Muitas pessoas associam a Excomunhão à Igreja Católica e não é sem razão. Durante muito tempo, a Igreja Católica fez uso da ameaça e prática da Excomunhão, de modo a controlar reis e governantes e mantê-los sob o seu poder e autoridade. Serviu também para expulsar pessoas consideradas hereges e apóstatas da hierarquia da Igreja Católica, bem como qualquer um que ousasse desafiar a doutrina, tradição e dogmas da mesma. Pode-se por isso dizer que a Excomunhão é uma das maiores penalidades da Igreja Católica, conforme explica a Wikipédia ao definir esta penalidade confirme praticada por esta instituição religiosa: “Na religião católica, consiste em excluir ou expulsar oficialmente um membro religioso (baptizado). É uma pena eclesiástica que separa um membro transgressor da comunhão da comunidade religiosa (excomunhão). Pode ser aplicada a uma pessoa individual ou aplicada colectivamente. Logo, é uma das maiores penas que um fiel pode receber da Igreja. O fiel excomungado fica proibido de receber os Sacramentos e de fazer alguns atos eclesiásticos. A excomunhão faz parte das censuras no Código de Direito Canônico, sendo uma das três mais duras e severas.” Com respeito à Excomunhão praticada pelas igrejas, especialmente a Igreja Católica, a Torre de Vigia expressou fortes críticas a esse procedimento eclesiástico na revista Despertai! de 8 de janeiro de 1947 (em inglês), dizia na pág. 27: TRADUÇÃO: "Você Também é Excomungado? Se você é um dos 138.000.000 de pessoas no mundo que nasceram e foram criados como “protestantes”, então você já está excomungado pela Hierarquia Católica Romana. Isso significa que você é encarado com o mais sombrio desprezo pelo Vaticano, sendo amaldiçoado e condenado com o Diabo e seus anjos. Diz a Enciclopédia Católica: Com as exceções já mencionadas [infiéis, pagãos, maometanos e judeus], todos os que foram batizados são passíveis de excomunhão, mesmo aqueles [protestantes] que nunca pertenceram à verdadeira Igreja, já que por meio de seu batismo eles são realmente seus súditos, embora sejam naturalmente rebeldes. Ademais, a Igreja excomunga não só os que abandonam a verdadeira fé para abraçar o cisma ou heresia [protestante], como também os membros das comunidades heréticas e cismáticas que surgiram dentro dela. ... Esta é a “lei canônica”, que a Hierarquia Católica Romana pretende impor com o pretexto de que é lei de Deus. A autoridade para a excomunhão, alegam eles, é baseada nos ensinamentos de Cristo e dos apóstolos, conforme encontrados nos seguintes textos: Mateus 18:15-19, 1 Coríntios 5:3-5, 16:22; Gálatas 1:8-9; 1 Timóteo 1:20, Tito 3:10. Mas a excomunhão da Hierarquia, como um castigo e remédio “medicinal” (Enciclopédia Católica), não tem qualquer apoio nesses textos. Na realidade, ela é totalmente alheia aos ensinamentos bíblicos. – Hebreus 10:26-31. Onde, então, essa prática se originou? A Enciclopédia Britânica diz que a excomunhão papal não deixa de ter influência pagã, “e suas variações não podem ser adequadamente explicadas a não ser que se levem em conta várias excomunhões não-cristãs análogas.” Os gregos supersticiosos acreditavam que quando uma pessoa morria excomungada, o Diabo entrava no corpo e, portanto, “para impedir isso, os parentes do falecido cortavam seu corpo em pedaços e os ferviam no vinho.” Mesmo os druidas tinham um método de expulsar aqueles que perdiam a fé em suas superstições religiosas. Portanto, foi depois que o catolicismo adotou as práticas pagãs deles, no ano 325 AD, que este novo capítulo na excomunhão religiosa foi escrito. (Grifo acrescentado) Depois, conforme aumentavam as pretensões da Hierarquia, a arma da excomunhão tornou-se o instrumento por meio do qual o clero conseguiu uma combinação de poder eclesiástico e tirania secular que não encontra paralelo na história. Príncipes e potentados que se opunham aos ditames do Vaticano eram rapidamente empalados nos dentes de excomunhão e pendurados sobre as chamas da perseguição." Resumidamente, nesta crítica contra a Igreja Católica, o artigo declarou que: 1– A excomunhão não passa de uma lei eclesiástica, sem qualquer apoio na Bíblia; 2– A prática da excomunhão tem origem pagã. Isso poderia fazer supor que jamais a organização Torre de Vigia adotaria essa prática dentro de sua “lei canônica”. Mas, surpreendentemente, apenas cinco anos depois, disse a revista A Sentinela de 1° de março de 1952 (em inglês), pág 137: “A Desassociação é Correta “É apropriado desassociar? Sim, conforme acabamos de ver no artigo anterior, Deus pôs para fora de sua congregação aqueles que se opunham a ele e que eram corruptos. Ele os desassociou. Ele livrou-se deles, e nos aconselha a fazer o mesmo com essas pessoas. Em Tito 3:10, 11 (NM), lemos: “Quanto ao homem que promove uma seita, rejeita-o depois da primeira e da segunda admoestação, sabendo que tal homem foi desviado do caminho e está pecando, estando condenado por si mesmo.” Assim, há autorização nas Escrituras Gregas para que se rejeite qualquer um que comece seitas ou divisões depois de ter sido falado com essa pessoa uma primeira e uma segunda vez e ainda assim ela não muda seu proceder.” Ou seja, uma prática que em 1947 era apontada como “totalmente alheia aos ensinamentos bíblicos” e de origem “pagã”, foi justamente a adotada pela Torre de Vigia em 1952, apresentando-se o argumento de que isso é apoiado e exemplificado pelo próprio Deus! E o assunto não termina nisso. Hoje em dia, essa prática é constantemente louvada. Dando prosseguimento a essas críticas contra outros, a revista A Sentinela de 1º de outubro de 1983 disse na página 16: “É Antiquada a Excomunhão? A excomunhão . . . não mais evoca o temor e o estigma do passado”, escreveu o colunista Charles W. Bell, do Sunday News de Nova Iorque, observando que “a Igreja Luterana na América, . . . eliminou a palavra ‘excomunhão’ de sua Constituição Aprovada para as Congregações”. “É uma relíquia exótica”, diz Wolfe Kelman, da Assembléia Rabínica dos rabinos Conservadores. O sacerdote Edwin F. O’Brien, diretor de comunicações da arquidiocese de Nova Iorque, comenta que a excomunhão “é usada rara e parcamente”. Portanto, afirma Bell, “a grande era da excomunhão já passou, com as possíveis exceções das Testemunhas de Jeová e dos Mórmons, onde isso é bem comum e levado a sério”. Os líderes religiosos da atualidade continuam a enfraquecer as diretrizes bíblicas, com o fim de reter os membros contribuintes. A “massa” da religião de hoje encontra-se levedada pelo “fermento” que é tolerado em seu meio. Foi por isso que o apóstolo Paulo exigiu que os cristãos ‘removessem o homem iníquo’ da congregação de Corinto “nem sequer comendo com tal homem”. As Testemunhas de Jeová levam a sério a questão de se desassociar os que são impenitentes, apesar de bondosa ajuda. — 1 Coríntios 5:6, 9-13.” Se antes os “líderes religiosos da atualidade” eram acusados de manterem uma “prática pagã” e ‘totalmente alheia à Bíblia’, agora esta mesma prática é chamada de ‘exigência apostólica’, e alguns deles ainda são acusados de “enfraquecer as diretrizes bíblicas” por não mais a promoverem com afinco em suas organizações! Depois de dar exemplos de líderes políticos e até de países inteiros, que foram excomungados pelas autoridades católicas, a mesma edição da Despertai! de 1947, mencionada acima, disse na página 28, citando de modo desfavorável a Enciclopédia Católica: “O direito da Igreja de excomungar baseia-se em seu status como uma sociedade espiritual, cujos membros, governados por uma autoridade legítima, buscam um único fim através de meios adequados. Os membros que, por sua desobediência obstinada, rejeitam os meios para alcançar este objetivo comum merecem ser removidos dessa sociedade.” Compare-se isso com o que diz a enciclopédia da Torre de Vigia, intitulada Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2 (1991), página 86 (grifos acrescentados): “Expulsão Excomunhão ou desassociação judicial de infratores, que assim deixam de ser membros ou associados de uma comunidade ou organização. No caso de sociedades religiosas, é um princípio e um direito inerentes nelas, e é análoga aos poderes de pena capital, de banimento e de exclusão do rol de membros, exercidos por entidades políticas ou municipais. Na congregação de Deus é exercida para manter a pureza doutrinal e moral da organização. O exercício deste poder é necessário para a continuação da existência da organização e especialmente da congregação cristã. A congregação tem de permanecer pura e manter o favor de Deus, a fim de ser usada por ele e de representá-lo. Senão, Deus expulsaria ou deceparia a congregação inteira. — Re 2:5; 1Co 5:5, 6.” A apresentação do assunto e até mesmo a fraseologia usada é a mesma que havia sido tão criticada na Enciclopédia Católica! Estas comparações deveriam mostrar quão flutuante pode ser a posição da liderança da Torre de Vigia, quando se trata de estabelecer e defender suas doutrinas e procedimentos. A impressão que se transmite é que a Bíblia pode ser usada para apoiar posições diametralmente opostas, conforme o momento e a conveniência dos homens. A mesma incoerência se verifica no tocante aos principais alvos dessa política de excomunhão, que eles advogam. Como vimos, a revista A Sentinela de 1º de março de 1952 (que introduziu oficialmente a prática da excomunhão ou desassociação entre as Testemunhas de Jeová), falou em homens ‘que se opõem a Deus’ e que ‘promovem uma seita’. Estas são as acusações que se costumam lançar contra pessoas que questionam certos ensinos fundamentais da organização. O tratamento que se dá a esses dissidentes é outro caso no qual as publicações são pródigas em críticas às outras igrejas. Como exemplos disso, seguem-se estas citações: “O esforço para obrigar todos os homens a pensarem da mesma maneira em todos os assuntos culminou na grande apostasia e no desenvolvimento do grande Sistema Papal; e desse modo o ‘evangelho’, a ‘uma só fé’ que Paulo e os outros apóstolos estabeleceram, foi perdida – enterrada sob a massa de decretos não inspirados de papas e concílios. A unidade da igreja primitiva – baseada no evangelho simples e mantida unicamente por meio do amor – deu lugar à servidão à igreja de Roma – uma servidão dos filhos de Deus sob a qual ainda padecem as multidões. O movimento da Reforma no século dezesseis surgiu como um esforço para recuperar a liberdade de consciência; mas, iludido pela idéia de um credo elaborado... formou outros sistemas de escravidão muito similares aos do Papado.” – Revista A Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo, setembro de 1893, págs. 262-264 Quase cem anos depois, a revista Despertai! de 8 de outubro de 1987 descreveu o extremo a que chegou esse esforço de líderes religiosos para “obrigar todos os homens a pensarem da mesma maneira em todos os assuntos”. Na página 24, apareceu a seguinte declaração: “No século 13, a Igreja Católica estabeleceu a Inquisição na Alemanha, Espanha, França e Itália. Seu propósito principal era exterminar os grupos religiosos dissidentes que o clero considerava perigosos para a Igreja.” A revista A Sentinela de 1º de setembro de 1989, descrevendo a situação que imperou na Europa durante aquele período tenebroso, disse na página 3: “Ninguém tinha a liberdade de adorar como desejasse, ou de emitir opiniões que conflitassem com as do clero. Tal intolerância clerical gerou um clima de medo em toda a Europa. A igreja instituiu a Inquisição para eliminar indivíduos que ousassem sustentar conceitos diferentes. Considerados hereges, eram levados perante inquisidores, que os torturavam em busca de confissões. Aqueles que eram considerados culpados não raro eram queimados vivos na estaca.... A vida intelectual fora estropiada pela censura e pela Inquisição, que eram usadas contra quem quer que protestasse, seja contra a teologia oficial, seja contra as diretrizes do estado.” Qualquer pessoa que ler estas críticas contra a Igreja Católica tiraria a conclusão de que a Torre de Vigia tem uma posição tolerante para com dissidentes de sua organização, ou para com qualquer pessoa que proteste contra algo na “teologia oficial”, que ‘sustente conceitos diferentes’ e ‘emita opiniões que conflitem com as do clero’. Infelizmente, este é mais um caso onde a realidade é muito diferente. A apresentação desse assunto na revista A Sentinela de 1º de abril de 1986, págs. 30, 31, deixa isso bem claro: “Por que desassociaram (excomungaram) as Testemunhas de Jeová por apostasia a alguns que ainda professam crer em Deus, na Bíblia e em Jesus Cristo? ... A associação aprovada com as Testemunhas de Jeová requer a aceitação de toda a série dos verdadeiros ensinos da Bíblia, inclusive as crenças bíblicas singulares das Testemunhas de Jeová. O que incluem tais crenças? Que a grande questão perante a humanidade é a legitimidade da soberania de Jeová, que é o motivo de ele ter permitido a iniqüidade por tanto tempo. (Ezequiel 25:17) Que Jesus Cristo teve uma existência pré-humana e está subordinado ao seu Pai celestial. (João 14:28) Que há hoje na terra um “escravo fiel e discreto” a quem se confiaram todos os interesses terrestres de Jesus’, escravo que está associado com o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. (Mateus 24:45-47) Que 1914 marcou o fim dos Tempos dos Gentios e o estabelecimento do Reino de Deus nos céus, bem como o tempo da predita presença de Cristo. (Lucas 21:7-24; Revelação 11:15-12:10) Que apenas 144.000 cristãos receberão a recompensa celestial. (Revelação 14:1, 3) Que o Armagedom, que se refere à batalha do grande dia de Deus, o Todo-poderoso, está próximo. (Revelação 16:14, 16; 19:11-21) Que a isso se seguirá o Reinado milenar de Cristo, que restabelecerá o paraíso global. Que os primeiros a usufruí-lo serão os da atual “grande multidão” de “outras ovelhas” de Jesus. — João 10:16; Revelação 7:9-17; 21:3, 4.“ Isto significa que qualquer pessoa dentre as Testemunhas de Jeová que questionar algum desses ensinos – por exemplo, os referentes ao “escravo fiel e discreto”, a data de 1914, e ao número literal de 144.000 – esta pessoa será convocada a um tribunal judicativo da organização e será excomungada caso ouse sustentar seus questionamentos. A revista é bem clara: “Toda a série” de ensinos deve ser aceita; isto é uma exigência para todo aquele que deseja ficar numa boa situação dentro da organização. Será que a liderança da organização admite o questionamento de um só desses ensinos básicos da organização? De modo algum. A revista enfatiza a idéia, para que ninguém tenha qualquer margem para dúvida: “Temos um precedente bíblico para adotar tal conceito estrito? Sim, temos! Paulo escreveu a respeito de alguns nos seus dias: “A palavra deles se espalhará como gangrena. Himeneu e Fileto são desses. Estes mesmos se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição já ocorreu; e estão subvertendo a fé que alguns têm.” (2 Timóteo 2:17, 18; veja também Mateus 18:6.) Não há nada que indique que esses homens não cressem em Deus, na Bíblia e no sacrifício de Jesus. Entretanto, neste único ponto básico, quanto ao que ensinavam a respeito do tempo da ressurreição, Paulo marcou-os corretamente como apóstatas, com os quais os cristãos fiéis não se associariam.” Esta revista não é o único escrito da Torre de Vigia onde se expressa a posição referente aos dissidentes. Numa carta encaminhada em 1980 aos "superintendentes de circuito" e "superintendentes de distrito" dos Estados Unidos da América (cargos que correspondem respectivamente aos dos "bispos" e "arcebispos" da Igreja Católica), a Torre de Vigia transmitiu a seguinte instrução: “Não esqueçam que, para ser desassociado, um apóstata não tem necessariamente de ser um promotor de idéias apóstatas. Conforme mencionado no parágrafo 2, página 17 de A Sentinela de 1º de agosto de 1980 [em português, 1º de fevereiro de 1981]. "A palavra `apostasia' vem de um termo grego que significa `ficar apartado', `afastamento, deserção', `rebelião, desistência'". Portanto, se um cristão batizado abandona os ensinamentos de Jeová, conforme apresentados pelo escravo fiel e discreto, e persiste em crer em outra doutrina apesar da repreensão bíblica, então ele está apostatando. Devem-se fazer esforços bondosos e contínuos para reajustar seu modo de pensar. Todavia, se, depois de ter-se feito tais esforços contínuos para reajustar seu modo de pensar, ele continuar crendo em idéias apóstatas e rejeitar o que tem sido provido através da "classe do escravo", então se deve tomar uma ação judicativa apropriada." (Grifos acrescentados) Embora esta correspondência tenha sido encaminhada primariamente aos Estados Unidos, a mesma diretriz é válida para qualquer país.) Assim, a liderança da organização Torre de Vigia tem exatamente a mesma postura dos inquisidores católicos medievais, com referência ao tratamento a ser dado aos ‘homens que não pensam da mesma maneira em todos os assuntos’. Se houver questionamento de um "único ponto básico" na teologia de sua organização, e o questionador 'persistir em crer' em algo diferente do que é "apresentado pelo escravo fiel e discreto", essa pessoa é automaticamente classificada como "apóstata" e é desassociada. Alguns poderiam objetar ao que está declarado acima, enfatizando que, diferente dos inquisidores católicos, os líderes da Torre de Vigia não torturam nem matam fisicamente seus dissidentes. Isto é, naturalmente, verdade. Mas, por que eles não podem fazer isso? A revista A Sentinela de 1º de abril de 1954 respondeu na página 63: “Não vivemos hoje entre nações teocráticas onde tais membros de nossa família carnal podem ser exterminados por apostatarem de Deus e de sua organização teocrática, como era possível e era ordenado à nação de Israel, no deserto de Sinai e na terra da Palestina. “Certamente o matarás. A tua mão será a primeira contra ele para o matar, e depois a mão de todo o povo. Tu o apedrejarás, até que morra; porque procurou apartar-se de Jeová teu Deus, ... Todo o Israel ouvirá e temerá, e não se tornará a fazer uma coisa má como esta, no meio de ti.” – Deu. 13:6-11. Sendo limitados pelas leis da nação mundana em que vivemos e também pelas leis de Deus mediante Jesus Cristo, podemos tomar ação contra apóstatas somente até um certo grau, isto é, coerentemente com os dizeres de ambas as leis .” (Grifo acrescentado) Mas, embora estejam impedidos pela lei humana e divina de matarem apóstatas, a atitude desta liderança religiosa para com estas pessoas é a mesma. Ao explicar como pode ter ocorrido algo tão hediondo como a Inquisição, e mais uma vez criticando a Igreja Católica e seus ensinos, a revista Despertai! de 22 de abril de 1986 declarou nas páginas 23 e 26: “É difícil entender como uma igreja que concorda com a declaração inspirada: “Sofrerão perseguições todos os que aspiram a viver piedosos em Cristo Jesus” poderia, ela mesma, tornar-se perseguidora. (2 Timóteo 3:12, Bíblia Vozes, católica) Como foi isso possível? Primeiro, o ensino católico o tornou possível. Como assim? Pode-se resumi-lo pela famosa declaração do católico “Santo” Agostinho: “Salus extra ecclesiam non est” (Fora da Igreja não existe salvação.) …Depois de mencionar que os condutores da abominável Inquisição achavam que suas hereges vítimas “poderiam ser salvas das chamas eternas por meio do fogo temporal”, o historiador Henry C. Lea escreve em A History of the Inquisition of the Middle Ages (História da Inquisição da Idade Média): “Já que um Deus justo e onipotente executava a vingança divina contra aqueles que, dentre suas criaturas, o tinham ofendido, não cabia ao homem questionar a justiça de seus modos de agir, e sim, humildemente, imitar Seu exemplo, e regozijar-se quando se lhe conferisse a oportunidade de fazê-lo.” Qualquer pessoa que conhece os ensinos da Torre de Vigia sabe perfeitamente que os líderes afirmam sobre a sua organização o mesmo que a liderança católica afirma sobre a dela: “Fora da Igreja não existe salvação.”[1] E, conforme vimos acima, quando a política da excomunhão foi introduzida oficialmente entre as Testemunhas de Jeová em 1952, a afirmação que se fez foi esta: “... Deus pôs para fora de sua congregação aqueles que se opunham a ele e que eram corruptos. Ele os desassociou. Ele livrou-se deles, e nos aconselha a fazer o mesmo com essas pessoas.” A excomunhão foi, portanto, apresentada como algo a ser feito conforme o exemplo supostamente dado por Deus – exatamente o mesmo que as autoridades católicas afirmavam sobre seus procedimentos inquisitoriais. Sabe-se também que o ensino oficial da Torre de Vigia é que qualquer pessoa que morrer na condição de desassociado, ou for destruído na “Batalha do Armagedom” nesta condição, terá a morte eterna.[2] Quanto a quem está encarregado da “execução” dessas pessoas, incluindo todos aqueles que são classificados como “apóstatas” e expulsos pelos tribunais judicativos da Torre de Vigia, a revista A Sentinela de 1º de outubro de 1993 explica na página 19: “Sobre estes, o salmista disse: “Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra ti? Odeio-os com ódio consumado.Tornaram-se para mim verdadeiros inimigos.” (Salmo 139:21, 22) Foi por odiarem intensamente a Jeová que Davi os encarava com repugnância. Os apóstatas estão incluídos entre os que mostram seu ódio por Jeová por se revoltarem contra ele. A apostasia é, na realidade, uma rebelião contra Jeová. Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais apóstatas; não são curiosos a respeito das idéias dos apóstatas. Ao contrário, ‘sentem aversão’ para com os que se fazem inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança.” Assim, embora os líderes da Torre de Vigia não tenham hoje a autorização para torturar fisicamente e fazer uso do poder civil para exterminar seus dissidentes, o pronunciamento acima deixa bem claro quais são os sentimentos que eles têm para com essas pessoas, os sentimentos que eles desejam que seus seguidores tenham[3] e os sentimentos que eles afirmam que o próprio Deus tem. Enquanto os juízes do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) procuravam ‘salvar as pessoas das chamas eternas por meio do fogo temporal’, os procedimentos de excomunhão da Torre de Vigia decretam realmente a morte eterna de suas vítimas. E embora não possam hoje apelar ao poder civil para matar os excomungados por eles, demonstram estar ansiosos para que o próprio Deus “execute a vingança”. Resumo Conforme foi amplamente demonstrado, a política da excomunhão, que antes era criticada em outras igrejas, notadamente a Igreja Católica, como algo “pagão” e “antibíblico”, foi adotada há várias décadas pela liderança das Testemunhas de Jeová. O quadro-resumo que segue apresenta uma comparação de todas as alegações relacionadas com esta política que foram abordadas neste artigo: Artigo original: www.mentesbereanas.info/abuso_desassociacao_jw/ Leia também: Será que a forma como as Testemunhas de Jeová tratam os desassociados é bíblica? https://www.desperta.net/reflexotildees/desassociacao-sera-que-as-testemunhas-de-jeova-a-praticam-de-acordo-com-a-biblia
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