“A vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido” - Provérbios 4:18 “Como você reage quando Jeová, a Fonte de esclarecimento espiritual, lança luz sobre “as coisas profundas de Deus” contidas na Bíblia? (1 Cor. 2:10-13) Temos um belo exemplo na reação do apóstolo Pedro quando Jesus disse aos seus ouvintes as palavras do texto de hoje. Levando essas palavras ao pé da letra, muitos discípulos disseram: “Esta palavra é chocante; quem pode escutar isso?” Eles “foram embora para as coisas deixadas atrás”. Mas Pedro disse: “Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens declarações de vida eterna.” (João 6:60, 66, 68) Pedro confiou que Deus proveria o esclarecimento espiritual. Quando a luz espiritual sobre certo assunto se torna mais clara, você procura entender as razões bíblicas por trás do ajuste? (Pro. 4:18) Imitar o exemplo dos bereanos do primeiro século aumentará seu apreço pelo privilégio de servir a Jeová. — Atos 17:11. w11 15/9 2:14, 15” – es13 p. 17 Janeiro “O apóstolo Pedro não havia entendido bem o que Jesus quis dizer quando falou em comer Sua carne e beber Seu sangue. Mas Pedro confiou que Deus proveria o esclarecimento espiritual. Quando a luz espiritual sobre certo assunto se torna mais clara, você procura entender as razões bíblicas por trás do ajuste? (Pro. 4:18) Os bereanos do primeiro século receberam a palavra de Deus “com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia”. (Atos 17:11) Imitar o exemplo deles aumentará seu apreço pelo privilégio de servir a Jeová, de ter a ele como herança.” – w11 15/9 p. 14 par. 15 ““A vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido”, diz Provérbios 4:18. Sim, a liderança de Jesus é progressiva, não estagnada. Outra maneira de cooperar com os “irmãos” de Cristo é ser receptivo aos refinamentos no nosso entendimento das verdades bíblicas publicados pelo “escravo fiel e discreto”. — Mat. 24:45.” – w11 15/5 p. 27 Conforme as citações acima, o uso do texto de Provérbios 4:18 é normalmente usado pela Organização Torre de Vigia e as Testemunhas de Jeová no contexto do refinamento do conhecimento espiritual, especialmente quando existem "novas luzes" ou "novos entendimentos" e ajustes organizacionais. É com base neste texto que as Testemunhas se agarram ao conceito de “verdade atual” ou “verdade progressiva” dando pouca importância aos “erros” doutrinais do passado, até mesmo desculpando-os. Muitas Testemunhas de Jeová ficam assim presas neste conceito de que a “verdade” é mutável e pode ser alterada ou mudada, apoiando-se neste texto bíblico. Mas é isso mesmo o que o texto implica? Em que sentido disse Salomão estas palavras? É correto associá-lo e usá-lo como base para as sucessivas mudanças doutrinais e organizacionais ao longo dos anos, realizadas pela Organização? Qual o significado de Provérbios 4:18? Voltemos a ler o texto e vamos dissecar as palavras usadas por Salomão, de modo a que o contexto da passagem ajude ao seu entendimento correto. Afinal, como muitas vezes as Testemunhas de Jeová dizem: “a Bíblia interpreta-se a ela mesma”. Leiamos: “A vereda dos justos é como a luz clara que clareia mais e mais até o dia estar firmemente estabelecido” - Provérbios 4:18 (TNM Revisada) O rei Salomão começa por usar a expressão “a vereda dos justos”. Por estas palavras percebemos que Salomão refere-se ao “caminho” ou “vereda” daqueles que amam a Deus e fazem a sua vontade. Ele aqui não usa a expressão “a luz da verdade” ou “a luz do conhecimento”. Vejamos o contexto de toda a passagem: “Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se multiplicarão os anos da tua vida. No caminho da sabedoria te ensinei, e por veredas de retidão te fiz andar. Por elas andando, não se embaraçarão os teus passos; e se correres não tropeçarás. Apega-te à instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida. Não entres pela vereda dos ímpios, nem andes no caminho dos maus. Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo. Pois não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar. Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência. Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Provérbios 4:10-19 (Almeida Corrigida e Revisada Fiel) Destaquei algumas palavras-chave que ajudam a perceber o sentido das palavras de Salomão. O rei Salomão admoesta o leitor, estabelecendo dois possíveis caminhos para ele: A “vereda da retidão”, referindo-se ao comportamento digno de um homem temente a Deus e a “vereda dos ímpios” que implica uma vida impiedosa e violenta. Percebe-se assim que Salomão apresenta como pai amoroso, o proceder que o filho deve seguir, de modo a fazer a vontade de Deus e ser justo e reto aos Seus olhos. Não está em discussão ou foco uma questão de “entendimento progressivo” ou “revelação” de verdades divinas, mas tão somente o conselho de que a vida do justo gradualmente revela o resultado desse comportamento justo. Nunca lhe aconteceu perguntar-se porque os iníquos aparentemente são bem-sucedidos na vida, mesmo praticando a iniquidade? Sem querer é natural virem-lhe à mente pensamentos tais como descritos aqui: “Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se robustecem em poder?” – Jó 21:7-7 “Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?” – Jeremias 12:1-1 A aparentemente vida bem-sucedida dos iníquos, tem feito muitos enveredarem pela vida de violência e extorsão, procurando obter lucro fácil à custa de outros. Salomão sabia que esse caminho iria resultar posteriormente em “escuridão” ou “trevas” que os fariam posteriormente tropeçar. Daí este conselho amoroso, de modo a que o leitor prezasse a sabedoria divina e andasse na “vereda da retidão” e não no “caminho dos iníquos”. Analisarmos este contexto, torna claro como a Organização Torre de Vigia distorce o sentido da passagem, de forma a desculpá-la pelos seus erros doutrinais e falsas profecias, tentando fazer crer que é natural que uma organização que se diz guiada por Deus cometa tais erros. Mas Provérbios 4:18 não apoia tal conclusão e esta simples análise demonstra isso mesmo. Um pouco mais à frente, Salomão reforça este sentido dizendo: “Os teus olhos olhem para a frente, e as tuas pálpebras olhem direto diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” – Provérbios 4:25-27 Mais uma vez, Salomão reforça o apelo de que o leitor deve ter cuidado com o caminho que trilha, não se desviando nem para a direita, nem para a esquerda, significando isto o não abandono da vida de retidão aos olhos de Deus para seguir um caminho errado ou iníquo. Mais uma vez NADA nas palavras de Salomão se referem ao “conhecimento progressivo” da vontade divina ou de “revelações” graduais da parte de Deus. O que é a “verdade progressiva” segundo a Torre de Vigia? O sentido de “verdade progressiva” da Torre de Vigia é bem diferente do conceito que a expressão encerra em si mesma e do sentido que pode ser obtido segundo a revelação bíblica. Tomemos como exemplo a “verdade progressiva” relativamente ao prometido “descendente”, prometido em Génesis 3:15. As palavras contidas neste texto diz: “E porei inimizade entre você e a mulher, e entre o seu descendente e o descendente dela. Este esmagará a sua cabeça, e você ferirá o calcanhar dele.” – Génesis 3:15 (TNM Revisada) É natural que Adão e Eva não tivessem entendido o alcance destas palavras e seu futuro cumprimento. A única coisa que poderão ter entendido é que a mensagem encerrava a chave para a resolução do que havia acabado de acontecer, derivado da sua desobediência e condenação. Apresentava uma esperança futura, mas cujo cumprimento estava ainda longe de ser conhecido. Mais tarde, Deus olhou com favor para um homem chamado Abraão e vendo a sua fé e obediência fez-lhe a promessa: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” – Gênesis 12:2,3 A promessa do descendente foi mais tarde reafirmada várias vezes, demonstrando que tal descendente ou semente viria por meio da linhagem do rei Davi: “A expansão do seu reinado E a paz sobre o trono de Davi E sobre o seu reino não terão fim, De modo que este será estabelecido firmementee amparado Por meio da justiça e da retidão, Desde agora e para sempre. O zelo de Jeová dos exércitos fará isso.” – Isaías 9:7 (TNM Revisada) Quando Jesus surgiu no cenário mundial e revelou-se como o messias prometido, todas as anteriores profecias relativas a ele estavam na mente dos judeus. Eles perceberam gradualmente como Deus tinha revelado o caminho que iria conduzir ao descendente prometido e Jesus havia nascido numa família da tribo de Judá, tal como a profecia havia dito: “O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de governante de entre os seus pés, até que venha Siló,e a ele pertencerá a obediência dos povos.” – Génesis 49:10 Paulo, tendo todas estas profecias em que se basear para explicar aos seus ouvintes que Jesus era o prometido Messias, pôde por isso dizer: "Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo." – Galátas 3:16 Paulo entendeu corretamente que o descendente prometido a Abraão era um só, Jesus Cristo. A isto se pode dar o nome de “verdade progressiva” ou “revelação progressiva”. Mas quando se analisa a história da Torre de Vigia será que é este tipo de “verdade progressiva” que encontramos? Não! Muito pelo contrário, encontramos pisca-pisca de “luzes” ou “entendimentos” que ora são, ora não são. Na verdade, não há um “progresso” de conhecimento, mas uma “mudança” de conhecimento. Veja por exemplo o caso da ressurreição das pessoas destruídas em Sodoma e Gomorra e as várias mudanças no entendimento: Sim: 1877-1951 Não: 1952-1965 Sim: 1965-1988 Não: 1988 Que dizer dos transplantes de orgãos? Mais pisca-piscas de opinião: Sim: Antes de 1967 Não: 1967 Sim: 1980 Estes são apenas 2 exemplos de dezenas de outras mudanças doutrinais que demonstram que não existem uma “verdade progressiva” ou “novas luzes” no conhecimento das Testemunhas de Jeová. É interessante que o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia, Charles Taze Russell, havia escrito na sua época: “Se estamos seguindo a homens indubitavelmente será diferente connosco; sem dúvida que uma idéia humana irá contradizer a outra e aquela que foi luz há um ou dois ou mesmo 6 anos atrás será encarada como sendo escuridão agora. Mas com Deus não existe variação, nem sombra de mudança, assim é com a verdade; qualquer conhecimento ou luz vinda de Deus terá de ser como o seu autor. Uma nova visão da verdade nunca poderá contradizer a anterior verdade. ‘Nova luz’ jamais extingue a velha ‘luz,’ mas acrescenta.... Assim é com a luz da verdade; a verdade aumenta por se lhe acrescentar, não por substituir uma pela outra.” - Torre de Vigia de Sião, Fevereiro 1881, pág. 3 (em inglês) A lógica apresentada por Charles Taze Russell é correta. A luz aumenta o conhecimento da verdade e não a anula. Como ele diz e bem: “Nova luz jamais extingue a velha luz,’ mas acrescenta...” O conceito da organização de que a “verdade” bíblica pode ser mudada, é um conceito errado e demonstra a fragilidade das interpretações dogmáticas da Organização das Testemunhas de Jeová. Uma “verdade” que nunca foi verdade, nunca passou de uma mentira! Concluímos assim 2 coisas: em primeiro lugar, Provérbios 4:18 não afirma e nem apoia o argumento da Torre de Vigia sobre a progressão de entendimento. As palavras de Salomão nada tinham a ver com esse aspeto. Em segundo o lugar, o próprio conceito da Torre de Vigia sobre a progressão da “verdade revelada” é desvirtuado e não corresponde ao que realmente acontece nas mudanças ocorridas nos mais de 300 ensinos alterados da Torre de Vigia desde a sua existência. A verdade, sendo progressiva, acrescenta sempre novas informação (como vimos no caso da profecia sobre o “descendente” prometido em Génesis) e nunca altera ou anula “verdades” ou “revelações” anteriores. Visto que o Espírito Santo iria conduzir ao conhecimento da verdade (João 16:12-13), ele jamais iria guiar os discípulos em zigue-zagues doutrinais ou avanços e recuos no entendimento. O que a acontece na Torre de Vigia apenas demonstra que a sua liderança, o auto-proclamado “Escravo Fiel e Discreto” (ou “prudente”), não possui qualquer informação privilegiada com respeito ao conhecimento profundo das Escrituras ou mesmo profético, embora nas suas alegações e exposições ajam como “profeta” ou porta-voz de Deus. Todos aqueles que ao longo da sua vida têm alinhado suas escolhas pessoais pelas orientações destes homens imperfeitos têm acabado por sentir desilusão e confusão, pois as promessas tantas vezes feitas em tom dogmático e com uma certeza absoluta, acabam por falhar. Mas as consequências acabam apenas por recair naqueles que seguem tais orientações (leia este artigo). Fazemos votos que este não venha a ser o seu caso! Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Carlos Fernandes | de Portugal (Lisboa)
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