Coerção ou Escolha Pessoal? A realidade da posição das Testemunhas de Jeová sobre o Sangue4/11/2016 As recentes mortes trágicas de duas Testemunhas de Jeová no Canadá, Eloise Dupuis e Mirlande Cadet, focaram a atenção dos media e da política na questão da coerção ao recusar-se o tratamento médico. Especificamente, a questão colocada pelos meios de comunicação e pelo governo e investigada pelo magistrado é: Estas mulheres fizeram a sua escolha de recusar uma transfusão de sangue por sua própria vontade ou houve um elemento de coerção por parte dos líderes da comunidade religiosa? Por exemplo, será que a própria presença da Comissão de Ligação Hospitalar das Testemunhas de Jeová gera uma atmosfera coercitiva para uma Testemunha em tal situação? Será que as Testemunhas assinam pessoalmente a Diretoria Médica Avançada produzida pela Torre de Vigia e que esta exige que que elas portem o tempo todo, afirmando que desejam recusar sangue? Elas estão livres de coerção quando o fazem? Nota dos editores: Para fins informativos, a Ligação de Comissão Hospitalar (CLH) normalmente interagem com médicos e pacientes Testemunha apenas quando há uma condição médica que pode exigir uma transfusão de sangue. Um grupo separado, chamado Grupo de Visitas ao Paciente (PVG), não interfere com o tratamento médico das Testemunhas de Jeová, mas geralmente consiste de anciãos das Testemunhas que oferecem apoio pastoral e oração. Quero declarar desde o início que apoio o direito de um adulto maduro de tomar uma decisão informada, livre de coerção, de recusar qualquer tratamento médico, mesmo que isso represente uma ameaça à sua vida. No entanto, as palavras-chave aqui são informadas e livres de coerção. Neste artigo pretendo demonstrar que simplesmente não é possível afirmar que qualquer Testemunha de Jeová está livre de coerção quando faz essas escolhas. Além disso, irei demonstrar que, mesmo que uma Testemunha realmente deseje rejeitar sangue e esteja preparada para morrer como resultado, é altamente improvável que sua decisão seja genuinamente informada; em vez disso, é altamente dependente da informação enganosa e de uma atmosfera social que sufoca qualquer tentativa genuína de reunir dados médicos ou bíblicos imparciais sobre o assunto. Há três áreas a considerar: 1. A Cultura das Testemunhas de Jeová; 2. A política de ostracismo das Testemunhas de Jeová; 3. Como estes dois fatores produzem uma escolha médica coagida. ![]() 1: Cultura de Testemunhas de Jeová: Bloqueio de informações As Testemunhas de Jeová vivem numa cultura religiosa que é muito diferente daquela em que muitos do mundo ocidental moderno podem estar acostumados. É fortemente desaprovado que elas façam amigos íntimos ou associados com aqueles fora da fé. Tais são vistos como "mundanos" e "instrumentos de Satanás". Esta cultura de suspeita estende-se às autoridades e especialistas fora da religião também. A Comissão Real Australiana em Respostas Institucionais ao Abuso Sexual Infantil, após um estudo aprofundado da literatura e cultura da Sentinela no Estudo de Caso 29 concluiu: F1: A organização das Testemunhas de Jeová apresenta aos seus membros ensinamentos conflitantes e ambíguos sobre sua relação com as autoridades seculares, promovendo assim a desconfiança de tais autoridades. A realidade é que, para uma Testemunha de Jeová, qualquer governo, instituto de aprendizagem, ONG, caridade, qualquer pessoa ou grupo que não esteja sob o controle direto da Organização Torre de Vigia é considerado menos confiável e fidedigno do que a Torre de Vigia. Se houver um conflito entre os ensinos e as declarações da Torre de Vigia e os ensinamentos ou declarações de um instituto médico, governo ou sistema judicial, espera-se que uma Testemunha aceite o lado da Torre de Vigia nessas questões de modo inquestionável. Isso inclui qualquer conflito sobre várias questões médicas ou bíblicas. Portanto, enquanto as Testemunhas de Jeová podem parecer à superfície como membros normais da sociedade, a realidade é que elas vivem num mundo insular, social e intelectualmente. Elas são fortemente desencorajadas de frequentar o ensino superior, e qualquer pesquisa sobre questões de fé e religião fora das publicações da Torre de Vigia é fortemente desencorajada e pode até resultar em punição. A curiosidade intelectual ou a avaliação crítica de um argumento de ambos os lados não é algo que a Torre de Vigia encoraje. Assim, ao fazer a sua escolha sobre recusar ou não uma transfusão de sangue, é altamente improvável que uma Testemunha de Jeová tenha acesso a informações médicas imparciais e precisas. A maioria de suas informações virão da Torre de Vigia, e a informação que a Torre de Vigia fornece sobre tratamentos médicos usando o sangue é altamente suspeita para dizer o menos. Considere uma pequena amostra de declarações que a Torre de Vigia fez sobre o assunto ao longo das décadas e decida por si mesmo se elas representam uma reflexão precisa e imparcial do conhecimento científico e da prática médica. Tente também imaginar o que décadas de exposição constante a tais declarações de uma fonte que a pessoa encara como porta-voz de Deus pode fazer à sua opinião. "O sangue em qualquer pessoa é na realidade a própria pessoa. ...venenos devido à vida pessoal, hábitos de comer e beber... Os venenos que produzem o impulso de cometer suicídio, assassinato ou roubar estão no sangue. A insanidade moral, as perversões sexuais, repressão, complexos de inferioridade, os crimes menores – estes acontecem frequentemente após a transfusão de sangue." – Sentinela 1 de Setembro de 1961, pág. 564 (em inglês). "Vender sangue é um grande negócio. Bem, o que torna muitas pessoas preocupadas com grandes negócios em geral? É a ganância. A ganância revela-se, por exemplo, quando o grande negócio persuade as pessoas a comprar coisas que elas realmente não precisam; Ou pior, quando continua a impingir ao público alguns produtos conhecidos como perigosos, ou quando se recusa a gastar dinheiro para tornar os seus produtos mais seguros. Se o negócio do sangue está contaminado com esse tipo de ganância, as vidas de milhões de pessoas em todo o mundo estão em grande perigo." – Despertai! 22 de Outubro de 1990 (em inglês) Você pode encontrar uma análise muito detalhada deste assunto aqui, juntamente com uma discussão bíblica detalhada, mostrando que a postura das Testemunhas sobre o sangue é indiscutivelmente nem mesmo verdadeiramente bíblica, mas sim vem de um mal-entendido profundo das Escrituras relevantes por parte dos anteriores líderes da Torre de Vigia. No entanto, o ponto principal aqui é que a tal discussão não pode acontecer na cultura das Testemunhas. Qualquer Testemunha que admitisse abertamente que visitaram este site ou consultado outros eruditos da Bíblia fora da Torre de Vigia para obter sua opinião sobre as transfusões de sangue, ficaria sujeita a um estigma social extremo ou pior. Elas poderiam ver-se completamente ostracizadas; sua família e amigos proibidos de fazer até mesmo um contato visual na rua. ![]() 2: Coação das Testemunhas de Jeová: Obedecer ou ser ostracizado As Testemunhas de Jeová não são livres para encontrar seu próprio caminho na vida. Em praticamente todos os aspectos de sua existência, desde a menor questão, como a escolha de ter pêlos faciais, até às questões de vida e morte, as Testemunhas de Jeová são obrigadas a seguir uma vasta tapeçaria de regras e regulamentos impostos de cima para baixo pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. E a conformidade é imposta impiedosamente. A Torre de Vigia tem uma longa lista do que considera serem "pecados graves". Esta lista inclui tudo, desde o sexo fora do casamento, até à votação numa eleição, a comemoração de um aniversário, a discordar abertamente e sem arrependimento dos ensinamentos da Torre de Vigia – e muito mais. E sim, aceitar uma transfusão de sangue está nessa lista. Se alguém pensa ter cometido um pecado grave, um tribunal religioso conhecido como uma "Comissão Judicativa" é formada. Composta por três anciãos (o termo TJ para líderes da congregação religiosa), o comité é essencialmente um caso fechado de "tribunal eclesiástico", onde o acusado não tem forma de representação e muito pouco em termos de direitos ou assistência que poderíamos esperar de um sistema judicial moderno. Para resumir, os acusados basicamente têm que se colocar à mercê dos três anciãos e pedir perdão, na esperança de que eles possam convencer a comissão de que estão genuinamente arrependidos por seu ato pecaminoso. Isto nem sempre resulta. As Comissões Judicativas são notoriamente inconstantes. Se os anciãos pertencem à escala mais amável ou mais moderada, você pode escapar com uma repreensão. No entanto, se os anciãos são rigorosos, autoritários ou simplesmente não gostam de você, você pode ser desassociado. Desassociação é o termo TJ para ser excomungado. Isso significa que nenhuma Testemunha de Jeová tem permissão para falar com você.* E uma vez que as TJ são proibidas de fazer amigos íntimos fora da fé ou se casar fora da fé, isso significa que você perde todos que você conhece e ama. O objetivo dessa rejeição é óbvio: infligir tanto trauma emocional à pessoa dissidente de modo a que elas regressem ao "rebanho", a fim de recuperar seus entes queridos. (E de acordo com a Torre de Vigia, ao seu relacionamento com Deus). A Torre de Vigia reconheceu explicitamente que este é o caso, embora tentando pintá-lo nos termos mais suaves possíveis, de acordo com o seguinte extracto de uma publicação da Torre de Vigia: "Vejamos apenas um exemplo do bem que pode resultar de a família apoiar lealmente a ordem de Jeová de não se associar com parentes desassociados. Certo jovem estava desassociado havia mais de dez anos e, durante esse período, seu pai, mãe e quatro irmãos ‘cessaram de ter convivência’ com ele. Às vezes, ele tentava se envolver nas atividades da família, mas, para crédito dela, todos os seus membros evitaram firmemente qualquer contato com ele. Já readmitido, ele disse que sentia muita falta da associação com a família, em especial à noite, quando ficava sozinho. Mas ele admitiu que, se a família tivesse se associado com ele, mesmo só um pouco, essa pequena dose o teria satisfeito. No entanto, ele não recebeu nem mesmo a menor comunicação de qualquer membro da família. Assim, seu forte desejo de estar com seus familiares contribuiu para a restauração de sua relação com Jeová." – Sentinela 15 de Abril de 2012, pág. 12 (ver aqui) Tal punição também impede as Testemunhas obedientes de ouvir pontos de vista ou fatos que podem entrar em conflito com os ensinos da Torre de Vigia. Por favor, veja este artigo do jw.facts (em inglês) para obter mais informações sobre esta prática, bem como uma discussão sobre o modo como a Torre de Vigia frequentemente mente na mídia e nos tribunais quanto à sua existência. Você pode encontrar mais artigos sobre este assunto neste site. Desde 1961 até recentemente, aceitar sangue foi oficialmente uma infracção para desassociação. No entanto, a Torre de Vigia tem intencionalmente alterou o seu título oficial para a ofensa. Ela já não faz com que seja desassociado. Ela agora torna você como sendo "Disassociado". Qual é a diferença? Bem, Desassociação é quando você é expulso; Disassociar-se revela que você fez a escolha de deixar a organização. No entanto, as punições são exatamente as mesmas. Além disso, os anciãos podem julgá-lo "dissociado" sem o seu consentimento, tornando assim qualquer suposta diferença sem sentido em termos reais. É assim que o Manual de Anciãos Pastoreiem o Rebanho de Deus, o manual de campo para que os Anciãos usem na regulação de suas congregações, discute transfusões de sangue: "Aceitar sangue sem se arrepender. Se uma pessoa aceitar sangue, talvez por se sentir muito pressionada, a comissão deve procurar obter os fatos e avaliar a atitude da pessoa. Se ela estiver arrependida, a comissão pode providenciar ajuda no espírito de Gálatas 6:1 e Judas 22, 23. Visto que a pessoa está espiritualmente fraca, ela não se qualifica para privilégios especiais por um tempo, e talvez seja necessário remover certos privilégios básicos. Dependendo das circunstâncias, a comissão talvez precise fazer um anúncio à congregacão: “Os anciãos cuidaram de um assunto envolvendo o(a) irmão(ã) [nome da pessoa]. Ficarão felizes de saber que pastores espirituais estão se esforçando para prestar ajuda.” Por outro lado, se os anciãos da comissão concluírem que a pessoa não está arrependida, eles devem anunciar a dissociação." Agora, soa como se tudo o que você tem a fazer é dizer que você está arrependido e você fica livre, certo? Errado. Por um lado, os anciãos são instruídos a não perdoar ninguém que eles suspeitem como estando mostrando "tristeza mundana" (ou seja, tristeza por ter sido pego) em oposição ao arrependimento genuíno. Então você vai ter que convencê-los que você está triste de ter tomado sangue e viveu, e que você preferia ter morrido, e é melhor que você seja convincente. Além disso, os anciãos são notoriamente inconstantes: muitas ex-Testemunhas e atuais relatam histórias inexplicáveis de horror de anciãos indecentes e super-estritos que tornam a vida de seus congregantes uma miséria. Além disso, os anciãos são instruídos a levar em conta as violações anteriores, por isso, se você precisar de mais de uma transfusão para viver, ou tiver uma condição que requer transfusões regulares, você só terá de jogar o cartão de arrependimento uma vez. É perfeitamente possível que você possa estar um trapo, implorando perdão e jurando que você preferiria ter morrido na mesa de operações e se encontrar disassociado independentemente. As Testemunhas vivem suas vidas em um ambiente intelectual enclausurado, proibidos de procurar pontos de vista alternativos quando se trata da questão das transfusões de sangue, e sabendo muito bem que elas vivem sob a ameaça de total ostracismo, se elas transgredirem qualquer das "linhas vermelhas da Torre de Vigia." Agora, como isso afeta o que ocorre quando uma Testemunha é levada para um hospital e é confrontada com a escolha de obedecer à Torre de Vigia e recusar sangue, ou aceitar aconselhamento médico de que uma transfusão é essencial para salvar sua vida? ![]() 3: Testemunhas de Jeová e o sangue: Uma escolha que não é escolha. Em primeiro lugar, há a questão de saber se as Testemunhas voluntariamente assinam a sua documentação médica e se elas compreendem completamente as implicações e os fatos reais que cercam os tratamentos que estão rejeitando. A isso, eu digo: Não. Eu não tenho dúvida de que elas colocaram a caneta no papel por si mesmas. Mas, como vimos, ninguém terá feito essas escolhas num ambiente onde todos os fatos estavam disponíveis ou onde a investigação imparcial foi encorajada. Em vez disso, terão sido apresentadas a elas durante toda a vida versões altamente questionáveis e distorcidas dos dados médicos, em um ambiente social que desestimulou fortemente qualquer dissidência e, em seguida, as colocou sob extrema pressão social para assinar a Diretiva Médica Avançada da Torre de Vigia. Embora recusar-se a assinar as directivas não desencadeia por si só uma Comissão Judicativa, certamente resultará num ostracismo de nível inferior. A JTJ será vista como uma má influência: fraco na fé. Os convites sociais irão terminar, os companheiros potenciais de casamento serão advertidos em off pelos anciãos, e aqueles mesmos anciãos estarão prestando atenção como falcões para o momento em que o "fraco" comete um erro crítico, e pode ser sancionado oficialmente. Além disso, uma cópia de suas diretrizes médicas será mantida pelo Secretário da congregação (um ancião responsável por todos os documentos da congregação), limitando assim as opções de uma TJ fingir que assinou os documentos, mas ter entregue instruções ligeiramente modificadas ou completamente diferentes para o seu médico. Mais uma vez, uma TJ não pode optar por não dar ao Secretário os documentos sem chamar a atenção e o escrutínio do Corpo de Anciãos com o objetivo de fazer cumprir a lei. A seguir, há a questão de saber se a presença dos anciãos da Comissão de Ligação Hospitalar na cabeceira do hospital de uma Testemunha de Jeová representa um elemento coercivo. Para isso, eu digo: Sim. E bem significativo. De acordo com a Sentinela, a presença desses anciãos serve para "apoiar" a Testemunha na sua decisão de recusar sangue. O que a Sentinela não gosta de abordar, mas o que discutimos neste artigo, é que, se a Testemunha muda de idéia e decide aceitar sangue, os anciãos que estão ao lado de sua cama não vão "apoiar" essa escolha. Preferem preparar os preparativos para a constituição de uma Comissão Judicativa, com vista a desassociar essa Testemunha. Tais Testemunhas estão lá, potencialmente em terríveis sofrimentos e angústias, enfrentando a morte por um lado se recusarem sangue, mas uma vida sem a família e os amigos se aceitarem. Elas não conseguem sequer fazer uma transfusão em segredo, pois a presença contínua do LCH no hospital torna a descoberta extremamente provável. Assim, podemos dizer que na melhor das hipóteses essas Testemunhas estão fazendo uma escolha que é significativamente desinformada e resulta de uma vida de influência indevida e controle da informação pela religião que governa todos os aspectos de suas vidas. Na pior das hipóteses, essas Testemunhas estão fazendo uma escolha relutante de arriscar a morte por meio da recusa do tratamento, em vez de arriscar uma vida sem aqueles que amam, sob os olhos vigilantes dos agentes religiosos que estão de pé ao lado da cabeceira - prontos para decretar religiosamente o ostracismo se a Testemunha fizer a escolha "errada". Se a Torre de Vigia realmente quiser permitir que as Testemunhas de Jeová façam uma escolha livre, sem coerção nesta matéria, removerá as sanções punitivas do ato de tomar sangue e permitirá às Testemunhas a liberdade de fazer suas próprias pesquisas e fazer suas próprias escolhas nesta matéria . Até que isso aconteça, ninguem pode seriamente alegar que as Testemunhas que recusam uma transfusão de sangue estão fazendo isso com base numa questão informada, com consentimento genuíno. Espero que as entidades jurídicas, os grupos governamentais e as organizações de mídia que investiguem este assunto e cheguem a entender esses fatos o quanto antes. A vida humana está em jogo. *No momento da redação, 1 de novembro de 2016, era permitido que um membro da família desassociado fosse contatado para lidar com eventos familiares significativos; Isto é, uma morte familiar. Também era permitido que uma criança menor desassociada permanecesse na casa da família, embora com restrições quanto a qualquer coisa vista como participação religiosa. No entanto, no Congresso de 2016, a Torre de Vigia deixou claro que, uma vez que uma criança tem idade suficiente para sobreviver por conta própria, é esperado dos pais TJ para expulsarem a sua criança de casa. Consulte este artigo (em inglês) para obter mais detalhes, incluindo uma discussão sobre o que acontece quando a desassociação de um dos pais ou cônjuge ocorre.
1 Comentário
bruno
23/11/2019 20:58:22
Quer salvar a alma de uma TJ ?
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