Se você é uma Testemunha de Jeová dedicada e batizada é provável que este artigo a vá chocar e surpreender. Afinal desde que é estudante da Bíblia que lhe foi transmitido que um cristão não pode ter nada a ver com a "Babilónia, a Grande", identificada pela organização das Testemunhas de Jeová como sendo o "império mundial da religião falsa" e um dos principais instrumentos de Satanás em desviar as pessoas de conhecerem o Deus verdadeiro. Provavelmente no seu caso, até teve que evitar aceitar trabalhos remunerados em entidades religiosas, tais como igrejas ou outros edifícios religiosos devido à posição negativa da Torre de Vigia com respeito a isso. Sabe que se o fizesse e fosse conhecido na congregação, até poderia ser expulso da religião, com todas as nefastas implicações que isso teria na sua vida social e familiar. É também natural que tenha lido nas publicações da organização Torre de Vigia, artigos que focavam esse assunto e até mesmo elogiando irmãos que recusaram qualquer relação comercial com uma entidade religiosa da cristandade. Talvez tenha lido entre outras, estas experiências: "Depois que o irmão Scipio partiu, este rapaz tomou posição firme a favor da verdade. Quando seu patrão lhe pedia que pintasse prédios militares ou igrejas, ele se recusava. Até o principal capataz, com todos seus argumentos, não conseguiu convencê-lo a mudar de idéia." – Anuário 1977, pág. 231 "A Bíblia, falando sobre Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa, diz: “Saí dela, povo meu, se não quiserdes compartilhar com ela nos seus pecados e se não quiserdes receber parte das suas pragas.” (Rev. 18:4) Manter a integridade envolve também acatar este conselho. Num país da África Ocidental, um homem estudava a Bíblia com as testemunhas de Jeová, e em poucos meses expressou o desejo de participar no ministério de campo. Salientou-se-lhe que ele estava muito associado com uma parte de Babilônia, a Grande, e que primeiro teria de fazer ajustes no seu trabalho secular. Devido a um impedimento físico, ele achou muito difícil encontrar um trabalho alternativo adequado. Sabendo que Jeová abençoa aquele que faz o que é direito, mudou-se quase seiscentos e cinqüenta quilômetros para tomar um novo emprego. Imagine o seu prazer quando descobriu que no mesmo escritório tinha uma das testemunhas de Jeová. Empreendeu imediatamente o ministério de campo, inscreveu-se na Escola do Ministério Teocrático e tomou providências para ser batizado em símbolo de sua dedicação a Jeová." – Sentinela 72 1/3 pp. 149-150 par. 12 Lendo tais experiências, é incutido na mente das Testemunhas de Jeová que qualquer relação comercial com entidades religiosas e que vise beneficiá-las enquanto religião é algo a ser evitado de modo a agradar a Jeová. A Torre de Vigia é perita em usar exemplos destes quando deseja que as Testemunhas de Jeová sigam certo proceder que ela ache adequado, embora não o proíba de forma explícita. A Bíblia é usada como a baliza que define aquilo que um "cristão verdadeiro" pode ou não fazer e certos textos são interpretados, de modo a excluir aquilo que a Torre de Vigia considera associação imprópria para um cristão. Como é óbvio, a Torre de Vigia enquanto organização religiosa, tem toda a liberdade de impôr suas normas e orientações para os seus membros. A única coisa que se espera dela é que seja coerente e que ela mesma aplique as mesmas regras que exige dos outros e que impõe ao ponto de os expulsar, caso violem tais regras. Não é pedir muito, pois não? É o mesmo que exigir que um político que governa um país e que cria leis rígidas para os cidadãos, cumpra ele mesmo tais regras. Afinal, a lei tem de ser aplicada por todos de modo a que seja justa e equitativa. Caso ele não cumpra tais leis, espera-se que ele deixe o cargo e seja julgado pelas entidades competentes. É claro que numa seita de alto controle, não existem organismos isentos que fiscalizem a aplicação das regras e leis impostas aos membros pelos líderes máximos da cúpula. Eles jamais são fiscalizados ou chamados à atenção, porque existe uma forte hierarquização e controle absoluto. Ai de quem o faça! O que as publicações falam sobre o envolvimento com a chamada "religião falsa"? Vejamos um artigo interessante publicado pela Torre de Vigia, que contém elementos importantes para entendermos a hipocrisia dela nesta questão. A Sentinela de 15 de Abril de 1999, nas páginas 28-30 tem uma secção de Perguntas dos Leitores, com o tema "Algumas Testemunhas de Jeová oferece-se trabalho ligado a prédios ou propriedades religiosos. Qual é o conceito bíblico sobre tal trabalho?". Entre outras coisas faz algumas declarações com respeito a aceitar relações comerciais com entidades religiosas: "Alguém estaria participando nas obras e nos pecados de Babilônia, a Grande, se ele fosse empregado regular duma religião que ensina a adoração falsa. Quer o empregado fosse jardineiro, quer zelador, consertador ou contador, seu trabalho serviria para promover a adoração que está em conflito com a religião verdadeira." É verdade que esta citação foca-se especificamente na relação comercial, através de um contrato de trabalho ou prestação de serviços com uma entidade religiosa. Mas podemos afirmar que o princípio mencionado pela Torre de Vigia, de que alguém que tivesse uma relação comercial com uma entidade religiosa estaria de facto a "promover a adoração que está em conflito com a religião verdadeira", aplica-se também à venda de imóveis que estão na posse da Torre de Vigia e que são vendidos a outras entidades religiosas, parte da chamada "Babilónia, a Grande"! Afinal quem controla tais vendas? É a própria Torre de Vigia, através de comissões criadas especificamente para isso e em algumas partes do mundo, como nos EUA, ela própria tem empresas imobiliárias para vender o seu património. Veja aqui o site oficial. Aqui entra outro princípio que ela mesmo estabelece para as Testemunhas de Jeová. Ora veja o que diz o mesmo artigo: "Até que ponto tem a pessoa autoridade sobre o que é feito? Um cristão, dono duma loja, dificilmente concordaria em encomendar e vender ídolos, amuletos espíritas, cigarros ou chouriços de sangue. Sendo o dono, exerce controle sobre isso." (negrito acrescentado) "Lembre-se do aspecto da autoridade. É o cristão o dono ou o gerente que pode decidir fazer tal trabalho numa igreja? Desejaria o cristão com tal autoridade participar com Babilônia, a Grande, por fazer licitação ou obter um contrato para um trabalho que ajudaria uma religião a promover a adoração falsa? Não seria isso comparável a decidir vender cigarros ou ídolos na sua própria loja? — 2 Coríntios 6:14-16." Qual é o princípio aqui apresentado pela Torre de Vigia? É o princípio de autoridade. Existe uma diferença, segundo a Torre de Vigia, entre o patrão que escolhe os produtos que vende ou os serviços que presta e o empregado que simplesmente está ali para cumprir o seu contrato de trabalho, que pode implicar ou não na venda e prestação de serviços, que à partida possam violar princípios bíblicos. Temos assim 2 princípios apresentados neste artigo da Sentinela, a que todas as Testemunhas de Jeová individuais têm que ter em atenção: O princípio de não promover a adoração que está em conflito com a religião verdadeira; - O princípio de autoridade que distingue entre ter o poder de decidir realizar uma prestação de serviços a uma entidade religiosa e aquele que sendo mero trabalhador não a tem. No manual dos anciãos conhecido pela sigla KS, no capítulo 5 e debaixo do título "Como determinar a formação de uma comissão judicativa" a organização diz sem rodeios: Por aqui vemos como a Torre de Vigia encara aqueles que por trabalharem ou estabelecerem relações comerciais com a "religião falsa" são punidos severamente. Aos seus olhos eles se tornam, quer promotores dela, quer seus cúmplices! Embora o foco deste artigo seja a venda de imóveis que são propriedade da Torre de Vigia a outros grupos religiosos, podemos afirmar que estes 2 princípios certamente se aplicam a este caso, pois a Torre de Vigia tem o poder e a autoridade para vender ou não os imóveis a grupos religiosos que considera irem promover ensinos que vão contra a Bíblia Sagrada ou religião verdadeira. Seria de esperar que uma organização religiosa que cria orientações tão restritivas para os seus membros, até mesmo colocando em causa a sua sustentação económica, se guiasse pelos mesmos princípios. É isso que ela faz? Não! E vamos passar a provar isso de seguida. Torre de Vigia vende seus imóveis a grupos religiosos em todo o mundo Vamos agora ver alguns exemplos conhecidos de vários imóveis vendidos pela Torre de Vigia a outros grupos religiosos. Gostariamos de relembrar que não existe nada de errado em si mesmo na venda de imóveis de uma entidade religiosa para outra entidade religiosa. Isso é prática comum no mundo atual e globalizado. A questão prende-se exclusivamente nas regras e princípios que a Torre de Vigia cria para seus adeptos, quando ela mesma não os cumpre. Imagine a seguinte situação hipotética e apresentada segundo o pensamento de uma Testemunha de Jeová: O irmão Joaquim tem um terreno bem localizado que pretende vender por um bom preço. Certo dia um representante de um grupo religioso vai ter com o irmão Joaquim e diz-lhe que estão dispostos a pagar o valor para poder construir ali a sua igreja evangélica. Como acha que o irmão Joaquim vai reagir a esta proposta? Irá aceitá-la prontamente? Ou irá ter receio que a congregação se volte contra ele por vender o terreno a uma igreja evangélica, que usará o terreno para construir seu templo e propagar "mentiras satânicas" sobre Deus e Seu Filho, ensinando doutrinas falsas. Como reagirão os irmãos ao saberem que ele vendeu o seu terreno nestas circunstâncias? Como irão lidar os anciãos com este irmão? Poderá ser repreendido, tirarem-lhe os privilégios ou até mesmo ser desassociado por ter tido relações comerciais com a "Babilónia, a Grande"? Colocadas as coisas neste prisma, poderemos facilmente perceber como uma Testemunha de Jeová individual se iria sentir nestas circunstâncias. Ela simplesmente teria medo de cometer tal "pecado" que poderia resultar na sua desassociação. Eu conheço o caso de uma Testemunha de Jeová que foi desassociada simplesmente porque permitiu que um trabalho para uma organização religiosa, fosse executado pela sua empresa. Se um trabalho de pouco dinheiro pode resultar numa situação complicada, imagine algo que resultará no retorno de uma quantia avultada. Certamente que a pessoa será acusada de gananciosa por não ter esperado vender para alguém que não tivesse nada a ver com "religião falsa". Vejamos então alguns exemplos e conforme veremos em alguns casos, a venda a entidades religiosas é prática frequente, até mesmo desejável por parte da Torre de Vigia! Note a venda do Salão de Assembleias de Barcelona, que foi vendido pela Torre de Vigia à Igreja de Cristo em 2012. Neste artigo tem a menção de tal venda. Veja como está atualmente: Vejamos agora o exemplo do Betel da Nova Zelândia que foi vendido à Igreja Elim: Neste artigo encontra-se a menção sobre esta transação milionária. É interessante que a certa altura e citando o Pastor responsável pela Igreja Elim lê-se: "Havia alguns grupos interessados nisto. Fomos favorecidos pelas Testemunhas de Jeová. Eles queriam dá-lo a uma organização religiosa. Eles puseram tanto amor e cuidado neste lugar. Queremos manter essa propriedade. Queremos honrá-los porque eles foram fenomenais." (destaque a negrito acrescentado) Tais palavras de elogio acabaram por revelar algo desconcertante para qualquer Testemunha de Jeová que tenha a mínima capacidade crítica: A Torre de Vigia teve a possibilidade de vender o espaço a grupos não-religiosos, mas por opção e preferência quiseram vendê-lo a uma igreja evangélica. Ou seja, um espaço que havia sido supostamente dedicado a Jeová e à "adoração pura" era agora entregue a uma igreja evangélica que, segundo a Torre de Vigia, é apenas um instrumento satânico para desviar as pessoas das verdades bíblicas! Imagine que tenha sido você, caro leitor e Testemunha de Jeová a fazer isto. Como acha que a congregação e os anciãos iriam encará-lo? Acha que ficaria impune? Não se esqueça dos 2 princípios apresentados atrás. É importante mencionar que estes são apenas 2 exemplos! Existem muitos mais que poderíamos usar para provar o ponto. Vejamos agora um caso atual. Por todo o Brasil, vários Salões do Reino e propriedades da Torre de Vigia estão à venda. Levantamos algumas questões:
Foi exatamente isso que quis saber uma ex-Testemunha de Jeová, de nome Cauã. Após ter sido avisado de que havia Salões do Reino à venda na sua região, decidiu passar por um possível comprador e entrou em contato com a pessoa que estava a tratar da gestão de tais imóveis. Os printscreens que colocamos a seguir foram-nos cedidos por ele, protegendo a identidade da pessoa com quem falou. Leiam com atenção o diálogo. É interessante como o vendedor Testemunha de Jeová fez questão de manifestar completa disponibilidade para a venda do "templo" a uma entidade religiosa que, segundo a Torre de Vigia, pratica rituais espíritas e faz parte da "religião falsa". Demonstrou também como a preferência de venda é para templo religioso, visto que toda a documentação e alvará já prevê o seu uso para fins religiosos. Bem se pode dizer que o dinheiro não tem religião! Mas a conversa não ficou por aqui. Apenas alguns dias depois, outra pessoa encarregada de arranjar comprador para os imóveis, ligou para o nosso amigo Cauã, procurando saber mais informações do seu possível interesse nos imóveis. A conversa entre os dois ficou gravada para servir de prova de tudo o que estamos aqui falando. Ouçam o diálogo e percebam como quando se trata de vender imóveis da Torre, não existe qualquer pudor e preconceito religioso… desde que seja nos interesses do Corpo Governante e suas congêneres espalhadas pelo planeta. Conforme se pode deduzir desta conversa, entre um ancião das Testemunhas de Jeová e responsável pela venda de imóveis da Torre de Vigia e um possível comprador que deseja transformar um Salão do Reino num terreiro de candomblé, a venda não apenas é possível como é incentivada. Conforme já foi dito, não existe preconceito religioso quando se trata de realizar dinheiro para a organização Torre de Vigia! São este tipo de situações que levam pessoas sinceras a discernir como esta religião, mascarada de "religião verdadeira" é na verdade HIPÓCRITA! Para além de exigir aos outros o que ela mesma não pratica, ainda ajuda na promoção da chamada "religião falsa". Um local que havia sido supostamente dedicado a Jeová ser entregue de forma tão fácil e tão ansiosa a entidades religiosas que promovem práticas consideradas erradas e flagrantemente violadoras das leis bíblicas (segundo a interpretação da Torre de Vigia), deve levar qualquer pessoa a ponderar se ela é realmente aquilo que aparente ser. Apenas alguém que 'deitou fora' a sua capacidade crítica, pode anuir e desculpar a sua organização religiosa de tal ato. Não pode e não deve porque é esta mesma organização religiosa que EXIGE e PUNE sem dó nem piedade quem não cumpre as suas orientações. Mais uma vez a Torre de Vigia revela que quando lhe interessa, quando serve os seus propósitos TUDO É PERMITIDO, mesmo a violação de seus princípios mais elementares. Foi isso que aconteceu no caso da sua associação com a ONU, em segredo e durante 10 anos. Leia tudo aqui. Foi isso que aconteceu no México com a "cartilla", onde as TJ poderiam subornar militares para ficarem eximidos de prestar serviço militar e onde a Torre de Vigia esteve registada como Sociedade Cultural e não religiosa durante 50 anos, de modo a que o Estado não ficasse com os seus bens. Nem mesmo orações e cânticos eram proferidos nas reuniões para manter uma aparência não-religiosa! Leia tudo aqui. É por estes e por muitos outros factos, que muitas pessoas já despertaram para a realidade: a Torre de Vigia não é aquilo que afirma ser e a sua aparência apenas esconde toda a espécie de sujidade e maldade (Mateus 23:27). Espero que você ainda vá a tempo de despertar e viver a vida, não de acordo com os ditames dos fariseus modernos, sentados nas suas cadeiras de juízes, mas de acordo com a sua consciência e à luz da Palavra de Deus. Apenas dela! António Madaleno
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