Expôr os erros da Torre de Vigia: Apostasia ou Dever Moral? – Análise à luz das Escrituras Sagradas1/1/2016 "Jesus Cristo é o melhor exemplo de franqueza no falar. [...] Nem a zombaria nem a franca oposição conseguiam fazê-lo calar-se. Em vez disso, ele expunha com coragem os líderes da religião falsa de seus dias. […] Mesmo quando foi preso e julgado, Jesus falou destemidamente." w06 15/5 pp. 13-16 Não apenas Jesus Cristo, mas muitos servos de Deus no passado têm sido louvados por sua intrépida coragem ao declararem mensagens fortes contra os sistemas religiosos dos seus dias. São muitos os artigos da Organização das Testemunhas de Jeová que mencionam tais exemplos, até mesmo traçando paralelos com as Testemunhas de Jeová hodiernas que, apesar de oposição e zombaria, têm continuado a desempenhar a missão de pregar as chamadas "boas novas do reino". (w04 1/11 pp. 13-18; w12 15/2 pp. 8-9; w06 1/10 pp. 16-20; bm seção 14 p. 17) É interessante que apesar de todo este louvor ser apregoado nas publicações, vez após vez, até mesmo mencionando especificamente os episódios bíblicos em que homens de fé no passado expuseram de forma crítica e muitas vezes dura a "Organização de Jeová" dos seus dias, a Organização das Testemunhas de Jeová atualmente tem uma postura totalmente diferente quando é ela o objeto de tal crítica e exposição. Quando um membro crítica ou expõe aquilo que considera estar errado, tal como a política organizacional com respeito ao abuso de crianças ou com respeito à incoerente doutrina do sangue que afirma uma coisa e na prática faz outra, ele é tratado de forma dura e exemplar. (ws14 15/7 pp. 3-8.) Tal pessoa é encarada como um perigo espiritual para a congregação e uma influência negativa e perigosa pela Organização, que tem orientações bem disciplinadoras para tais. Estas pessoas, que no seu zelo pela verdade apontam o dedo de forma corajosa a coisas sérias e graves que se passam no "sistema religioso de seus dias", são encaradas como apóstatas e merecedores da morte eterna, assim como Jesus foi encarado pelos líderes religiosos dos seus dias e assim como os profetas do passado foram encarados como perigosos pelo sistema político e religioso judaico vigente na altura. (w11 15/11 pp. 24-28) Vários destes foram perseguidos e mortos exatamente por terem coragem de falarem ao povo aquilo que seus governantes e líderes religiosos não gostavam de ouvir. Sabemos que apesar disso, eles tinham a aprovação divina e gozavam do favor de Deus. (Hebreus 11:35-38) Por isso levanta-se hoje a pergunta: Expôr os erros da Torre de Vigia é apostasia ou um dever moral? Infelizmente, do ponto de vista estritamente humano, é considerado "apostasia" exatamente porque aqueles que se colocam como intermediários entre Deus e os homens, consideram-se como deuses: acima do bem e do mal e livres de acusação daqueles que consideram como inferiores a eles. Assim como no passado Deus invocou homens simples, do povo, para se levantarem e exporem os erros religiosos de seus dias, é natural que Deus hoje em dia coloque no coração de muitos sinceros o desejo de exporem com coragem os erros, mentiras e hipocrisias religiosos presentes na Organização. (Jeremias 1:4-8.) Tais homens e mulheres deviam ser escutados e analisadas as suas preocupações, mas ao invés disso é realizado sistematicamente um "assassinato de carácter", de forma a que tudo o que seja dito por eles perca valor. Afinal são "apóstatas" e pessoas "mentalmente doentes". (w11 15/7 pp. 15-19) Ao fazer isso, a Organização segue os passos daqueles que no passado mataram os profetas, o próprio Filho de Deus e o seus discípulos, exatamente para proteger o seu status quo e o poder que lhe tinha sido conferido pelo sistema religioso em que viviam. O mais importante era a sobrevivência deste. A vida dos homens a quem perseguiam e matavam era de pouco valor. Parte-se do princípio, tendo como base exclusivamente as Escrituras Sagradas que alguém que sabe que algo está errado, tem o dever moral de expôr tal erro. Ficar calado é compactuar com o erro. (Levítico 5:1) É verdade que nem todas as acusações podem ser justas ou estarem certas. Mas exige-se que elas sejam analisadas e ponderadas e não se faça à partida um juízo de valor da pessoa que apresenta as acusações. O que acontece entre as Testemunhas de Jeová é bem característico neste caso. Quando alguém aponta o dedo à Organização, seja porque ela esteve envolvida com a ONU, devido ao encobrimento de abusos sexuais de menores, porque foi hipócrita na forma de lidar com a situação no Malaui e no México, ou devido à questão das profundas incoerências do uso do sangue ao mesmo tempo que apregoa e reforça a idéia que as Testemunhas se abstêm de sangue ou mesmo por claras distorções de ensinos bíblicos tais como negar que Jesus é o Mediador de todos os humanos e não apenas de algum grupo selecto, etc., tal pessoa é perseguida e encarada imediatamente como uma erva daninha a ser arrancada da Organização. Vez após vez, este tem sido o caso de muitas pessoas, homens e mulheres que tiveram coragem de expôr estes e outros erros e foram tratados de forma cruel e mortos socialmente através do ostracismo. Assim como profetas do passado, tais pessoas foram banidas do convívio dos seus pares e mentiras e distorções foram levantadas contra elas, muitas vezes insinuando que tais pessoas são pecadores impenitentes, fornicadores, homossexuais, etc. Tudo isto é feito com o único objetivo de desviar as atenções da Organização e dos seus erros, fazendo crer que ela está impoluta e que tudo não passam de calúnias, independentemente das provas que existam contra ela. Acaba-se assim por “matar o mensageiro”, não dando qualquer valor às acusações desde o começo, partindo do pressuposto que só pode ser tudo uma mentira satânica. Na realidade, a mentira satânica é aquela praticada pela Organização, que mesmo sabendo que muitas acusações são verdadeiras, prefere instilar o ódio e o desprezo para com aqueles que têm a coragem de defender o que sabem ser verdade. Trata-se de uma cópia do comportamento do sistema religioso nos dias de Israel no tempo dos profetas e uma cópia do sistema religioso judaico dos dias de Jesus. Mas a verdade virá sempre ao de cima, mais cedo ou mais tarde. Não importa o esforço em tentar contê-la ou tentar abafá-la. Homens e mulheres de coragem sempre estarão dispostos a sacrificar os seus interesses pessoais em prol do que consideram justo e verdadeiro, mesmo que isso lhes saia caro a nível pessoal. É sobre estes que a aprovação divina recairá e não sobre aqueles que a todo o custo tentam esconder a verdade. É realmente um dever moral expôr a mentira e hipocrisia que existe na Torre de Vigia! Mais que isso... existe um precedente bíblico para tal! Por, Ex-Membro das Testemunhas de Jeová, » Carlos Fernandes (Fb), Portugal (Lisboa Este artigo foi originalmente publicado aqui: http://questaodosangue.blogspot.pt/2015/05/expor-os-erros-da-torre-de-vigia_25.html
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