Gostava de salientar aqui alguns pormenores do anúncio dado na reunião passada, acerca das "notícias distorcidas" sobre as Testemunhas de Jeová. "Notícias distorcidas sobre as Testemunhas de Jeová:" O início da carta começa logo por enquadrar a informação de um modo que prepara o ouvinte e o condiciona à partida de que as notícias dos media são "distorcidas" e por isso sem qualquer veracidade. "recentemente, têm surgido notícias com informações falsas sobre a organização de Jeová. Essas notícias são como "armadilhas mortais" preparadas para abalar a nossa fé. (Jer. 5:26)" Mais uma vez, o uso da expressão "informações falsas" repete a mensagem a ser passada: não acreditem! É tudo falso! Associado a isto a expressão "organização de Jeová" que serve de bloqueio, pois se é a contra a "organização de Jeová", só pode ser falso e um ataque satânico. Afinal, quem deseja atacar a "organização de Jeová" senão Satanás e seus asseclas? As notícias são comparadas a "armadilhas mortais" que "abalam a fé", o que pressupõe que vê-las pode matar a pessoa, ou seja, pode impedi-la de herdar a vida eterna. Este tipo de linguagem que assusta um crente, desencadeia nele fobias já inculcadas anteriormente, de modo que tais expressões funcionam como gatilhos para parar o raciocínio objectivo e provocar nele a paragem de pensamento crítico: "eu nem quero ver o que é porque isso poderá ser fatal. É perigoso!" "Como devemos nos sentir quando notícias na TV, em sites ou nas redes sociais sobre as Testemunhas de Jeová são tendenciosas, distorcidas ou completamente falsas? Devemos ficar chocados? Não. Nós esperamos que coisas assim aconteçam. (Sal. 109:2)" Aqui começa o condicionamento da forma como a TJ deve encarar tais notícias. São usadas as expressões "tendenciosas", "distorcidas" ou "completamente falsas", de modo a que nem se abre espaço para que alguma coisa na notícia possa conter algum grau de veracidade. Afinal, se fala mal da "organização de Jeová" só pode ser falso, certo? "E não ficamos surpresos quando alguns acreditam em informações distorcidas, visto que "a pessoa ingênua acredita em qualquer palavra". (Provérbios 14:15)" Aqui o autor do texto prepara a mente do ouvinte para se colocar contra aqueles que ouvindo as notícias e vendo a informação possam acreditar que são de facto verídicas. A pessoa que acredita no jornalismo que vá contra a Torre de Vigia é chamado de "ingênuo", quando na verdade, as pessoas ingênuas são as que estão sendo manipuladas e levadas a crer que tudo não passa de "notícias falsas". Portanto, mesmo que uma TJ seja levada a crer que as notícias apresentadas têm elementos de veracidade ela já terá contra si TODAS as TJ que seguem a linha de pensamento imposto pela organização. Aqui se vê claramente uma linguagem manipuladora e maquiavélica. "Ainda assim, os cristãos leais não acreditam em qualquer declaração feita sobre seus irmãos e não permitem que informações distorcidas abalem a sua fé. É melhor não dar atenção a notícias negativas." Para uma Testemunha de Jeová, ser leal a Deus é importante e isso colocado com o ser leal à "organização de Jeová". Assim, o texto coloca a expressão "cristãos leais" de modo a reforçar a ideia de que se alguém acreditar nas notícias veiculadas contra "seus irmãos", ele estará a colocar-se contra Jeová. Estará a ser desleal a Deus. Mais uma expressão que manipula os sentimentos dos ouvintes e os impede de ter raciocínio crítico. Assim, logicamente a conclusão é "não dar atenção a notícias negativas". "Não devemos compartilhar esse tipo de notícia, dando assim mais publicidade a essas informações distorcidas." Aqui a organização tenta quebrar o ciclo de divulgação dentro do grupo, proibindo o compartilhar tais notícias. É óbvio que qualquer TJ que o faça a partir de agora, estará sujeito a ter problemas com os anciãos e isto serve de ameaça indirecta a tais. "Nós também não queremos ter nenhum contato com apóstatas. Por isso, não deixe que nada, nem mesmo a curiosidade, faça você ter contato com eles." É interessante que aqui neste alerta é inserido o alerta sobre os "apóstatas", como se os "apóstatas" fossem aqueles que produziram as reportagens e notícias. Esta frase associa os "apóstatas" às notícias para reforçar a ideia de que tais notícias jamais podem ser verdadeiras, pois a sua origem é "apóstata". Isto claramente é linguagem manipuladora dos sentimentos e emoções dos crentes, de modo a descartarem à partida quaisquer notícias negativas. O alerta é claro e revela o verdadeiro perigo para a fé de uma TJ assistir a tais notícias. Notem que a organização jamais menciona que notícias são ou explica porque afirma serem falsas. Faz apelos genéricos que nada explicam, mas servem apenas para amedrontar e paralisar o pensamento individual e colectivo dos membros. A curiosidade é apresentada como fatal para uma TJ. É preferível que ela permaneça na ignorância. "O site jw.org está a nossa disposição e é fonte de notícias e informações verdadeiras, que fortalecem nossa fé. Vejam A Sentinela de novembro de 2019, páginas 15 e 16, parágrafos 8 e 11, e A Sentinela de abril de 2018, página 31." Apenas na fonte oficial das TJ, se pode encontrar verdadeira informação que desenvolve a fé de uma TJ. A questão é: será isto verdade? Sabemos que não. O site jw.org obviamente só apresenta o lado bonito da organização. Só relata experiências e notícias que reforcem o sentimento de pertença e espiritualidade promovidos pela religião. Jamais encontramos notícias sobre os sucessivos escândalos de abuso sexual, tal como conhecidos na Comissão Real Australiana e em outros países. O site jw.org é puro marketing religioso ao mais alto nível. Dizer que apenas ali se pode encontrar informação verdadeira é o tipo de mensagem que se pode encontrar em qualquer regime dictatorial, como a Coréia do Norte, onde toda a informação é controlada pelo partido e apenas aquilo que serve para exaltar o sistema nacionalista norte-coereano é permitido. É óbvio que uma Testemunha de Jeová jamais saberá a veracidade dos factos que ocorrem no Brasil e a nível mundial com respeito a este e outros assuntos, se apenas ler o site oficial da organização. Esta breve análise demonstra claramente o grau de manipulação que as TJ sofrem a nível mental e cognitivo, onde se torna claro que viver num sistema assim jamais fará dessas pessoas verdadeiramente livres e com pensamento crítico. António Madaleno
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