diante dos olhos deles, e fez-se como doido entre as suas mãos, e esgravatava nas portas de entrada, e deixava correr a saliva pela barba." A resposta do rei Aquis encontra-se nos versos 14-15: "Então disse Aquis aos seus criados: Eis que bem vedes que este homem está louco; por que mo trouxestes a mim? Faltam-me a mim doidos, para que trouxésseis a este para que fizesse doidices diante de mim? Há de entrar este na minha casa?" As ações de Davi parecem ter convencido Aquis que Davi estava louco. Aquis raciocinou: "Nenhum homem de mente sã trataria assim aquilo que estimamos com tanta honra, a nossa barba." Se a barba era assim venerada, podemos compreender a importância da atitude de Mefibosete de não apará-la. Em 2 Samuel 19:24, lemos: "Também Mefibosete, filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado as suas vestes desde o dia em que o rei tinha saído até ao dia em que voltou em paz." Mefibosete esteve de luto por causa da injustiça feita a Davi por Absalão. A barba era amada e considerada sagrada. Os homens de Israel conseguiram manter suas barbas mesmo durante o tempo de servidão no Egito, onde havia o costume universal de raspar a barba. A barba é um sinal visível e exterior de um homem verdadeiro. Puxar rudemente a barba de um homem era uma agressão cruel à sua dignidade. As crianças e outros parentes tocavam gentilmente a barba de um homem como sinal de amor; um fugitivo levantava reverentemente sua mão para ela ao pedir socorro e aquele que punha sua mão sobre sua própria barba e jurasse por ela estava se vinculando ao mais solene dos juramentos; violar esse juramento traria infâmia para ele diante de seus conhecidos. Tocar a barba afetuosamente estabelecia paz e confiança entre as duas partes. Quando Joabe se aproximou de Amasa, ele tocou na barba dele para beijá-la. Esse ato fingido de amor e amizade enganou Amasa. Joabe tinha outras intenções: "E disse Joabe a Amasa: Vai bem, meu irmão? E Joabe, com a mão direita, pegou da barba de Amasa, para o beijar. E Amasa não se resguardou da espada que estava na mão de Joabe, de sorte que este o feriu com ela na quinta costela, e lhe derramou por terra as entranhas, e não o feriu segunda vez, e morreu; então Joabe e Abisai, seu irmão, foram atrás de Seba, filho de Bicri." [2 Samuel 20:9-10]. Era costumeiro nos tempos bíblicos beijar a barba como um ato de amizade, devoção e respeito. A ação de Joabe de forma alguma foi um cumprimento suspeito ou incomum. Amasa aceitou o cumprimento e se preparava para retribuí-lo com a mesma gentileza quando recebeu o golpe mortal e inesperado de Joabe.Preciso lembrá-lo que Judas traiu nosso Senhor com um beijo? Nosso Senhor perguntou em Lucas 22:48: "E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?" Judas indubitavelmente aprendeu o método com Joabe, que também era um traidor e um enganador. II. A Barba é um fato assumido e uma realidade nas Escrituras Um fato assumido é algo que é considerado evidente — é uma verdade pressuposta, como a doutrina de Deus. A propósito, em parte alguma a Bíblia tenta provar a existência de Deus — este é um fato assumido e uma realidade. Assim, Gênesis 1:1 inicia com a seguinte declaração: "No princípio criou Deus os céus e a terra." Da mesma forma, não existe um mandamento específico para que os homens deixem sua barba crescer; entretanto, esta é uma realidade assumida, pois Deus criou o homem assim, com uma barba que cresce em sua face. Consequentemente, existem na Bíblia regulamentações divinas específicas para a barba. A palavra hebraica para barba é zakan e a palavra para ancião é zaken, que se refere a "barbudo". Assim, o ancião hebraico recebia seu nome com base em sua barba. III. O Valor da Barba Os hebreus viam a barba como a "glória e orgulho do homem". Eles diziam que "a glória da face é a barba". [Calmet’s Dict. Of the Holy Bible — Crocker & Brewster, Nova York 1832, pág. 154]. A barba era um distintivo de honra, de dignidade e de masculinidade. Qualquer um que desejasse expressar o valor de um objeto dizia: "— Isto tem mais valor do que uma barba." [Encyclopedia of Religious Knowledge, pág. 207. Uma mulher dizia simplesmente: "— Isto custa mais caro do que a barba do meu marido." Os homens frequentemente faziam juramentos ou promessas por suas barbas. Nas peças que Shakespeare escreveu para o teatro, frequentemente os homens juram por suas barbas. Provérbios 20:29 declara: "A glória do jovem é a sua força; e a beleza dos velhos são as cãs." O ornamento do jovem é a sua força e a honra do homem idoso são seus cabelos brancos (ou o tom grisalho de seu queixo — a barba no queixo). Sempre que você vir um homem com barba, deve considerar os seguintes fatos:
Não é possível compreender diversos versos no Novo Testamento sem antes compreender que a saudação normal entre os primeiros cristãos era o ato de beijar a barba. Alguns exemplos: "Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo." [1 Coríntios 16:20]. "Saudai-vos uns aos outros com santo ósculo. As igrejas de Cristo vos saúdam." [Romanos 16:16]. "Saudai a todos os irmãos com ósculo santo." [1 Tessalonicenses 5:26]. "Saudai-vos uns aos outros com ósculo de amor. Paz seja com todos vós que estais em Cristo Jesus. Amém." [1 Pedro 5:14]. A barba era tão valorizada que guerras foram declaradas por causa dela. Uma dessas guerras está registrada em 2 Samuel 10:1-7: "E aconteceu depois disto que morreu o rei dos filhos de Amom, e seu filho Hanum reinou em seu lugar. Então disse Davi: Usarei de benevolência com Hanum, filho de Naás, como seu pai usou de benevolência comigo. E enviou Davi os seus servos para consolá-lo acerca de seu pai; e foram os servos de Davi à terra dos filhos de Amom. Então disseram os príncipes dos filhos de Amom a seu senhor, Hanum: Porventura honra Davi a teu pai aos teus olhos, porque te enviou consoladores? Não te enviou antes Davi os seus servos para reconhecerem esta cidade, e para espiá-la, e para transtorná-la? Então tomou Hanum os servos de Davi, e lhes raspou metade da barba, e lhes cortou metade das vestes, até às nádegas, e os despediu. Quando isso foi informado a Davi, enviou ele mensageiros a encontrá-los, porque estavam aqueles homens sobremaneira envergonhados. Mandou o rei dizer-lhes: Deixai-vos estar em Jericó, até que vos torne a crescer a barba, e então voltai. Vendo, pois, os filhos de Amom que se tinham feito abomináveis para com Davi, enviaram os filhos de Amom, e alugaram dos sírios de Bete-Reobe e dos sírios de Zobá vinte mil homens de pé, e do rei de Maaca mil homens e dos homens de Tobe doze mil homens. E ouvindo Davi, enviou a Joabe e a todo o exército dos valentes." O rei amonita sabia exatamente o que estava fazendo quando mutilou as barbas dos embaixadores hebreus. Cortar a barba de um homem era um insulto mortal entre os antigos hebreus. Davi compreendeu o insulto e tratou de vingá-lo. É interessante observar que não foi a exposição de suas nádegas que envergonhou aqueles homens, mas a mutilação de suas barbas. Eles podiam comprar novas roupas, porém a barba não cresceria até o tamanho usual de um dia para o outro. A instrução de Davi para eles foi que permanecessem em Jericó até que a barba estivesse grande o suficiente, e depois retornassem para Jerusalém. Davi derrotou os amonitas e os sírios; aquela guerra foi deflagrada por causa da mutilação da barba de alguns homens. No ano 1764, um governante da Pérsia, chamado Kerim Khan, enviou embaixadores a Mir Mahennam, príncipe de Bendervigk, no Golfo Pérsico, para exigir tributos; porém este em resposta cortou as barbas dos embaixadores. Kerim Khan ficou tão enfurecido que no ano seguinte conduziu um grande exército para guerrear contra aquele príncipe, conquistar sua cidade e vingar o insulto.Tocar na barba de outro homem era um insulto, a não ser que fosse feito como um ato de amizade e em sinal de respeito. A barba sempre foi valorizada desde o início dos tempos. É admirável olhar os livros de história e ver as gravuras dos pregadores ao longo dos tempos; você descobrirá que a maioria deles usava barba. Charles Spurgeon não somente tinha uma bela barba, mas também exigia que todos os diáconos de sua igreja tivessem barba. Tenho um retrato de Spurgeon com seus diáconos e todos possuiam barba. IV. O Significado da Barba Porque Deus deu a barba ao homem? O que a barba significa? Primeiro, a barba representa vida para Deus. Somente os homens vivos é que podiam manter uma barba. Os leprosos tinham de ter a barba rapada. A lepra na Bíblia não somente representa o pecado, mas também a morte. A lepra é também um sinal do julgamento de Deus. Lembre-se que Deus feriu Míriam com a lepra por causa da rebelião dela contra Moisés; Deus também feriu Geazi, o servo de Eliseu, com a lepra por causa de seu pecado, falsidade e rebelião. Veja a lei da lepra: "E, quando homem ou mulher tiver chaga na cabeça ou na barba, e o sacerdote, examinando a chaga, e eis que, se ela parece mais funda do que a pele, e pêlo amarelo fino há nela, o sacerdote o declarará por imundo; é tinha, é lepra da cabeça ou da barba... Então se rapará; mas não rapará a tinha; e o sacerdote segunda vez encerrará o que tem a tinha por sete dias." [Levítico 13:29-30, 33] "E será que ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas; sim, rapará todo o pêlo, e lavará as suas vestes, e lavará a sua carne com água, e será limpo." [Levítico 14:9]. Somente depois que um homem ficava livre da lepra é que recebia a permissão de usar barba — ela representava a liberdade da servidão do pecado, da morte e do julgamento. Portanto, a barba significa primeiro de tudo, vida para Deus.Em segundo lugar, a barba significa submissão a Deus. Um homem sem barba ou com a face barbeada e lisa indicava que era um escravo e que estava em submissão a outro homem. Dito de outra forma, estar privado de uma barba era, e ainda é em alguns lugares no Oriente, um distintivo de servidão — uma marca de infâmia, que degradava o indivíduo no meio dos outros homens, para o nível dos escravos e das mulheres.José usava sua barba enquanto estava na prisão. Ele tinha sido vendido como escravo e depois foi lançado na prisão. Entretanto, quando o faraó o chamou para ir ao palácio, José se barbeou, segundo o costume dos egípcios e em reconhecimento à sua condição de escravo e em submissão ao faraó. Seria arriscado para ele comparecer diante do faraó com barba, sendo um escravo; aquilo poderia ser considerado um insulto. "Então mandou Faraó chamar a José, e o fizeram sair logo do cárcere; e barbeou-se e mudou as suas roupas e apresentou-se a Faraó." [Gênesis 41:14]. Assim, ter o rosto barbeado e liso era marca de ser um escravo e servo de outro homem. Portanto, José, como um escravo e em submissão ao faraó, rapou sua barba. Depois que José interpretou os sonhos do faraó, este lhe disse: "Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu." [Gênesis 41:40]. Falando biblicamente, a barba indica que o homem está em submissão a Deus. Não estou dizendo que José não estava debaixo da vontade de Deus quando raspou sua barba, porque Deus o colocou ali. Entretanto, estou dizendo que a remoção da barba no contexto bíblico indica submissão ao homem, enquanto que a barba indica submissão a Deus. Não estou implicando que apenas por que um homem usa barba ele está em submissão a Deus. Infelizmente, existem multidões de homens barbudos que não estão em submissão a Deus, porque milhões em todo o mundo estão perdidos em seus pecados e sem Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Eles podem usar barba, mas suas vidas estão em contradição com o símbolo. O símbolo não significa coisa alguma sem a vida por trás dele. Da mesma forma, os cabelos compridos na mulher simbolizam que ela é submissa ao seu marido. Mas, conheço muitas mulheres de cabelos compridos que não estão estão em submissão aos seus maridos, de modo que seus cabelos não significam coisa alguma. Em terceiro lugar, a barba indicava separação para Deus. Nos tempos bíblicos, era possível olhar para a barba de um homem e identificar qual era o deus de sua devoção. A barba basicamente dizia se aquele homem era um pagão ou se era alguém que cria no único Deus vivo e verdadeiro. Como? Os pagãos normalmente arredondavam e desfiguravam suas barbas e os cabelos da cabeça em honra ao sol, à lua, ou aos outros corpos celestes. Esse arredondamento, ou desfiguração da barba, é aquilo que chamamos hoje de cavanhaque. Os adoradores das estrelas e dos planetas cortavam seus cabelos igualmente em volta, aparando as extremidades. De acordo com Heródoto, os povos árabes tinham o costume de raspar o cabelo em volta da cabeça e deixar somente um cacho no alto, em honra ao deus Baco. Voltando outra vez para Levítico, que já lemos anteriormente: "Não comereis coisa alguma com o sangue; não agourareis nem adivinhareis. Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba. Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o SENHOR." [Levítico 19:26-28]."Não farão calva na sua cabeça, e não raparão as extremidades da sua barba, nem darão golpes na sua carne. Santos serão a seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do SENHOR, e o pão do seu Deus; portanto serão santos." [Levítico 21:5-6]. Porque Deus deu essas instruções específicas para não desfigurar as extremidades da barba? Os hebreus foram instruídos a usarem a barba completa, sem desfigurá-la de forma alguma. A barba completa significa separação para Deus. Nos tempos bíblicos, os homens que arredondavam suas barbas ou que usavam apenas cavanhaque eram adoradores de Baco, Baal e de outras divindades pagãs. É importante observar que a barba na Bíblia representa vida, liberdade e separação (dedicação) para Deus. Entretanto, o símbolo não é nada sem a realidade. Quando o povo de Deus age como os ímpios, Deus pune Seu povo como pune os ímpios. Deus indica essa punição quando ameaça "rapar ou desfigurar" os cantos das barbas deles em julgamento. Dito de forma bem simples: se eles quisessem parecer como os pagãos e viver como os pagãos, então Deus os julgaria como aos pagãos. "Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que castigarei a todo o circuncidado com o incircunciso. Ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos do seu cabelo, que habitam no deserto; porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração." [Jeremias 9:25-26]. "E os seus camelos serão para presa, e a multidão dos seus gados para despojo; e os espalharei a todo o vento, àqueles que estão nos lugares mais distantes, e de todos os seus lados lhes trarei a sua ruína, diz o SENHOR." [Jeremias 49:32]. Quarto. A barba significa as bênçãos de Deus sobre Seu povo: "Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre." [Salmos 133:1-3]. As bênçãos de Deus são como o óleo da unção, o unguento precioso que escorria pela barba dos sacerdotes. Assim, uma barba bem crescida e bem cuidada indica as bênçãos de Deus sobre a vida de um homem e sua dedicação ao serviço de Deus. A barba somente era arrancada, raspada ou deixada sem cuidados durante um tempo de grande tristeza, luto ou calamidade. Portanto, raspar a barba ou deixá-la sem cuidados significava a perda das bênçãos de Deus: "Também Mefibosete, filho de Saul, desceu a encontrar-se com o rei, e não tinha lavado os pés, nem tinha feito a barba, nem tinha lavado as suas vestes desde o dia em que o rei tinha saído até ao dia em que voltou em paz." [2 Samuel 19:24]. "Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou." [Jó 1:20]. "E, ouvindo eu tal coisa, rasguei as minhas vestes e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e sentei-me atônito." [Esdras 9:3]. É interessante que quando o povo de Deus peca e se recusa a se arrepender, Deus usa a imagem da barba raspada para transmitir a mensagem do vindouro julgamento sobre Seu povo. O profeta Isaías predisse que os assírios conquistariam o reino do norte de Israel, rapando a barba de Israel com uma navalha e trazendo julgamento sobre o povo. O profeta Ezequiel usou um quadro similar para ilustrar a destruição de Jerusalém pelos babilônios. "Naquele mesmo dia rapará o SENHOR com uma navalha alugada, que está além do rio, isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e até a barba totalmente tirará." [Isaías 7:20]. O quadro do julgamento de Deus sobre Israel como uma navalha que é passada sobre a barba de toda a nação é um retrato intencional de uma desgraça e de um julgamento extremamente severo. "Vai subindo a Bajite, e a Dibom, aos lugares altos, para chorar; por Nebo e por Medeba clamará Moabe; todas as cabeças ficarão calvas, e toda a barba será rapada." [Isaías 15:2]."Porque toda a cabeça será tosquiada, e toda a barba será diminuída; sobre todas as mãos haverá sarjaduras, e sobre os lombos, sacos." [Jeremias 48:37]."E tu, ó filho do homem, toma uma faca afiada, como navalha de barbeiro, e a farás passar pela tua cabeça e pela tua barba; então tomarás uma balança de peso, e repartirás os cabelos." [Ezequiel 5:1]. Quando Deus queria mostrar e indicar a severidade de Seu julgamento sobre Seu povo por causa do pecado, Ele fazia isso usando a analogia de rapar o símbolo mais amado deles — a barba. Portanto, a maior indignidade que poderia ser feita a um homem era arrancar sua barba — um sinal seguro do julgamento de Deus é ter a barba arrancada. Se você quiser entender o que foi feito com o Senhor Jesus Cristo, precisa entender isto. Quando nosso Senhor foi feito nosso substituto e sofreu em nosso lugar, lemos: "As minhas costas ofereci aos que me feriam, e a minha face aos que me arrancavam os cabelos; não escondi a minha face dos que me afrontavam e me cuspiam." [Isaías 50:6]. Jesus ofereceu Suas costas aos açoites, mas também deu Seu rosto para aqueles que puxaram Sua barba de forma violenta e grosseira! Preciso dizer que aquilo não foi feito apenas para lhe causar mais dor, mas foi feito segundo o costume de simbolicamente dizer: "Você está sob maldição, está sob a ira de Deus, está sob o julgamento de Deus." V. O Propósito da Barba Deus deu a barba aos homens. A questão não é se é certo ou errado usar barba, mas, ao revés, se é certo ou errado raspá-la! Por que Deus deu a barba aos homens? A barba é a marca de distinção de um homem. Um homem com barba nunca pode ser confundido com uma mulher. A barba era considerada "como um ornamento sagrado dado por Deus ao homem para distingui-lo da mulher." [Calmet’s Dict. of the Bible, pág. 153]. "Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao SENHOR teu Deus." [Deuteronômio 22:5]. Keil & Delitisch dizem o seguinte em seu comentário sobre Deut. 22:5: "O propósito imediato desta proibição não era evitar a licenciosidade, ou se opor às práticas idólatras... mas manter a santidade da distinção entre os sexos, que foi estabelecida na criação do homem e da mulher e deixar claro que em relação a isto Israel não deveria pecar. Qualquer violação ou remoção dessa distinção... era antinatural e, portanto, uma abominação aos olhos de Deus." Portanto, esses comentaristas dizem que esse verso está dirigido contra qualquer um que queira obliterar ou ofuscar a distinção entre os sexos. Frequentemente, a idolatria está associada com o estilo unissexo ou com o travestismo. A deusa Diana dos efésios era representada por uma escultura em que aparece com um grande número de seios (a característica distintiva de uma mulher) e barba no rosto — a característica de distinção de um homem. Muitas deusas pagãs recebiam sacrifícios oferecidos por homens vestidos como mulheres e por mulheres vestidas como homens. Muitos outros pagãos faziam o mesmo. No Egito, na Grécia e em Roma havia um esforço deliberado de remover a distinção entre os sexos. Um homem sem barba era considerado efeminado! Quando os pagãos criaram a imagem de Diana, é aparente que até eles sabiam e compreendiam que a barba era uma característica de distinção do homem! Lange, em seu comentário diz: "Destruir a distinção instituída por Deus entre os sexos leva à licenciosidade, à imoralidade e à confusão. Qualquer coisa que torne o sexo masculino efeminado e o sexo feminino masculinizado é prejudicial a ambos." Uma coisa é certa: um homem com barba e cabelos curtos nunca será confundido com uma mulher; por outro lado, um homem sem barba e de cabelos curtos pode, algumas vezes, ser confundido com uma mulher, se seus traços faciais forem suaves. Heródoto, o historiador do século 5 AC disse que os povos bárbaros de face lisa tinham sido feridos por uma divindade e transformados em mulheres. Aplicações 1. Não podemos rejeitar, desprezar ou denegrir qualquer parte da Palavra de Deus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e foi dada para nossa instrução e edificação. Se não houvesse significado na barba, por que há tanta preocupação com ela na Bíblia e por que Deus usou a raspagem da barba para indicar julgamento? 2. Felizmente, tem havido uma ressurgência do uso da barba nos últimos anos e acredito que esta é uma boa indicação que os homens estão ficando fartos com a feminização da nossa sociedade como um todo. Além disso, acredito que também seja uma indicação que estamos fartos da escravidão e que desejamos reconquistar nossa masculinidade e nossa liberdade. 3. A barba deve representar nossa vida para Deus, submissão a Deus, separação para Deus e as bênçãos de Deus sobre nós. Entretanto, como mencionei anteriormente, o símbolo não é nada sem a realidade da vida. Como homens cristãos, nossas barbas devem ser um testemunho privado e público. Cada vez que nos olhamos no espelho, devemos nos lembrar da razão por que temos barba. Cada vez que alguém perguntar por que usamos barba, temos uma oportunidade para testemunhar. Já fui questionado inúmeras vezes e tive a oportunidade de ensinar o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto.Quero dizer somente mais uma coisa. Toda vez que me olho no espelho e vejo minha barba, ou quando aparo minha barba, preciso pensar: Esta barba me diz que preciso estar em submissão ao único Deus vivo e verdadeiro. A questão é: Estou? Preciso estar separado para Deus. Estou? Preciso ter as bênçãos Dele sobre mim. Tenho? A barba é importante histórica e biblicamente e há uma razão para Deus ter dado a barba ao homem, de modo que precisamos compreender e aplicar isto em nossas vidas.Oremos. Pai, pedimos em nome de Jesus Cristo tua ajuda, tua graça, tua misericórdia e tua verdade. Oramos para que o Senhor nos ensine a desenvolver uma fé santa e nos conceda a graça de podermos servir-te de uma forma que seja aceitável, com reverência e temor. (fim de citação) Para uma viagem histórica pela história do uso da barba na Igreja Cristã, leiam este artigo. Ao lermos este texto, escrito e proferido por John Weaver, conseguimos entender claramente como o uso da barba jamais deveria ser proibido ou desincentivado por alguém, muito menos por autoridades religiosas. Analisando o assunto estritamente do ponto de vista da Bíblia, o homem deveria usar barba e só a poderia tirar em casos extremos, tais como luto, doença, etc. A pergunta que se levanta é: Não saberá a organização das Testemunhas de Jeová, a Sociedade Torre de Vigia e seu Corpo Governante (supostamente homens ungidos por Deus), todas estas coisas mencionadas neste texto? Dificilmente não saberá! Daí que se possa questionar quais as reais razões para a proibição do uso da barba entre os varões Testemunhas de Jeová. É isso que passaremos a analisar. As reais razões pelas quais a Torre de Vigia proíbe o uso da barba Tendo em conta o estudo bíblico e histórico apresentado acima sobre o uso da barba nos tempos bíblicos, torna-se difícil entender a posição dogmática e prepotente da Torre de Vigia em relação ao seu uso. Indo mais além, pode-se dizer que esta posição contraria a posição comum da Torre de Vigia ao estabelecer as suas doutrinas e posições teológicas. O site jwfacts.com explica isso deste modo, usando os critérios usados pela organização com respeito a outros assuntos, tais como o uso de tatuagens, celebração de aniversários e outros:
No entanto, ao longo de muitos anos, a organização tem publicado matérias que colocam o uso da barba numa luz desfavorável. Basta ver as diversas fotografias onde aparecem irmãos na congregação e não se vê nenhum com barba. Mas quando a organização retrata pessoas do mundo, especialmente em relação a atitudes consideradas carnais e mundanas, note como são retratados os homens: Inconscientemente, qual é a mensagem passada às Testemunhas de Jeová através destas fotografias? Sem dúvida que a barba é somente usada por pessoas de moral duvidosa, violentas ou pessoas envolvidas em atividades políticas. Será que isso corresponde à realidade? É lógico que não! Quantas pessoas conhece em seu círculo social: no emprego, na família, etc. que têm barba e são pessoas de moral exemplar, talvez muitas delas até mesmo religiosas e tementes a Deus? Certamente que conhece algumas, certo? Veja por exemplo a resposta que a filial do Brasil deu a uma questão relativa ao uso da barba pelos varões na congregação. Notem como a Torre de Vigia vai buscar um artigo da Sentinela dos anos 70, época de fortes rebeliões juvenis e políticas, onde o uso da barba refletia muitas vezes posições filosóficas e políticas. Porque não um artigo mais recente? Usando a desculpa de que, em geral, os varões no país não deixam crescer a barba, serve de mote para estabelecer um critério absoluto sobre todos os homens na congregação das Testemunhas de Jeová. Usando até mesmo a ideia de que deixar crescer a barba é sinal de desleixo em certos lugares. Sério? Quais lugares? Pois… não são mencionados. Sendo assim, associar o uso da barba nestes termos perjorativos é na realidade uma falácia – a falácia da generalização. É usar casos particulares e aplicá-los à generalidade. Como exemplo, poderíamos dizer o seguinte: "Visto que os políticos e pessoas da banca e alto comércio usam gravata e algumas destas pessoas são corruptas, desonestas e sem escrúpulos, o verdadeiro cristão devido a manter a sua honestidade em todas as coisas (incluindo na aparência) e como deseja manter-se neutro do sistema político deste mundo, não deve usar gravata." Teria lógica esta postura, visto que aquilo que foi afirmado sobre alguns dos que usam gravata é verdade? Lógico que não! Porque a gravata não é usada apenas por pessoas corruptas e desonestas, mas também por pessoas de moral elevada e tementes a Deus. Do mesmo modo, afirmar que por algumas pessoas usarem barba e pertencerem a gangs, serem militantes políticos ou outro grupo marginal da sociedade, o verdadeiro cristão não pode usá-la é completamente descabido! É claro que o cristão não usaria uma barba de estilo estravagante ou que detraísse da mensagem cristã, talvez por aparar e desgrenhada. No entanto, proibir o seu uso não apenas viola a individualidade da pessoa humana, como cria uma proibição que não tem base bíblica. É o mesmo que proibir ter cabelo e forçar a cortá-lo todo, apenas porque algumas pessoas usam estilos de cabelo que os identificam com grupos marginais, tais como os punks e góticos, etc. Percebe até que ponto esta proibição da Torre de Vigia é artificial e cria limites à liberdade individual de um cidadão e pessoa temente a Deus? Acha mesmo necessária tal proibição? Conforme vimos no texto do pastor John Weaver, existem razões bíblicas mais do que suficientes para um homem usar barba ou pelo menos, não ser impedido de a usar. No entanto, a organização continua promovendo a ideia de que usar barba pode detrair da mensagem que as Testemunhas apresentam. No artigo de estudo da Sentinela de Setembro de 2016, note o parágrafo 17: Este parágrafo reconhece aquilo que já se mencionou: Na Lei Mosaica, o homem tinha forçosamente que usar barba. É interessante que eles não explicam o porquê, conforme o artigo acima explicou bem as várias razões, sendo que uma delas era para que não houvesse confusão de géneros masculino e feminino. Além disso, a organização faz referência à questão de que em algumas culturas o uso da barba não é mal-visto e que uma barba bem-feita é aceite. O mais curioso é que mesmo nos países onde isto acontece, as Testemunhas de Jeová não usam barba exatamente porque a Torre desincentiva fortemente, até mesmo punindo os irmãos que a deixarem crescer por lhes retirar quaisquer privilégios que tenham ou pressionando-os a desfazer a barba (caso a deixem crescer à revelia). Isso acontece em Portugal por exemplo, onde o uso da barba desde sempre se fez notar e o seu uso em nada macularia a imagem das Testemunhas de Jeová e sua pregação. Esta é por isso mesmo, uma declaração hipócrita e desonesta, porque debaixo desta aparente razoabilidade está um poder e farisaísmo sem precedentes, onde aqueles que ousarem ter algum rasgo de individualidade estão condenados a serem "perseguidos" e pressionados a seguir as orientações vindas da mãe-organização. Mesmo quando alguém questiona diretamente a organização sobre este assunto, notem a resposta padrão que ela dá, colocando sempre no indivíduo a suspeita de querer-se destacar dos outros por ter um estilo pessoal de se vestir ou arrumar. Ao ler esta carta, é bem patente o uso de argumentos falaciosos em virtude de tudo o que já se analisou até aqui. Especialmente o ante-penúltimo parágrafo demonstra bem como a organização põe em causa o indivíduo e suas motivações, simplesmente porque ele deseja deixar crescer algo que foi intencionado por Deus e cuja proibição e artigos pejorativos por parte da Torre de Vigia criaram, eles sim, uma pedra de tropeço para os irmãos e os levaram a ver com maus olhos o uso da barba. Como é óbvio, no dia em que a Torre de Vigia levantar esta proibição, os irmãos terão liberdade para usar ou não barba e ninguém irá questionar ou atribuir más motivações! É assim que se percebe como ao se criarem ensinos e proibições farisaicas, está-se no fundo a demonstrar poder sobre o indivíduo. Sim, a Torre ao proibir a barba e impôr isso como questão de lealdade às normas organizacionais, mais uma vez demonstra que é ela que está no controle dos seus membros e que estes lhe prestam total vassalagem. Quando começou a proibição Alguns associam esta proibição com a desculpa da Torre de Vigia de que a barba pode associar a pessoa a grupos radicais ou políticos, tais como os que começaram nos anos 60. No entanto, a mudança de posição com respeito à barba começou bem antes, já no tempo de Rutherford, segundo presidente da Torre de Vigia. Diferente do primeiro presidente, Charles Taze Russell, este presidente não tinha barba e a sua postura ditatorial com respeito ao certo e errado, ao que se podia fazer e o que não se podia começou logo após a sua subida ao poder. Como a história da Torre de Vigia comprova, J.F. Rutherford empreendeu uma campanha de anular os vestígios do primeiro presidente e retirar-lhe a aura dourada que ele possuía perante dos Estudantes da Bíblia. Vários ensinos de Russell foram descontinuados e até mesmo alguns foram classificados como ensinos de demónios, tais como a crença que a pirâmide de Gizé era a "testemunha de pedra de Deus", cujos cálculos comprovavam e apontavam para inúmeras profecias bíblicas. Muitos Estudantes da Bíblia na época, à semelhança das pessoas em geral e do próprio primeiro presidente Russell, usavam barba. Ao que tudo indica, isto tornou-se insuportável para este homem maquiavélico e sedento de poder. Não tardou muito que ele iniciasse uma campanha dentro da própria Torre de Vigia contra o uso da barba. O livro "30 anos Escravo da Torre de Vigia" relata o seguinte episódio, testemunhado pelo autor: "Um incidente engraçado ocorreu na altura da visita do Juiz. O Director da nossa filial alemã, tal como muitos antes dele, tinha deixado crescer uma grande barba, idêntica à barba de Charles T. Russell. O Juiz não queria nada que o pudesse lembrar de Russell – nem mesmo o deixar crescer uma barba. Então, sentando-se à mesa para jantar uma noite, dentro do meu alcance da minha audição, o diretor pediu ao Juiz mais uma prensa rotativa de grande porte. O Juiz não disse nada por um tempo, apenas comeu. Então, de repente ele olhou para cima, seus olhos fixos severamente na enorme barba do Diretor e disse: "Eu vou comprar-lhe a prensa se você tirar essa coisa", apontando para a barba. Ele certamente chocou as sensibilidades do Diretor, mas ele humildemente atendeu a advertência e logo depois apareceu envergonhado sem a barba." – "30 Years a Watchtower Slave" págs.51-52 O relato do Anuário das Testemunhas de Jeová de 1974, págs. 97-98 (em inglês), relata esta história, comprovando o sucedido. Como podemos ver, o surgimento desta proibição ou forte desincentivo em usar a barba, não se originou de qualquer princípio bíblico ou sensibilidade para com a cultura local e a forma das pessoas encararem aqueles que tinham barba como mais piedosos ou mais rebeldes diante de Deus. Nada disso! Esta proibição surgiu, assim como muitas outras debaixo da liderança de J.F. Rutherford por puro capricho e desejo de controlar e manipular os outros, tornando-os à sua semelhança e de algum modo tentando apagar o passado. Esta sede de controle sobre os membros e manipulação levada a cabo para os fazer sentir culpados de usar barba, algo que como já vimos tem base bíblica e anatomicamente faz parte intrínseca do homem, tal como os pêlos que tem em grande quantidade em todo o corpo, é característico em seitas e grupos de alto controle. As lideranças de tais seitas e grupos destrutivos apreciam especialmente criar regras de como se vestir, cortar o cabelo, usar a barba, etc., pois isso irá criar uma distinção entre os membros do grupo e os de fora, como se isso conferisse por si mesmo uma distinção positiva. Recorrendo a várias estratégias de controle mental, a liderança promove certa aparência como a ideal para o grupo, ao passo que apresenta como negativa outra aparência. Tudo não passa de mera jogada psicológica que coloca o membro sujeito aos ditames da liderança e revela se ele deseja ser leal ao grupo ou não. Isso acontece claramente no uso da barba entre as Testemunhas de Jeová. Caso um membro ouse desafiar a opinião do Corpo Governante neste aspeto, sofrerá sanções dentro da congregação e passará a ser encarada como uma pessoa rebelde e que demonstra um espírito semelhante aos israelitas rebeldes dos dias de Moisés, tal como o exemplo de Corá, Datã e Abirão que tanto a Torre de Vigia gosta de usar. E lembremo-nos... estamos a falar de um assunto tão trivial como usar ou não a barba. O que dirá de outros mais sérios e que até mesmo podem representar a perda da vida da pessoa, tal como acontece com as decisões de vida ou morte com respeito às transfusões de sangue! Conclusão A questão da proibição da barba é das limitações mais tolas que a Torre de Vigia impõe aos seus adeptos, graças aos ditames do "Juíz" Rutherford, que desejando eliminar quaisquer traços de seguidores de Russell (que usava barba) impôs esta norma. Apesar de ser uma regra criada há quase 100 anos ela continua atual. Se a Organização critica a Igreja Católica, por causa da questão dos contraceptivos, (quanto a mim tem mais lógica e base bíblica do que a proibição da barba), ela mesma criando mandamentos a partir de opiniões humanas, proíbe algo que foi o próprio Deus que deu ao homem. Muitas vezes, a organização usa o Antigo Testamento (AT) para estabelecer normas de conduta para hoje em dia, tais como o abster de sangue, não usar tatuagens, etc. No entanto, o mesmo AT estabeleceu como norma o uso da barba para os homens, podendo-a apenas aparar. A barba foi projetada por Deus como distinção entre o macho e a fêmea humanos e assim como a mulher deveria ter o cabelo comprido e o homem não, o homem devia ter barba. Por isso, um homem que desejasse passar por mulher nos tempos bíblicos, forçosamente teria de fazer a barba, para além de vestir roupa feminina. E sabemos bem o que o AT destinava a tais pessoas. Assim, a Organização usa o AT para umas coisas e esquece-o para outras, impondo a seus membros uma norma que para além de não ser coerente, torna-se perfeitamente destituída de lógica, até mesmo do ponto de vista doutrinal. Esta norma (cortar a barba) torna-se o primeiro passo para se eliminar quaisquer traços de individualidade, conformando o indivíduo a um modelo esteriotipado com a aparência de "homem de negócios", que na realidade, já nem corresponde ao modelo seguido hoje em dia. Se antigamente e em alguns casos hoje em dia, ter a barba por cortar poderá ser um sinal de rebeldia ou inconformismo na sociedade (até mesmo de opção política), na maioria isso não acontece. Desde o cidadão comum, ao empresário, artista, religioso, político, enfim, pessoas de todas as esferas, estratos sociais e religião usam barba e poucos são os países onde tal costume não é comum. Sendo assim, do ponto de vista bíblico e cristão nada impede um homem cristão de ter barba e nenhuma liderança religiosa que se diga cristã deveria proibir. Uma coisa é aconselhar e exigir uma aparência digna de respeito dentro da congregação, outra bem diferente é impôr uma norma que viola a individualidade do ser humano de modo a controlá-lo e conformá-lo ao grupo. Olhando para a natureza observamos que Jeová é um Deus de diversidade, onde até mesmo dentro das mesmas espécies, as cores e formas variam, desde as mais discretas às mais fulgurantes e nada discretas. Por isso, porque terá o homem que impôr leis extra-bíblicas tentando impôr a sua opinião a outro ser humano? Se não somos amos da fé dos outros e se estes são servos apenas de Deus, não nossos, porque temos que os tratar como se fossemos amos deles? Cada cristão será julgado individualmente, quanto às suas escolhas e acções. Sendo assim, cada um levará a sua própria carga e cada um deve ter o direito de decidir como e de que forma deve usar ou não barba. Quem diz a barba, diz o cabelo ou até mesmo a roupa. Desde que isso não traga excessiva atenção a si mesmo e não detraia da pessoa que é no íntimo, o cristão tem toda a liberdade em Cristo para fazer suas escolhas pessoais. Que cada um pense nisto e reflita se está sendo escravo de Deus ou, por outro lado, está sendo escravo de homens! Por, Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Carlos Fernandes (Fb), Portugal (Lisboa)
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