Refutação ao artigo "Deve-se optar pelo símbolo ou pela realidade? Pelo sangue ou pela vida?"10/1/2018 O site "O Apologista da Verdade" produziu uma matéria com o título "Deve-se optar pelo símbolo ou pela realidade? Pelo sangue ou pela vida?" que pode ser lido aqui. Na altura participei em comentar o artigo e aquilo que considerei serem incoerências e erros nos argumentos apresentados no artigo. Comentei o seguinte: "Na realidade, a explicação acima é defeituosa e carece de base sólida. Em primeiro lugar, a lei do sangue servia não para tornar o sangue sagrado, como se de uma substância mística se tratasse, mas para revelar que a vida representada pelo sangue era sagrada. O sangue era apenas símbolo da vida. Assim, percebe-se que a vida e não o sangue é sagrado. Outro aspeto é que a questão do sangue na Bíblia está sempre associado com a 'morte' ou perda da vida do animal ou humano. E por isso, Deus exigia que a vida de um animal tirada fosse simbolicamente devolvida a Deus ao ser derramada no chão ou ao ser usada no serviço sagrado no tabernáculo ou mais tarde no templo. Assim, Deus mostrava como uma vida não podia ser tirada de ânimo leve. A vida em última instância pertence a Deus e ele demanda responsabilidade de quem TIRA UMA VIDA. A ilustração da aliança tem toda a lógica, pois apesar de ser símbolo humano ele não deixa de ter um símbolo religioso e até mesmo é usado nesse contexto. É por isso que os casais, mesmo nos Salões do Reino, usam na sua maioria uma aliança para simbolizar a sua união como "uma só carne". Minimizar esse símbolo é não perceber o simbolismo milenar dele. É interessante que a pessoa que rebate a ilustração, usa a passagem de Génesis sobre a 'árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau'. Diz que "Era impossível comer do fruto daquela árvore e ao mesmo tempo respeitar a Soberania divina, representada pela árvore". Faz isso, associando a ideia de que usar o sangue que considera como sendo sagrado era a mesma coisa que comer do fruto da árvore que também simbolizava a Soberania divina. Ora bem, se vamos usar esse argumento, então podemos dizer que as Testemunhas de Jeová hoje em dia VIOLAM essa premissa. Como? Por usarem o sangue na sua forma fraccionada ou total (durante o processo cirúrgico em circuito extra-corpóreo). Afinal, de onde provêem as fracções e componentes usados, tais como a hemoglobina, albumina, factor VIII, etc? Não é do sangue que é doado, fraccionado e coletado de milhares de pacientes "mundanos" que altruisticamente doam de si para beneficar outros? Usemos então a ilustração que o apologista usou sobre a árvore e reflitamos, usando a mesma premissa por ele apresentada: Será que seria possível Adão e Eva pegarem no fruto da árvore proibida, usarem algum processo de fraccionamento e comerem apenas alguns dos componentes do fruto, alegando que na realidade não estavam comendo o fruto inteiro? Esta reflexão ajuda-nos a entender como as TJ violam a premissa da suposta "santidade do sangue" ao usarem-no a 100% na sua forma fraccionada e isso coloca-as numa posição de incoerência brutal perante aquilo que dizem defender: o sangue é sagrado e pertence apenas a Deus. Não pode ser usado e deve ser descartado (Levítico 17). Na verdade, a ilustração do anel é verdadeira e revela como é errado dar mais primazia ao símbolo do que àquilo que ele representa. O próprio Jesus Cristo condenou os líderes religiosos dos seus dias, quando ele quis curar ao Sábado e eles o criticavam por supostamente estar a violar a lei mosaica. Ele arrazoou que a vida das pessoas era o mais importante e que a Lei de Deus não podia ser usada para impedir a salvação de alguém. Por isso usou a ilustração de animais que caíam numa cova e que morreriam certamente se alguém não os tirasse de lá. Isso demonstrou que para Deus, a VIDA e não a aplicação da lei com base em interpretações erradas é o mais importante. Se queremos ser realmente discípulos de Cristo, deveríamos seguir a sua atitude e maneira de agir." Como seria de esperar, o apologista apresentou alguns dias depois uma contra-argumentação, de modo a rebater os pontos que eu tinha expressado em relação ao seu artigo. Infelizmente, embora voltando a escrever uma argumentação expondo a sua opinião sobre os meus comentários iniciais, tal comentário não foi permitido. Porque será? Visto que existia a opção de comentar numa secção paralela que está linkada ao facebook, deixei lá o meu comentário rebatendo ponto por ponto os argumentos que ele apresentou. Vejo agora que outro site apologista (Central da Defesa Bíblica) apresentou os argumentos do Apologista da Verdade, sem novamente considerar os meus argumentos finais, aos quais ninguém respondeu. Ver aqui. De modo a repor a os meus comentários e expor aquilo que considero como falácias na argumentação ao meu comentário inicial, partilho aquilo que escrevi como resposta, rebatendo ponto por ponto os argumentos do Apologista da Verdade e que ele não permitiu como comentário e nem deu resposta. Caro Apologista, agradeço a oportunidade de poder expressar a minha opinião sobre o artigo e foi com agrado que li as suas respostas às minhas observações. Passarei agora a dar resposta a estas para que fique claro como algumas de suas objecções partem de premissas erradas. Irei dividir os meus comentários igualmente em três partes para seguir a sua lógica, citando primeiro seu comentário e dando de seguida a devida resposta. PARTE 1 Prezado Carlos: O artigo não afirmou que o sangue é uma “substância mística”. O SANGUE É SAGRADO Sua afirmação de que o sangue não é sagrado não tem base bíblica. Lemos em Levítico 17:14: “Pois a VIDA de todo tipo de criatura É SEU SANGUE, porque a vida está no sangue. Por isso eu disse aos israelitas: ‘Não comam o sangue de nenhuma criatura, porque A VIDA de todas as criaturas É SEU SANGUE.’” Assim, por representar a vida, o sangue é equiparado à própria vida que representa, sendo sagrado. Se um mero solo foi considerado sagrado pelo fato de o anjo de Deus estar andando sobre ele, muito mais o sangue, que representa a vida que nele subsiste. – Veja Êxodo 3:5. R: Caro apologista, que o sangue per si não é sagrado é visto claramente pela lei dada a Israel nestas duas circunstâncias mencionadas no cap. 17:13-16: (1) "Se algum israelita ou algum estrangeiro que mora entre vocês, ao caçar, apanhar um animal selvagem ou uma ave que se pode comer, ele terá de derramar o sangue e cobri-lo com pó. Pois a vida de todo tipo de criatura é seu sangue, porque a vida está no sangue. Por isso eu disse aos israelitas: “Não comam o sangue de nenhuma criatura, porque a vida de todas as criaturas é seu sangue. Quem o comer será eliminado.”" (2) "Se alguém, quer israelita, quer estrangeiro, comer a carne de um animal que tenha sido encontrado morto ou que tenha sido dilacerado por um animal selvagem, esse homem terá de lavar suas roupas e se banhar em água, e ficará impuro até o anoitecer; então ficará puro. Mas, se ele não as lavar e não se banhar, responderá pelo seu erro.’” Nestas duas situações, o que determinava poder comer-se o animal sem ser sangrado e sem sofrer pena de morte por o fazer, era não existir o ato de abate pelo homem. Caso o animal fosse encontrado morto poderia ser comido, tanto pelo israelita como pelo residente forasteiro, tendo apenas estes de se lavarem e purificarem, ficando livres da impureza. É de salientar que estas passagens mostram que PARTE DO SANGUE do animal representava sua vida. Era o sangue que ESCORRIA por ocasião de se matar o animal ou o sangue que AINDA ficava em seu corpo? Bom, se todo o sangue do animal fosse representativo de sua vida então não se poderia fazer uso algum do animal, afinal seu símbolo de vida continuaria presente. Diga-se de passagem, na maioria dos casos, a quantidade de sangue que ainda fica no animal depois de morto é muito maior que o sangue que se esvai quando o animal é morto. O sangue que ainda fica no animal não pode mais representar sua vida já que o animal está morto. Seria mais coerente dizer, se assim fosse, que aquele sangue representa a morte e não a vida. O sangue que sai do animal quando ele é morto sim, representa sua vida, pois é justamente este sangue que mostra que a vida do animal está sendo tirada, está acabando. Daí a razão da ordem de não se comer carne de um animal estrangulado. Matar um animal por sangramento ou por estrangulamento pouca diferença faz na quantidade de sangue que ainda fica no corpo do animal. Mas no caso do estrangulado não se teria mostrado o devido respeito pela vida de acordo com o requisito estabelecido por Deus. Sendo aquele sangue que se extrai do animal por ocasião de sua morte representativo de vida permitia usá-lo de fato como símbolo de vida nos sacrifícios de expiação. E se o animal fosse usado como alimento? Derramar o sangue e cobri-lo com pó salientaria que a vida pertence ao Criador e que a pessoa reconhecia este fato. Isso mostra claramente que não era o sangue em si que era sagrado ou não podia ser consumido per si. Visto que o sangue simbolizava a vida do animal, quando este era abatido pelo homem, a única forma de mostrar respeito pela vida que se tirava era sangrar o animal, de forma a que a sua vida não estivesse nele quando fosse consumido. Conforme nós sabemos, a Lei Mosaica cessou quando Jesus morreu (Romanos 10:4) e com isso todos os regulamentos e leis pelas quais os israelitas tinham de viver. Os cristãos têm de viver pela Lei do Cristo que não se baseia em leis escritas ou tradições baseadas no Antigo Testamento. O próprio Jesus expressou a ideia de que não mais se deveria considerar como importante o que entrava pela boca, mas sim o que procedia dela: "Não é o que entra pela boca do homem que o torna impuro, mas é o que sai da boca que o torna impuro.” – Mateus 15:11 "Não há nada fora de um homem que, entrando nele, possa torná-lo impuro; mas as coisas que saem do homem são as que o tornam impuro.” – Marcos 7:15 "A ORDEM DE SE ABSTER DE SANGUE NÃO ESTÁ LIGADA À MORTE DE UMA CRIATURA Também, não é verdade que “a questão do sangue na Bíblia está sempre associado com a 'morte' ou perda da vida do animal ou humano”. Você disse: “Assim, Deus mostrava como uma vida não podia ser tirada de ânimo leve. A vida em última instância pertence a Deus e ele demanda responsabilidade de quem TIRA UMA VIDA.” O interessante é que você não está percebendo que SE PODE tirar uma vida animal, mas NÃO SE PODE comer sangue. Se o sangue é menos valioso que uma vida, por que se pode tirar a vida, mas não se pode comer o sangue? Não deveria ser o oposto na sua lógica? Note que não poderia nem mesmo haver relações sexuais durante a menstruação por causa do sangue. (Levítico 20:18) Neste exemplo vemos a santidade do sangue em humanos vivos, não em animais mortos." R: Conforme provei acima, tal raciocínio está distorcido. O sangue DENTRO do animal ainda poderia ser comido e não seria uma parte assim tão pequena de sangue (pelo menos 50% do sangue permanece dentro do corpo e nos orgãos). Se o sangue como um todo fosse sangrado, o israelita ao comer um animal ainda estaria violando a lei do sangue dada por Deus. Mas como é óbvio isso tornaria a lei de Deus impraticável. Já agora, NADA nessa passagem afirma que a razão de não haver relação sexual durante a menstrução tinha a ver com o sangue per si. A orientação levítica quanto ao ato sexual no período menstrual tinha um sentido acético e não teológico. As leis do Velho Testamento determinavam que as mulheres passassem por um período de sete dias de purificação, em decorrência da menstruação, e a realização do ato sexual era por isso proibida. É interessante que até mesmo o Estudo Perspicaz das Escrituras refere esse aspeto de limpeza com respeito aos vários fluxos corporais e relações íntimas (sêmen, menstruação, ato sexual, parto): “Havia leis que governavam tanto os fluxos naturais como os doentios do corpo de ambos os sexos, quer dizer, fluxos dos órgãos genitais. Se o homem havia tido uma emissão involuntária de sêmen durante a noite, ele tinha de se banhar e lavar as suas vestes, e tinha de permanecer impuro até à noitinha seguinte. A mulher devia contar sete dias como período de impureza da sua menstruação regular. Todavia, se a mulher havia tido um fluxo irregular, anormal ou prolongado, então tinha de contar também sete dias depois de este cessar. Assim também o varão devia contar sete dias depois do fluxo ter cessado. (Essa condição doentia do seu sistema urinário não deve ser confundida com a sua emissão normal de sêmen.) Tudo o que o homem, ou a mulher, tocasse ou em que se sentasse (camas, cadeiras, selas, vestes, e assim por diante) durante a sua condição impura também ficava impuro, e, por sua vez, quem tocasse em tais objetos ou na própria pessoa impura tinha de se banhar, lavar as vestes e permanecer impuro até a noitinha. Além de se banharem e de lavarem as suas vestes, tanto o homem como a mulher, no oitavo dia, deviam levar duas rolas ou dois pombos novos à tenda de reunião, e o sacerdote devia oferecê-los, um como oferta pelo pecado e o outro como sacrifício queimado, para fazer expiação a favor da pessoa purificada. — Le 15:1-17, 19-33. Quando um homem e sua esposa haviam tido relações sexuais com emissão de sêmen, eles tinham de se banhar e eram impuros até à noitinha. (Le 15:16-18) Se o fluxo menstrual da esposa inadvertidamente havia começado durante as relações sexuais, então o marido ficava impuro por sete dias, assim como a esposa. (Le 15:24) Se eles deliberadamente mostravam desprezo para com a lei de Deus e tinham relações sexuais enquanto ela menstruava, impunha-se a pena de morte ao homem e à mulher. (Le 20:18) Pelos motivos acima mencionados, quando se exigia pureza cerimonial, como, por exemplo, quando homens eram santificados para uma expedição militar, eles eram obrigados a abster-se de relações sexuais com a esposa. — 1Sa 21:4, 5; 2Sa 11:8-11. O parto também significava um período de impureza para a mãe. Se o bebê era menino, ela ficava impura por sete dias, assim como durante o período de menstruação. No oitavo dia, o menino era circuncidado, mas a mãe, durante outros 33 dias, era impura no que se referia a tocar em alguma coisa santa ou a entrar no santuário, embora não tornasse impuro tudo o que ela tocasse. Se o bebê era menina, este período de 40 dias era duplicado: 14 dias mais 66 dias. Assim, desde o nascimento, a Lei distinguia entre macho e fêmea, designando a esta uma posição subordinada. Em ambos os casos, no fim do período de purificação, ela devia trazer um carneirinho de menos de um ano de idade para uma oferta queimada, e um pombo novo ou uma rola para uma oferta pelo pecado. Se os pais eram pobres demais para trazer um carneirinho, como no caso de Maria e José, então duas rolas ou dois pombos serviam para os sacrifícios de purificação. — Le 12:1-8; Lu 2:22-24.” “A ILUSTRAÇÃO DA ALIANÇA DE CASAMENTO A ilustração da aliança foi dispensada por ser um símbolo humano e não bíblico, e também por não ter a mesma equivalência que há entre a vida e o sangue. Visto que a aliança de casamento representa o casamento, o adultério seria um desrespeito tanto ao casamento como à aliança que o representa. A diferença no que tange ao sangue é que a vida está intrínseca ao sangue, não pode ser separada dele. Por outro lado, nem todos os casais preferem usar uma aliança. Você disse: “A ilustração da aliança tem toda a lógica, pois apesar de ser símbolo humano ele não deixa de ter um símbolo religioso e até mesmo é usado nesse contexto. É por isso que os casais, mesmo nos Salões do Reino, usam na sua maioria uma aliança para simbolizar a sua união como ‘uma só carne’.” Essa sua explicação contém alguns erros: Você está argumentando de uma perspectiva separatista, isto é, como se o símbolo pudesse ser separado daquilo que simboliza – não é assim! Veja essa ilustração: Imagine que um homem casado esteja viajando sozinho de trem. Ele está sentado no assento da janela. Nisso, uma belíssima moça senta ao lado dele. Neste momento, ele retira a aliança do seu dedo para paquerar a moça. Será que o ato de tirar a aliança neste momento não é um desrespeito para com o casamento? Pela sua lógica, não; mas pela minha, sim.” R: Não percebi esse argumento e nem como chegou à conclusão de que eu poderia ter esse tipo de raciocínio. Se pela minha lógica a aliança de casamento é um símbolo do próprio casamento, mas que o casamento em si mesmo é SUPERIOR ao seu símbolo, onde é que tirar a aliança para paquerar não deixa de ser um desrespeito pelo casamento? Usando então o mesmo argumento que você usa, se na realidade o sangue é sagrado per si, então como pode alguém usá-lo seja de que maneira for? Será que não é uma violação dessa premissa alguém usá-lo, mesmo na forma de fracções de sangue que foram tiradas de sangue coletado de milhares de outras pessoas? Não é isso equivalente à sua ilustração de alguém tirar a aliança para paquerar alguém? Segundo a sua lógica é exatamente isso! “A aliança serve exclusivamente para mostrar que uma pessoa não está disponível para uma potencial aproximação romântica de alguém do sexo oposto. Colocar a relação entre um objeto que representa algo no mesmo nível de uma ordem divina quanto ao sangue é falta de bom senso. Seria como dizer que não há problemas em não alimentar os filhos, já que você não cuidou direito da foto deles – é tolice!” R: Mais uma vez não percebo o seu raciocínio. Você tem 2 símbolos, um que representa o casamento e outro que representa a vida. AMBOS simbolizam algo que é muito mais valioso que os símbolos: a relação matrimonial criada por Deus e a vida humana igualmente dada por Deus. Do mesmo modo que a aliança jamais se pode colocar como algo superior ao próprio casamento que representa, o símbolo da vida JAMAIS se pode colocar como algo superior ao que ela representa. Isto é tão simples de entender que até uma criança percebe. PARTE 2 Prezado Carlos: A QUESTÃO DAS FRAÇÕES DE SANGUE Mesmo que usar proteínas, fatores de coagulação e imunoglobulinas fosse uma violação da lei quanto a abster-se do sangue, isso não muda o fato de que "era impossível comer do fruto daquela árvore e ao mesmo tempo respeitar a Soberania divina, representada pela árvore" e, portanto, é impossível deixar de abster-se de sangue e ainda assim respeitar a vida que o sangue representa. Assim, sua afirmação de que há tal suposta violação não passa de uma falácia do espantalho, uma infundada tentativa de desviar do tema sem vencer a eficácia do mesmo. R: Como é que é? Então para si, usar o sangue doado e fraccionado não é similar a Adão e Eva violarem a lei dada por Deus com respeito à árvore do conhecimento, independentemente da forma como o fizessem, segundo o conceito que você defende da “santidade do sangue”? Eu não usei de nenhuma falácia. Eu usei o SEU ARGUMENTO mostrando como ele é falso e não respeita a premissa que você mesmo defende. Não é desviar do tema. É mostrar que o seu argumento não é compatível com o que defende, baseando-me na ilustração que VOCÊ MESMO DEU! “Você perguntou: “Será que seria possível Adão e Eva pegarem no fruto da árvore proibida, usarem algum processo de fraccionamento e comerem apenas alguns dos componentes do fruto, alegando que na realidade não estavam comendo o fruto inteiro?” Então você admite que injetar sangue é errado? Se usar frações é errado, o que dizer do sangue inteiro? Espere um pouco: Você afirma que as TJs erram por recusar sangue e erram também por NÃO REJEITAR frações? Isso é como dizer: “Minha igreja não peca por fornicar, mas as TJs pecam por beijar na boca.” Isso era para ter sido um argumento? Você precisa entender que as TJs não dizem que não é errado aceitar frações pequenas de sangue. O que se diz é: existem dois argumentos coerentes e que devem ser respeitados quanto a isso: 1) Tudo é sangue, inclusive pequenas frações. Muitas TJs têm esse posicionamento – e ele é válido. 2) Nem tudo é sangue; Neste raciocínio, muitos argumentam que Deus permitiu que se comesse carne com vestígios de sangue, mas ele não permitiu que se comesse nada do fruto do jardim. (Aqui está o erro seu.) Deus sabe que é praticamente impossível que se retire qualquer mínima fração de sangue de uma carne ao abater um animal. Mesmo assim, ele permitiu o consumo de carne. Por esse raciocínio igualmente lógico, as TJs entendem que mínimas frações insignificantes de sangue não constituem um pecado. Dessa forma, apontar para um suposto pecado jeovista quanto às pequenas frações, mas achar que é correto receber sangue é como ‘coar o mosquito, mas engolir o camelo’ (Mateus 23:24). Sugiro que tire a trave do seu olho antes de apontar o suposto cisco no nosso. – Lucas 6:42. Quanto à questão das chamadas frações, veja o artigo “A questão do sangue - parte 5” neste site.” R: Meu caro, o meu raciocínio foi construído, como eu disse, em cima da sua PREMISSA! Se não sabe o significado de premissa consulte um dicionário. Eu apenas demonstrei claramente de que você defende algo incompatível com a prática atual das Testemunhas de Jeová. Simples assim! Leia de novo o que eu disse e verá isso mesmo. A opinião que você apresenta com respeito aos chamados 2 argumentos usados pelas Testemunhas de Jeová, é na realidade uma FALÁCIA. Na realidade esse argumento não é promovido pelas Testemunhas de Jeová individuais. Estas NUNCA tiveram voto na matéria, pois no passado, existindo já a prática do uso de fracções de sangue que hoje são permitidas, a Torre de Vigia dizia de modo nada incerto: “É violada a lei de Deus em tais usos medicinais do sangue? É errado suster a vida mediante infusões de sangue, plasma, glóbulos vermelhos, ou várias fracções de sangue? Sim!” – Sentinela de 15 de Março de 1962 (em português), pág. 174 A mesma Sentinela menciona na pág. 191, como resposta à Pergunta dos Leitores: “Como se pode saber se a carne comprada num açougue ou num mercado tenha sido sangrada apropriadamente? Também, como se pode saber se os frios, massas ou remédios nas farmácias contenham sangue ou fracções de sangue?” Na resposta, a certa altura a Sociedade aconselha: “Se tiver razão para acreditar que certo produto contenha sangue ou fracção de sangue, pergunte àquele que o vende… uma bula pode dizer que certo produto contém albumina… o único modo de se achar a fonte da albumina no determinado produto é interrogar aqueles que o preparam…se a bula disser que certos tabletes contenham hemoglobina, uma verificação similar revelará que é de sangue; assim, o cristão sabe, sem perguntar que ele deve evitar o preparado.” Assim, é fácil constatar à partida que duas fracções eram proibidas e encaradas COMO SANGUE para o cristão, em 1961: Hemoglobina e Albumina. São estas fracções hoje permitidas? Basta recorrer à tabela da página 5 do suplemento do Ministério do Reino de Novembro de 2006 e tire as suas conclusões. A pergunta que se levanta logicamente é: Mudou Deus a sua lei de forma a permitir aquilo que antes era inconcebível para um cristão tomar, isto é, sangue total e na sua forma fraccionada? Isto prova de que os argumentos apresentados reflete exclusivamente a opinião do Corpo Governante que interpreta a Bíblia para as Testemunhas de Jeová e estabelece os critérios pelos quais elas podem-se reger quanto ao uso do sangue. Quando você afirma “frações insignificantes de sangue não constituem um pecado” esquece-se de mencionar que tais fracções não são assim tão insignificantes assim e que para obtê-las é necessário milhares de doações de sangue! Veja como a própria organização reconhece isso na revista DESPERTAI!, no caso do factor VIII (usado como factor de coagulação para hemofílicos), quando afirma que para “fazer apenas 1 dose de fator VIII são precisas pelo menos 25.000 unidades de sangue”! Vai-me dizer que não encontra aí nenhuma incompatibilidade e incoerência com a posição atual das TJ? PARTE 3 “A LEI DE DEUS NÃO PODE SER VIOLADA PARA SALVAR A VIDA Quanto à sua afirmação de que “ Lei de Deus não podia ser usada para impedir a salvação de alguém”, isso também não tem procedência bíblica. Os israelitas podiam salvar um animal no sábado porque isso não era violação da lei do sábado. Já não é o caso da lei sobre o sangue.” R: Quem lhe disse que não era uma violação? Era, de acordo com o entendimento da época, assim como no passado foi entendido que usar QUALQUER fracção de sangue era uma violação da lei divina do sangue. Jesus quando explicou a razão pela qual curava ao sábado, ele não argumentou que não havia uma violação da lei segundo o critério da época. Ele demonstrou foi que essa interpretação da lei estava ERRADA, mostrando que a VIDA estava acima de qualquer lei e sua interpretação. Conforme ele disse: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado.” O que isto significava? Que a lei do sábado servia para beneficiar o homem e não para prejudicá-lo. Associado a isso aquilo que ele fazia ao sábado, curando pessoas, mostrava que a lei do sábado não autorizava ninguém a menosprezar a vida humana e suas dificuldades inerentes. É interessante que ainda hoje os judeus têm este ensino rabínico, conhecido como Pikuach Nefesh O conceito rabínico judaico pikuach nefesh, é um conceito milenar que defende o valor ou santidade da vida humana acima de qualquer tradição ou doutrina religiosa. Segundo este conceito, uma vida deve ser preservada a todo o custo, sendo por isso a obrigação de um judeu salvar a sua vida ou a de outrem, mesmo que para isso tenha que violar uma lei ou mandamento religioso. Por exemplo, se existe alguém em perigo de vida, aplicar o pikuach nefesh, significa por exemplo, violar o Sábado para que essa vida seja salva, talvez viajando de carro nesse dia para levar a vítima ou doente ao hospital. Significa também, por exemplo, um judeu comer comida que não seja kosher, caso a sua saúde ou vida dependa disso. É importante perceber que para os judeus, a Lei Mosaica continua a ter um papel importante em suas vidas. Isso inclui a forma como esta proíbe o consume de carne com seu sangue. Por isso, os judeus ortodoxos molham a carne em água, salgam-na e então a drenam, a fim de tirar TODO o sangue. Neste aspeto são muito mais rigorosos que as Testemunhas de Jeová e têm um regime alimentar cuidado e seleto (kosher). É pertinente perceber que mesmo continuando a seguir os mandamentos da Lei mosaica com respeito ao sangue, os judeus estão autorizados a receber transfusões de sangue. Não existem por isso, grupos religiosos judaicos que proíbam transfusões de sangue. Assim, preservar a vida prevalece sobre a Lei mosaica: um princípio conhecido como pikuach nefesh. Do mesmo modo, os muçulmanos estão também proibidos de beber ou comer sangue e derivados (haram), mas são-lhes permitidas as transfusões como um procedimento para salvar suas vidas. Como é óbvio, o uso do sangue quando uma pessoa corre risco de vida seria pikuach nefesh, ou seja, colocar a vida da pessoa acima de uma lei ou mandamento religioso. Embora, os judeus não encarem o uso do sangue na medicina do mesmo modo que as Testemunhas de Jeová, ainda assim, caso vidas estivessem em jogo, percebe-se claramente qual a decisão que tomariam à luz deste conceito bíblico. O próprio Jesus usou desta atitude compassiva e a Torre de Vigia elogiou essa atitude dizendo: “O discernimento também tornava Jesus uma pessoa razoável. Ele via além das palavras da Lei mosaica; ele percebia o espírito por trás da Lei e agia de acordo. Por exemplo, considere o relato de Marcos 5:25-34. (Leia.) Uma mulher que sofria de um fluxo de sangue passou pelo meio de uma multidão, tocou na roupa de Jesus e foi curada. Ela era impura do ponto de vista da Lei; então, não podia tocar em ninguém. (Lev. 15:25-27) Mas Jesus não a repreendeu por ter tocado em sua roupa. Ele discernia que entre “os assuntos mais importantes da Lei” estavam “a misericórdia e a fidelidade”. (Mat. 23:23) Ele disse de modo bondoso: “Filha, a tua fé te fez ficar boa. Vai em paz e fica curada da tua doença penosa.” É muito bom saber que o discernimento de Jesus o motivou a agir com tanta bondade, não acha?” - w15 15/2 pp. 10-14 Notou? Jesus “via além das palavras da Lei mosaica; ele percebia o espírito por trás da Lei e agia de acordo.” Neste caso, apesar da mulher ter VIOLADO a lei mosaica, Jesus entendeu as suas circunstâncias. A Organização das Testemunhas de Jeová aceita de bom grado e até elogia a razoabilidade de Jesus perante a violação da Lei cometida por esta mulher, em virtude do seu esforço em preservar a sua saúde, até mesmo a sua vida. Eles até mesmo destacam isso dizendo: "Ela era impura do ponto de vista da Lei; então, não podia tocar em ninguém. (Lev. 15:25-27)" Repare que neste caso, não existia nem mesmo uma situação de perigo de vida eminente, mas sim uma condição física debilitante que poderia vir no futuro a conduzir a uma morte prematura. Mesmo assim, o que Jesus fez? Considerou que a vida ou saúde daquela mulher estava acima do cumprimento da Lei. Aqui está aplicado o princípio do pikuach nefesh. Teria Jesus agido diferente caso fosse nos dias de hoje e tivesse em seu poder salvar uma vida pelo uso de uma transfusão de sangue, mesmo que isso hipoteticamente pudesse violar a Lei de Deus? Pense nisso! Outras passagens como esta revelam como Jesus SEMPRE considerava a vida humana acima de qualquer lei ou doutrina. “O decreto apostólico, registrado em Atos 15:28 e 29, equiparou abster-se de sangue como sendo tão sério quanto abster-se de idolatria. Os três hebreus, em Babilônia, ficaram entre praticar idolatria, por adorar a estátua feita pelo Rei Nabucodonosor, e perder a vida numa fornalha ardente. Mas eles se recusaram a pecar por idolatria para salvar suas vidas. (Daniel 3:16-18) E muitos cristãos foram mortos por causa de sua fé. Nenhuma das pessoas que conhecem o cristianismo se surpreenderia com uma prova de fé que envolvesse a perda da vida neste mundo.” R: Na realidade, a orientação dada nesse concílio estava intimamente relacionada com a prática da Lei Mosaica ainda praticada pelos cristãos judeus, mas ignorada pelos cristãos gentios. A questão era aquela que diz a Nova Enciclopédia Católica que diz: "Estas quatro proibições foram impostas para o bem da caridade e união. Ao proibirem práticas que eram tidas como tendo especial aversão pelos Judeus, a sua observância era necessária para evitar chocar os irmãos Judeus e criar uma relação o mais fácil possível entre as duas classes de Cristãos. Com o desaparecimento da comunidade judaico-cristã em Jerusalém no período da rebelião (A.D. 67-70), a questão acerca da circuncisão e a observância da Lei cessaram de ser importantes para a Igreja e rapidamente tornou-se um assunto morto." (The Catholic Encyclopedia, Volume III, Copyright 1910 em inglês) Até mesmo Charles Taze Russel era desta opinião e expressou-o nas páginas da revista Watchtower! Como é que os eruditos bíblicos e até mesmo Charles Taze Russell chegaram à mesma conclusão? Em primeiro lugar, a Lei Mosaica tinha cessado de ser aplicada e não fazia qualquer sentido que aos cristãos fosse requerido reter apenas uma porção dela. Especialmente tendo em conta que as leis enumeradas em Atos nem mesmo eram as principais leis da Lei Mosaica ou as únicas a terem de ser seguidas, caso a Lei Mosaica devesse vigorar. O apóstolo Tiago explica porque foram estes 4 aspectos da Lei mencionados em Atos 15:21: "Pois, desde os tempos antigos, Moisés tem os que o pregam em cada cidade, porque ele é lido em voz alta nas sinagogas todo sábado.” Esta frase é importante para perceber o real motivo destas orientações. A Lei de Moisés era lida nas sinagogas a cada Sábado. A passagem de Levítico 17:1 a 18:27 aplicava-se tanto a Judeus como a Gentios. Esta passagem tem os mesmos 4 requerimentos, listados na mesma ordem que é transmitida em Atos 21:25: Levítico 17:7 – Sacrifícios a ídolos Levítico 17:10 – Comer sangue Levítico 17:13 – Sangrar um animal Levítico 18 – Imoralidade sexual (fornicação) Estas eram as leis obrigatórias, tanto para os judeus como para os residentes forasteiros vivendo no antigo Israel. Estas ordens divinas eram de grande importância porque já vinham desde o tempo de Noé, no princípio dos tempos:
É por isso que estas 4 orientações divinas significavam tanto para os judaizantes cristãos e porque os apóstolos concluíram que apenas estas normas eram necessárias para evitar que as congregações repletas de judeus tropeçassem. É interessante analisarmos aqui mais um aspecto para percebermos porque razão se pode afirmar que estas directivas não seriam por tempo indefinido. Relembremos a primeira directiva apostólica: "..que persistam em se abster de coisas sacrificadas a ídolos..." Assumindo, como fazem as Testemunhas de Jeová em relação à abstenção do sangue, que tais normas eram um mandamento eterno e permanente para os cristãos, teríamos de assumir que consumir carne sacrificada a ídolos também o seria, certo? Então como entender as palavras de Paulo aos Coríntios, escritas cerca de 20 anos após o chamado "decreto apostólico"? "4 Quanto a comer alimentos oferecidos a ídolos, sabemos que o ídolo não é nada no mundo, e que não há outro Deus, senão um só. 5 Pois, embora haja os que são chamados deuses, quer no céu, quer na terra, assim como há muitos “deuses” e muitos “senhores”, 6 para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, e nós existimos para ele; e há um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem são todas as coisas, e nós existimos por meio dele.7 No entanto, nem todos têm esse conhecimento. Mas alguns, devido à familiaridade que tinham com os ídolos, comem o alimento como algo sacrificado a um ídolo, e a consciência deles, que é fraca, fica contaminada. 8 Mas o alimento não nos aproximará de Deus; não seremos piores se não comermos, nem melhores se comermos. 9 Tomem cuidado, porém, para que o seu direito de escolha não se torne de algum modo uma pedra de tropeço para os que são fracos. 10 Pois, se alguém vir você, que tem conhecimento, tomando uma refeição no templo de um ídolo, será que a consciência daquele que é fraco não ficará ousada a ponto de ele comer alimentos oferecidos a ídolos? 11 Assim, pelo conhecimento que você tem, está sendo arruinado aquele que é fraco, seu irmão pelo qual Cristo morreu. 12 Quando vocês pecam assim contra os seus irmãos e ferem a consciência fraca deles, estão pecando contra Cristo. 13 É por isso que, se o alimento fizer o meu irmão tropeçar, nunca mais comerei carne alguma, para que eu não faça o meu irmão tropeçar." – 1 Coríntios 8:4-11 "25 Comam de tudo o que se vende no açougue, sem fazer perguntas por causa da sua consciência, 26 pois “a Jeová pertence a terra e tudo o que nela há”. 27 Se algum descrente os convidar para uma refeição, e vocês quiserem ir, comam de tudo o que se puser diante de vocês, sem fazer perguntas por causa da sua consciência. 28 Mas, se alguém lhes disser: “Isso é algo oferecido em sacrifício”, não comam, por causa daquele que lhes disse isso e por causa da consciência. 29 Não me refiro à sua própria consciência, mas à da outra pessoa. Pois, por que a minha liberdade deveria ser julgada pela consciência de outro? 30 Se eu dou graças quando participo de uma refeição, por que serei criticado por causa daquilo pelo qual dou graças? 31 Portanto, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam todas as coisas para a glória de Deus. 32 Não se tornem motivo de tropeço para judeus, nem para gregos, nem para a congregação de Deus, 33 assim como eu estou tentando agradar a todos em todas as coisas, não buscando a minha própria vantagem, mas a do maior número de pessoas, para que sejam salvas." - 1 Coríntios 10:25-33 Fica claro que, embora o decreto de Atos fale em abster-se de comer coisas sacrificadas a ídolos, Paulo torna claro que não existe nada de errado com essa prática. Ele disse que só era errado caso fizesse outros tropeçar, neste caso os judaizantes ou de consciência fraca. O mesmo princípio aplica-se ao sangue. Atos 15 inclui comida sacrificada a ídolos, sangue e animais estrangulados exactamente porque tais coisas faziam tropeçar os irmãos judeus que ainda estavam apegados à Lei Mosaica e cuja leitura era feita a cada Sábado nas Sinagogas e não porque estas fossem ofensivas a Deus após a morte de Cristo. E isto tornou-se cada vez menos um assunto importante após a destruição do templo em 70 A.D. e o término dos rituais em que animais eram sacrificados e seu sangue usado como símbolo religioso. Com o tempo, tal assunto caiu mesmo no esquecimento. Outro aspeto é que “abster de sangue” nunca é mencionado no Novo Testamento em qualquer outra circunstância, nem mesmo nas inúmeras cartas de Paulo aos cristãos gentios. Não é usado como argumento para expulsar um membro, ou parar de ter associação com ele, como em 1 Coríntios 5. Quer em Revelação 21:8 ou 1 Coríntios 6 o assunto do sangue não listado como sendo uma das razões pelas quais alguém deixaria de ter vida eterna. Se o evitar consumir sangue continuasse a ser uma doutrina ou lei bíblica assim tão premente, veríamos tal assunto ser explanado ao longo do Novo Testamento de modo mais intenso e claro. Afinal, a maior parte do Novo Testamento é dirigido aos cristãos gentios! Ao lado de pecados tais como a fornicação, assassinato e idolatria, tão constantemente mencionados no Novo Testamento, não encontramos o tópico do sangue. Além de tudo isto, é preciso ter em mente que na Bíblia, a questão do sangue está sempre relacionada com o ato de matar: seja tirar a vida a um animal para alimento, quer tirar a vida de outro ser humano (ex. assassinato). A lei do sangue servia, conforme já disse, para realçar o valor da vida e com o objectivo de se mostrar respeito por ela. Era por isso uma lei que considerava a vida, não o sangue em si mesmo, como algo santo e precioso. O sangue era apenas um símbolo da vida. Para as TJ é exatamente o oposto: o sangue é mais valioso do que aquilo que ele representa! Equiparar perder a vida por causa da Lei Mosaica do Sangue com respeito às transfusões de sangue com um ato de idolatria, tal como aconteceu com os três hebreus ou como acontecia com os cristãos durante a adoração ao imperador é sem nexo. Porquê? Porque não existe nenhuma ligação entre COMER sangue e transfundir sangue, do mesmo modo que comer um coração humano é canibalismo e transplantar esse mesmo coração não o é. Além do mais, como já disse, as TJ ao aceitarem componentes sanguíneos tais como hemoglobina, albumina, factor VIII e muitos outros componentes estão a violar essa mesma premissa que defendem! Conforme mostrou o artigo “A LEI DE DEUS SOBRE O SANGUE INCLUI AS TRANSFUSÕES?”: Jesus Cristo, o Fundador do cristianismo, declarou enfaticamente: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.” (Mateus 16:25, Al) João também registrou palavras similares de Cristo: “Quem tem apego à sua vida, vai perdê-la; quem despreza a sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna.” (João 12:15, Bíblia Pastoral.) O que essas palavras de Jesus indicam? Que o cristão pode ficar numa situação entre a vida e a lei de Deus. Nesse caso, ele terá de optar por apenas uma delas. Meditar desde agora nas palavras do Senhor Jesus ajudará àquele que quer ser fiel a Deus a tomar a decisão acertada, tendo em vista a eternidade prometida por Deus. [Fim da citação do referido artigo.] Felizmente, não é o caso que ocorre na questão do sangue. Hoje a Medicina tem demonstrado os malefícios da transfusão de sangue alogênico (de outra pessoa) e que qualquer procedimento médico pode ser feito sem o uso de sangue alogênico. Veja a série de artigos “A questão do sangue”, partes 1 a 6. [Resposta, partes 1 a 3, com a participação de A Verdade É Lógica.] R: É verdade que um cristão pode ficar na situação de ter de escolher viver ou violar uma Lei divina. Mas para que essa premissa se ponha é preciso que essa violação seja explícita nas Escrituras! Não pode depender da interpretação particular de uma seita ou líder religioso. Para demonstrar como este argumento é falacioso basta pensar no tempo em que as TJ recusavam TODAS as fracções e componentes sanguíneos em caso de vida ou morte PORQUE A TORRE DE VIGIA interpretava que todos eles estavam debaixo do banimento de Atos 15:28, 29. Já naquele tempo TODAS as chamadas “transfusões de sangue” já eram na realidade transfusões de componentes separados do sangue (tanto primários como secundários conforme usado na linguagem da Torre). Vai-me dizer que as TJ perderam suas vidas porque estavam obedecendo à Lei de Deus sobre o sangue? Não! Estavam simplesmente obedecendo à interpretação que os líderes da sua seita faziam com respeito a esse assunto e que ao longo do tempo foi sendo revisado para abranger cada vez mais produtos sanguíneos! Hoje chega-se ao ponto de até mesmo sangue bovino ser usado por Testemunhas de Jeová em seus tratamentos médicos! No artigo "Fake Blood, Real Controversy" (Sangue Falsificado, Verdadeira Controvérsia) de Randy Dotinga, são discutidos produtos feitos de frações de sangue que as Testemunhas de Jeová agora podem transfundir. Note como ele explica o assunto: "PolyHeme e Hemopure da Biopure com sede em Massachusetts - estão em fase final de pesquisa. Hemopure, utilizado em cirurgias, é feito de sangue de bovino, enquanto PolyHeme é derivado da hemoglobina, uma proteína encontrada nas células vermelhas do sangue. Há um outro benefício, também, um que recebeu pouca atenção. Enquanto a igreja Testemunhas de Jeová desencoraja transfusões devido à posição bíblica contra o consumo de sangue, ela deu aos seus 1 milhão de membros americanos, margem de manobra para aceitar produtos que não são derivadas dos principais componentes do sangue." Por isso, caro Apologista os seus argumentos com respeito ao sangue imitam os argumentos incoerentes e inconsistentes da Torre de Vigia. Ao fazê-lo continua a perpetuar o engano religioso e causar vítimas desnecessárias. A culpa de sangue recairá, não apenas sobre os líderes religiosos da Torre de Vigia, mas sobre todos aqueles que a defendem cegamente e não conseguem ver além dos seus próprios argumentos. Como puderam notar a minha resposta ao contra-argumento do Apologista da Verdade foi extenso e detalhado. A resposta foi simplesmente ignorada e agora o site Central da Defesa Bíblica apresenta APENAS os argumentos apologistas sem a devida resposta aos meus argumentos finais. É a costumeira atitude de quem não deseja ver seus argumentos expostos como falaciosos. É a política costumeira dos apologistas Testemunhas de Jeová que além de desobedecerem ao Corpo Governante ao criarem página e sites apologéticos em defesa da Torre de Vigia, recusam debater com seriedade e honestidade aqueles que apresentam argumentos contrários. Afinal, eles já possuem a verdade não é? António Madaleno
0 Comments
Your comment will be posted after it is approved.
Leave a Reply. |
Autores,Categorias,
All
|